Solução EBA baseada em gênero e na comunidade

A abordagem de gênero de Monte Serrat reconhece as mulheres como vítimas, mas também como parte da solução. As mudanças climáticas afetam de forma diferente os grupos que são social, ambiental e economicamente vulneráveis, sejam eles mulheres, povos indígenas ou comunidades. Por outro lado, as respostas decisórias das mulheres aos riscos climáticos podem ser mais rápidas e eficientes.

É essencial pensar em soluções que respeitem o direito à não discriminação desses grupos. Orientada por recomendações internacionais, a integração de gênero favorece a participação e o envolvimento equitativo de todas as pessoas que vivem em Monte Serrat. Além disso, a ideia era promover a representatividade da equipe técnica responsável pela implementação das medidas de EBA.

A equidade de gênero foi reforçada em todas as etapas e resultou em maior participação de mulheres, inclusive grávidas, lactantes e mulheres com recém-nascidos e bebês, sem o constrangimento de trazer crianças para o espaço da oficina. Elas foram acolhidas e receberam atenção especial com o apoio da Secretaria de Assistência Social do município.

Isso possibilitou que as mulheres se sentissem à vontade para contribuir com a construção de soluções EBA que as beneficiassem diretamente, dando sugestões de uma área de lazer para seus filhos com árvores frutíferas que poderiam ser utilizadas na culinária.

A dinâmica Avante/Personare ajudou a conscientizar a equipe municipal sobre gênero e vulnerabilidade climática. Com base na empatia, as atividades contaram com personagens fictícios e casos para trabalhar o reconhecimento, especialmente em uma emergência climática, de privilégios de classe, raça e gênero junto à comunidade e à equipe técnica. As experiências provocaram reflexões e desconforto sobre relações desiguais que não estavam presentes anteriormente entre as pessoas treinadas.

As sugestões para incluir mais mulheres nas próximas etapas do processo participativo incluem a realização de workshops para educação socioambiental, com foco no impacto das mudanças climáticas sobre os grupos vulneráveis. A implementação deve se basear em ações transparentes dos órgãos locais envolvidos para sempre incluir as mulheres e se comunicar com elas da mesma forma que com os homens.

É importante se preocupar com a linguagem usada para convidar as mulheres para os workshops. Ela deve criar um ambiente acolhedor e de confiança para que as mulheres se sintam à vontade para falar sobre suas percepções, ideias e necessidades. Muitas mulheres deixaram de participar dos workshops, especialmente nos finais de semana, quando não tinham com quem deixar seus filhos. Depois que o problema foi identificado, uma solução criativa para acomodar as crianças foi implementada com sucesso. O compromisso das partes foi fundamental para reforçar constantemente a aplicação da perspectiva de gênero nas soluções ambientais. A eficácia da implementação depende da abordagem conjunta entre gênero, vulnerabilidade socioeconômica, mudança climática e restauração ambiental.