
As comunidades locais impulsionam a iniciativa de conservação de abutres na Área de Conservação Transfronteiriça Kavango-Zambezi: uma história de sucesso do Zimbábue, Botsuana e Zâmbia

A extensão de 520.000 km2 da Área de Conservação Transfronteiriça Kavango-Zambezi (KAZA TFCA) fica nas bacias dos rios Kavango e Zambeze, onde convergem Angola, Botsuana, Namíbia, Zâmbia e Zimbábue, abrangendo dezesseis Parques Nacionais. Nessas áreas, as comunidades locais estão entrando em conflito com espécies como elefantes e hipopótamos, o que resulta na morte dos animais por meio do uso de veneno, levando à morte de várias espécies necrófagas, como abutres, por envenenamento não intencional e internacional. Por meio de colaborações transfronteiriças, a solução se concentrou na melhoria da conservação dos abutres por meio da participação ativa das comunidades locais dentro e ao redor das três áreas protegidas da área da TFCA KAZA, ao mesmo tempo em que aumentou a conscientização e a capacitação para a conservação dos abutres, o que possibilitou a formação de grupos de apoio aos abutres, encarregados de defender a conservação dos abutres em suas respectivas áreas.
Contexto
Desafios enfrentados
O trabalho implementado teve como objetivo reduzir as mortes de abutres por envenenamento em três países africanos com "pontos críticos" de envenenamento, Zimbábue, Botsuana e Zâmbia, que fazem parte da TFCA KAZA. As comunidades locais estavam entrando em conflito com espécies como elefantes e hipopótamos, o que resultava na morte desses animais por uso de veneno, levando à morte de várias espécies necrófagas, como os abutres, que se alimentam dessas carcaças. Em toda a África, o envenenamento contribui para 64% da morte de abutres, e seis das 11 espécies na África estão ameaçadas de extinção.
Localização
Processar
Resumo do processo
O primeiro bloco de construção "Construindo relações com ações locais" permitiu que o implementador conquistasse a confiança das comunidades locais, permitindo que a comunidade discutisse informações confidenciais e trabalhasse em conjunto. O segundo bloco, "Capacitação dos atores locais", concentra-se no envolvimento dos membros da comunidade por meio do fornecimento de treinamento e suporte para habilidades como monitoramento, coleta de dados e resolução de conflitos. Além disso, o foco foi envolver as comunidades nos processos de tomada de decisão, oferecer oportunidades de participação em atividades de conservação e reconhecer as contribuições das comunidades locais para os esforços de conservação, criando, assim, apoio e propriedade para as iniciativas de conservação dos abutres. O terceiro bloco, "Parcerias entre os principais atores locais e colaborações multissetoriais", e o quarto bloco, "Comunicação eficaz", implicam em mecanismos coordenados eficazes entre as comunidades e as diversas partes interessadas, incluindo órgãos governamentais, organizações de conservação, cientistas e comunidades locais, garantindo que os incidentes de envenenamento de abutres sejam detectados e relatados rapidamente, ao mesmo tempo em que se comunica com todas as partes interessadas em diferentes níveis.
Blocos de construção
Criar relações e confiança com os atores locais
Às vezes, as questões de envenenamento são delicadas e as pessoas podem relutar em compartilhar informações muito necessárias. Para ganhar sua confiança, o implementador entrou em contato com a autoridade do governo local e assinou um Memorando de Entendimento que nos permite trabalhar na área. Outra reunião de engajamento foi realizada com a liderança local (chefes, chefes de família) para discutir nossa intenção na área como uma organização de conservação. Essas etapas aumentaram nossa transparência como uma organização honesta. Desenvolver essas relações sólidas e a confiança com as comunidades locais é essencial para garantir que elas compartilhem essas informações.
Fatores facilitadores
O tempo e a capacidade humana de fazer visitas repetidas para passar um tempo nas comunidades e construir relacionamentos de confiança duradouros ao longo do tempo foram fatores facilitadores.
Lição aprendida
São necessários investimentos de longo prazo com as comunidades, levando em conta que há diferentes questões culturais e sociais ocorrendo nas comunidades. A comunicação eficaz é essencial para construir a confiança das comunidades locais.
Capacitação de atores e partes interessadas locais
As comunidades e as partes interessadas locais que vivem nas proximidades das áreas protegidas não estavam cientes da importância dos abutres. A capacitação envolveu a conscientização das comunidades sobre o valor dos abutres, as ameaças que eles enfrentam e a necessidade de sua conservação. A repetição de reuniões formais presenciais, reuniões informais e o envolvimento da comunidade em cada etapa possibilitaram a obtenção dos resultados.
Fatores facilitadores
- Isso é alcançado por meio da realização contínua de reuniões e workshops de engajamento com as comunidades locais. Foi compartilhado material de comunicação que abordava os desafios e apresentava soluções. A confiança já construída e o uso do idioma local permitiram que a mensagem fosse recebida de forma positiva.
Lição aprendida
- O compartilhamento e a adoção do conhecimento para ver os resultados positivos levam tempo, mas a persistência é a chave para o reconhecimento da liderança e da autoridade locais. As comunidades são sempre receptivas a novas ideias somente se você as tiver capacitado o suficiente.
Parcerias entre os principais atores locais e colaborações multissetoriais e transfronteiriças
Os resultados alcançados dependeram muito da colaboração e das parcerias de cooperação entre várias partes interessadas, incluindo órgãos governamentais, organizações de conservação, cientistas e comunidades locais. A colaboração com os ministérios/departamentos do governo foi fundamental para sensibilizar as comunidades sobre as questões relacionadas ao conflito entre humanos e animais selvagens e sugeriu maneiras ambientalmente corretas de mitigar o conflito. Os cientistas estavam lá para coletar informações relacionadas ao envenenamento de animais selvagens e fornecer feedback aos ministérios do governo. As comunidades foram as principais partes interessadas, pois são as únicas guardiãs do meio ambiente.
Fatores facilitadores
A conexão dos implementadores com as comunidades locais se deu pelo fato de já estarmos trabalhando com as comunidades em outros projetos, o que permitiu que nossas relações fossem fortalecidas. Ao envolver as comunidades na tomada de decisões, eles conseguiram identificar algumas partes interessadas com as quais colaboramos para compartilhar habilidades, conhecimentos e experiências, o que resultou no sucesso do projeto. A colaboração transfronteiriça permitiu que os implementadores se concentrassem no combate ao envenenamento de abutres em três países separadamente, mas lutando pela mesma causa.
Lição aprendida
A parceria com outras organizações que tentam atingir o mesmo objetivo torna a implementação dos resultados do projeto muito mais fácil e rápida, sem a possibilidade de duplicar o trabalho no local. As ideias e as possíveis soluções para um problema podem ser compartilhadas livremente, resultando em uma abordagem holística dos problemas.
Comunicação eficaz
Um excelente plano/rede de comunicação com diferentes partes interessadas foi iniciado em diferentes níveis. Desde o início do projeto, a comunidade e outras partes interessadas foram constantemente capacitadas sobre o andamento do projeto. Foi realizada uma retransmissão de questões relevantes de conservação e política de abutres para as partes interessadas alvo dentro das comunidades e da KAZA TFCA.
Fatores facilitadores
Por meio de fortes relações estabelecidas, os implementadores do projeto eram flexíveis para se envolver com diferentes partes interessadas em diferentes níveis. Isso incluiria a organização de reuniões informais e o uso do idioma local para atingir diferentes públicos. A mídia social, a distribuição de material de comunicação e o poder das reuniões presenciais permitiram que o implementador atingisse os níveis de base.
Lição aprendida
Aproveite as vantagens das plataformas de mídia social e compartilhe sua história e jornada com o mundo inteiro.
As reuniões presenciais são uma ferramenta poderosa para a comunicação eficaz e permitem que os implementadores do projeto transmitam as questões relevantes de política e conservação de abutres para as partes interessadas alvo dentro da TFCA KAZA.
Impactos
- Melhoria da conservação do abutre por meio da participação ativa das comunidades locais dentro e ao redor das três áreas protegidas da TFCA KAZA - Estabelecimento de um Grupo de Voluntários da Vida Selvagem em Botsuana, Um Grupo de Apoio ao Abutre na Zâmbia; Três Grupos de Apoio ao Abutre no Zimbábue e fortalecimento dos três Grupos de Apoio ao Abutre existentes.
- Sucesso na resposta de gênero à conservação de abutres em todas as áreas protegidas alvo na TFCA KAZA - com um aumento de 45% na participação de mulheres e jovens em iniciativas de conservação de abutres nos três países.
- Redução dos conflitos entre humanos e animais selvagens e entre humanos e aves nas áreas implementadas.
- A ciência cidadã aprimorada contribui com dados essenciais de conservação que estão ajudando no gerenciamento de áreas protegidas.
- Redução dos incidentes de envenenamento de animais selvagens dentro e ao redor das três áreas protegidas do KAZA.
- Fortalecimento das relações transfronteiriças entre os parceiros implementadores.
- Capacitação das comunidades locais para combater o envenenamento por abutres e animais silvestres, bem como aumento da capacidade técnica local para lidar de forma holística com o conflito entre humanos e animais silvestres.
- A ampla conscientização e a capacitação sobre a conservação dos abutres informaram as decisões locais e políticas sobre a conservação da biodiversidade e o gerenciamento sustentável dos recursos naturais.
Beneficiários
- Beneficiáriosdiretos - pessoas das comunidades locais, autoridades de áreas protegidas, abutres.
- Beneficiáriosindiretos - agências de turismo, empresas, agências de aplicação da lei, sociedades civis, governança local e vários ministérios do governo.