Reflorestamento de zonas ribeirinhas para adaptação de áreas agrícolas a inundações

Solução completa
Reflorestamento ribeirinho
Pronatura México, A.C

Armería Colima, México, é um município altamente vulnerável às mudanças climáticas devido ao fato de que

  • eventos climáticos como tempestades e furacões, cada vez mais frequentes e intensos, têm grande poder destrutivo no território municipal.
  • as formas de uso e ocupação das zonas ribeirinhas têm contribuído para a perda dos serviços ambientais que essas zonas proporcionam, aumentando a vulnerabilidade do município a inundações.
  • os danos à infraestrutura e às estradas dificultam a comunicação e o apoio às localidades afetadas pelas enchentes.
  • altos níveis de atraso social,
  • a restauração ecológica, os esquemas de conservação e os mecanismos de pagamento por serviços ambientais são instrumentos existentes no estado, mas não foram estabelecidos como auxílios para a adaptação municipal às mudanças climáticas.
Última atualização: 01 Feb 2023
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Contexto
Desafios enfrentados
Chuvas irregulares
Enchentes
Degradação de terras e florestas
Perda de biodiversidade
Ciclones tropicais / tufões
Usos conflitantes / impactos cumulativos
Perda de ecossistema
Falta de acesso a financiamento de longo prazo
Falta de oportunidades alternativas de renda
Falta de capacidade técnica
Falta de conscientização do público e dos tomadores de decisão
Monitoramento e aplicação deficientes
Governança e participação deficientes
Desemprego / pobreza

Desafios ambientais:

  • Recuperação de solos erodidos, biodiversidade ribeirinha e serviços ecossistêmicos.

Desafios sociais.

  • falta de sistemas comunitários de alerta precoce
  • usos conflitantes da zona ribeirinha
  • assentamentos irregulares.

Envolvimento público e governança

  • Regulamentação do uso da terra,
  • Novas parcerias e redes de apoio
Escala de implementação
Local
Subnacional
Ecossistemas
Terra cultivada
Floresta tropical decídua
Rio, córrego
Tema
Acesso e compartilhamento de benefícios
Integração da biodiversidade
Fragmentação e degradação do habitat
Adaptação
Redução do risco de desastres
Conectividade/conservação transfronteiriça
Serviços de ecossistema
Prevenção de erosão
Restauração
Integração de gênero
Estruturas jurídicas e políticas
Governança de áreas protegidas e conservadas
Saúde e bem-estar humano
Meios de subsistência sustentáveis
Atores locais
Conhecimento tradicional
Gerenciamento de terras
Gerenciamento de bacias hidrográficas
Divulgação e comunicações
Agricultura
Localização
Armería, Colima, México
América do Norte
Processar
Resumo do processo

Os 5 Building Blocks (BB) apresentados nesta solução referem-se aos eixos que facilitam a articulação das agendas globais e nacionais a partir do nível local, dentro da estrutura de um Programa Municipal de Adaptação às Mudanças Climáticas, um instrumento de planejamento municipal que promove a inclusão de medidas de adaptação baseadas em ecossistemas, com foco em meios de subsistência sustentáveis.

Blocos de construção
Fortalecimento institucional e governança de ativos naturais

O objetivo desse bloco era criar um ambiente propício para a defesa em favor da adaptação dos sistemas naturais e sociais municipais que são vulneráveis aos impactos climáticos atuais e futuros. Para isso, foram trabalhados dois componentes:

Condições favoráveis

  • Workshops para integrar os valores da biodiversidade às estratégias de adaptação às mudanças climáticas e aos processos de planejamento do desenvolvimento municipal e para reduzir as condições socioeconômicas e ambientais que agravam os impactos climáticos.
  • Estabelecimento de acordos e sinergias entre ejido, autoridades municipais, estaduais e federais, bem como centros de educação e pesquisa para apoiar a integração da adaptação baseada em ecossistemas no planejamento do desenvolvimento municipal e melhorar a governança dos ativos naturais.

Mecanismos de coordenação

Consolidação de redes horizontais e verticais por meio de consultas e grupos de trabalho que facilitaram o desenvolvimento do processo de adaptação:

  • O Grupo de Trabalho de Especialistas.
  • Conselho Municipal de Adaptação
  • Grupo de trabalho comunitário
  • Comunidades de Aprendizagem Camponesa
Fatores facilitadores

Esse componente é fundamental porque fornece suporte legal, técnico e programático à solução, o que permite que ela seja incorporada ao planejamento municipal, para abordar uma área que não foi trabalhada no município de Armería: o desenvolvimento de planos de ação climática, o que possibilitou assumir responsabilidades municipais em relação às mudanças climáticas.

Lição aprendida

A criação de um ambiente propício para a implementação de medidas de adaptação às mudanças climáticas requer vários componentes:

  • usar o conhecimento científico para realizar análises de vulnerabilidade da agricultura às inundações, pressões diretas sobre os ecossistemas ribeirinhos e fornecer consultoria para o desenvolvimento de salvaguardas ambientais, sociais e de gênero
  • visar metas de desenvolvimento municipal que possam ser afetadas por inundações, integrando objetivos e critérios de adaptação ao planejamento e ao orçamento municipal para fornecer os insumos necessários para a implementação da solução
  • Considerar o ejido e os líderes comunitários como atores-chave na mediação entre as autoridades municipais e os coletivos de agricultores que contribuem para a implementação da solução.
  • A inclusão do componente de monitoramento do cidadão permite a sustentabilidade da medida e o envolvimento empático e proativo das comunidades envolvidas.
Capacitação para a mobilização e o empoderamento de grupos vulneráveis

Esse bloco tem como objetivo gerar ferramentas para compreender e avaliar os impactos e as oportunidades que a biodiversidade e a adaptação às mudanças climáticas baseada em ecossistemas oferecem diante das condições de mudanças climáticas. Para isso, foram desenvolvidos três tipos de processos de treinamento:

Avaliação dos serviços ecossistêmicos

  • Conscientização sobre o papel dos serviços ecossistêmicos ribeirinhos na redução da vulnerabilidade dos meios de subsistência às enchentes

Aumento da resiliência climática dos meios de subsistência,

  • Workshops para a elaboração de cadeias de impacto (análise comunitária da vulnerabilidade de seus meios de subsistência)
  • Workshops para definir e priorizar ações de adaptação às mudanças climáticas
  • Reuniões de trabalho para a análise e o desenvolvimento da estratégia de implementação.

Ações no território

  • Treinamento e formação do Esquadrão AbE (grupo de mulheres e homens encarregados da coleta de sementes, localização de locais a serem reflorestados e planejamento de atividades para esse fim).
Fatores facilitadores
  • A abordagem dos meios de subsistência possibilitou o reconhecimento dos aspectos sociais, econômicos e culturais que afetam a vulnerabilidade às mudanças climáticas.
  • A avaliação comunitária dos serviços ecossistêmicos possibilitou a identificação de sua relevância na redução da vulnerabilidade dos meios de subsistência, tornando a medida sustentável.
  • A participação dos Comitês Municipais e Ejido permitiu o fortalecimento de redes de trabalho e colaboração horizontais e verticais.
Lição aprendida

A recuperação do conhecimento, das práticas e das inovações locais voltadas para o gerenciamento de zonas agrícolas e ribeirinhas diante de inundações (obtidas por meio de pesquisas e análise das percepções da comunidade) é uma base fundamental para o projeto, a implementação e o monitoramento da solução proposta.

Uma solução baseada na natureza não negligencia as principais e mais sentidas questões da população e dos meios de subsistência municipais, com uma abordagem participativa e de gênero.

O processo de projeto e implementação também foi altamente participativo. Foram criadas oportunidades de participação para homens e mulheres do Ejido por meio de um processo de capacitação que integra a experiência da comunidade, o conhecimento tecnológico e novas perspectivas sobre o território.

Adaptação baseada em ecossistemas (EbA), com uma abordagem de meios de subsistência sustentáveis

O bloco mostra as ações que foram seguidas para estabelecer a relação entre os meios de subsistência e os ecossistemas, com ênfase nos benefícios que eles proporcionam: serviços e funções que são a parte mais importante do capital natural de nossas comunidades.

Capacitação em Adaptação Baseada em Ecossistemas (EbA)

  • A abordagem EbA orientou a análise da vulnerabilidade dos meios de subsistência, a escolha de medidas para usar a biodiversidade e os serviços dos ecossistemas, mostrando como eles ajudam as pessoas e seus meios de subsistência a se adaptarem aos efeitos adversos das mudanças climáticas e os indicadores para monitorar a solução.

Ações no território

  • Estabelecimento de 2 viveiros comunitários com uma produção de 9.226 plantas nativas com as quais 67,5 ha. de zonas ribeirinhas são reflorestadas.
  • Participação nos benefícios derivados da restauração das zonas ciliares.
  • O reflorestamento comunitário em zonas ribeirinhas contribui para a saúde, os meios de subsistência e o bem-estar das comunidades locais, levando em conta as necessidades das mulheres e dos pobres e vulneráveis.
Fatores facilitadores

Aprendizado reforçado de que a vulnerabilidade dos meios de subsistência e a fragilidade e degradação dos ecossistemas locais e os serviços e funções que eles fornecem estão fortemente correlacionados, facilitando a compreensão da importância de interromper a perda de biodiversidade e reduzir significativamente sua degradação e fragmentação e garantir que esses ecossistemas continuem a fornecer serviços essenciais para contribuir com o bem-estar das comunidades agrícolas do município.

Lição aprendida
  • Lembre-se de que estamos trabalhando com sistemas socioecológicos, ou seja, pessoas e meios de subsistência vinculados a bens e serviços necessários à manutenção da vida.
  • A valorização dos serviços ecossistêmicos como uma ferramenta de adaptação ajuda a reconhecer a contribuição dos ecossistemas para o bem-estar humano e a entender como eles contribuem para reduzir as consequências dos impactos da mudança climática.
  • Embora a solução EBA favoreça as comunidades, é necessário estabelecê-la como parte de uma estratégia de adaptação mais ampla que leve em conta que existem condições sociais, econômicas e institucionais que exercem pressão sobre os sistemas socioecológicos municipais e que, portanto, precisam ser modificadas para que tenham um impacto real na redução da vulnerabilidade.
Monitoramento do cidadão

O exercício de monitoramento cidadão da SbN é uma ferramenta útil na análise de melhores alternativas de solução para as comunidades locais, mas também para promover a boa governança e a transparência, pois permite que os cidadãos conheçam os problemas e os desafios das ações de adaptação baseadas em ecossistemas e proponham alternativas complementares para melhorar a organização social, diversificar as atividades econômicas, novas práticas de governança, entre outras:

  • compreender os problemas e os desafios das ações de adaptação baseadas em ecossistemas e propor alternativas complementares para a melhoria da organização social, diversificação das atividades econômicas, novas práticas de governança, entre outras.
  • Criar expectativas realistas sobre a ação coletiva e entender melhor seu papel como contribuintes para o bem-estar local.
  • Reconhecer a relação entre a adaptação às mudanças climáticas e o desenvolvimento local que responde às necessidades, demandas e realidades dos grupos vulneráveis.
Fatores facilitadores

-As Comunidades de Aprendizagem Camponesa são grupos de agricultores organizados por setores agrícolas, cujos líderes são responsáveis por coordenar a coleta de informações sobre a implementação da medida e o monitoramento de seus resultados.

Lição aprendida

O monitoramento da solução pelo cidadão deve ser orientado para o reconhecimento:

  • Mudanças na configuração institucional do processo de adaptação.
  • Mudanças nas condições de vulnerabilidade dos meios de subsistência agrícolas (biofísicas, sociais e econômicas).
  • Mudanças nas condições de resiliência dos meios de subsistência (recuperação em menos tempo, redução de perdas e danos, maior conhecimento dos fatores que exacerbam os impactos das enchentes, sistematização da experiência, inovação e gerenciamento adaptativo).

Para obter resultados favoráveis, os líderes dos agricultores devem ser treinados para

  • Obter informações locais de qualidade
  • Selecionar cuidadosamente os dados de acordo com cada componente de monitoramento.
  • validar minuciosamente as informações com o apoio de técnicos de campo
  • estruturar as informações com base na Plataforma Datlas
Gestão do conhecimento e adaptação às mudanças climáticas

Esse bloco refere-se ao conjunto de atividades e processos que fortalecem a troca de informações e experiências relacionadas ao projeto, à implementação e ao monitoramento da solução. Isso permite a criação de uma base de conhecimento compartilhada com potencial para facilitar o processo de adaptação e acelerar a inovação e a mudança/ajuste esperados.

As principais atividades são:

  • Formação e treinamento de comissões para recuperar as narrativas locais que entrelaçam atores, percepções, experiências, conhecimentos e mudanças que são desencadeadas ao longo do processo de adaptação,
  • Sistematização da solução para identificar lições aprendidas e confirmar os resultados do processo.
  • Elaboração e disseminação de materiais com grande poder comunicativo que mostrem o território, as ações realizadas e os principais protagonistas do processo de adaptação.
Fatores facilitadores
  1. Entender que os beneficiários são os principais atores nos processos de adaptação às mudanças climáticas.
  2. Identificar e ouvir as narrativas da comunidade permite que a resiliência de seus meios de subsistência seja reconhecida.
  3. A vulnerabilidade às inundações é diferenciada para homens e mulheres, bem como as estratégias e capacidades que eles utilizam para lidar com isso.
  4. Os materiais de comunicação devem considerar as necessidades e as capacidades de diferentes grupos e aumentar sua participação e capacitação.
Lição aprendida
  1. A adaptação às mudanças climáticas também é um processo de inovação e, como tal, é um caminho e não um destino. Sua razão de ser é tornar visíveis as condições que aumentam a vulnerabilidade de um sistema de interesse e oferecer soluções que gerem um impacto positivo na qualidade de vida das pessoas e dos ecossistemas que as sustentam.
  2. Por esse motivo, a gestão do conhecimento desempenha um papel importante, pois gera um ciclo virtuoso de aprendizado e melhorias nos processos de gestão adaptativa e redução de riscos de desastres; daí a importância de promover uma reflexão permanente sobre a realidade e um fluxo de conhecimento mais dinâmico e vivo entre os beneficiários, as equipes técnicas e o projeto em geral, o que permite a criação de soluções mais robustas.
Impactos

Para reduzir os impactos climáticos sobre a população e os meios de subsistência, é proposta uma solução baseada na natureza (NBS) que busca contribuir para a adaptação das comunidades agrícolas instaladas em áreas ribeirinhas, com base em um processo participativo e inclusivo que permitirá a formulação de políticas e ações para a adaptação local às enchentes.

Beneficiários

Produtores agrícolas afetados pelas enchentes

  • 200 famílias, das quais 25% são chefiadas por mulheres, todas elas ligadas a atividades agrícolas.
  • 9 localidades e 13 pequenos vilarejos no município de Armería.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
ODS 2 - Fome zero
SDG 5 - Igualdade de gênero
ODS 11 - Cidades e comunidades sustentáveis
ODS 13 - Ação climática
ODS 15 - Vida na terra
ODS 17 - Parcerias para os objetivos
História
Pronatura México, A.C.
AbE_Squadron_Life Enhancers
Pronatura México, A.C

Reflorestamento da vida.

Considerando que as lacunas de desigualdade no acesso aos meios de produção, financiamento, treinamento e tomada de decisões são desafios a serem considerados ao trabalhar em projetos de adaptação às mudanças climáticas. A solução incluiu esses desafios ao incluir como beneficiárias mulheres chefes de família ligadas a atividades agrícolas, cujos campos são vulneráveis a inundações.

Essas mulheres, que formariam o Esquadrão AbE, se autodenominaram "Reflorestadoras de vida", reconhecendo que o reflorestamento ribeirinho ajuda a proteger as fontes de água, preservar a funcionalidade dos ecossistemas ribeirinhos e reduzir os impactos das mudanças climáticas. A participação e o conhecimento dessas pessoas na instalação de viveiros comunitários e na produção de plantas nativas não só favoreceriam a conectividade da floresta tropical de planície, mas também reduziriam as perdas totais causadas pelas enchentes e proporcionariam a elas um meio de vida alternativo para melhorar suas condições econômicas.

Mulheres no campo, organizadas, liderando equipes de trabalho, desenvolvendo novas habilidades para manusear ferramentas (motocultivadores, semeadeiras) e equipamentos tecnológicos (GPS, vídeos, projetores); identificando espécies florestais e coletando sementes para classificação e tratamento. Mulheres trabalhando para proteger os ecossistemas, pois sabem de sua importância para a sustentabilidade local, para a segurança de suas casas e de seus meios de subsistência.

Esse grande esforço foi reconhecido pelas comunidades, pelo ejido e pelas autoridades municipais. Seus colegas produtores destacam com orgulho que as mulheres de Armerita fazem um trabalho magnífico pela terra onde nasceram, porque são mulheres plenas, cheias de esperança e fé e com um alto senso de solidariedade que é um exemplo para todos.

A inclusão da abordagem de gênero nessa solução criou e induziu um novo espaço de relações e fatos que repercutem na visão de mundo de homens e mulheres, que valoriza o conhecimento e as necessidades das mulheres, reconceitua as formas de trabalho, os papéis sociais e sexuais, a cultura organizacional e as esferas culturais. Elementos fundamentais para uma melhor governança e qualidade de vida no território.

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