
Manglares de San Pedro de Vice: uma referência em gestão de áreas úmidas no Peru.

O mangue de San Pedro de Vice é um tipo único de floresta tropical com espécies de flora e fauna protegidas nacional e internacionalmente e representa uma área de refúgio e alimentação para aves migratórias, reprodução e crescimento de invertebrados e ecossistema de alfarroba.
Em 2008, o mangue de San Pedro foi designado como o 13º sítio RAMSAR no Peru. Com esse histórico, em 2013, o Projeto Piloto de Administração Local foi iniciado com a formação de um Comitê de Gestão Participativa. Esse Comitê tem o objetivo de garantir a conservação do mangue com base na elaboração de ferramentas de gestão, tornando-se um dos pioneiros na gestão de zonas úmidas no país.
Contexto
Desafios enfrentados
Os principais desafios enfrentados pelo mangue de San Pedro de Vice são:
Ambientais:
- Poluição da água doce que entra no mangue.
- Incêndios na borda do mangue.
- Corte de árvores na floresta seca ao redor.
- Presença de porcos selvagens.
- Variação no influxo de água doce.
- Caça ilegal de pássaros.
Questões sociais:
- Chegada excessiva de turistas sem um circuito de exploração.
- Acesso precário devido ao mau estado das trilhas.
- Turismo não planejado e não regulamentado.
- Pouca conscientização sobre a importância da preservação ecológica.
- Pouco conhecimento dos valores da biodiversidade.
Econômico
- Baixo orçamento.
- Fontes de financiamento insustentáveis.
Localização
Processar
Resumo do processo
Ambas as abordagens permitem uma abordagem holística para o gerenciamento da área em diferentes esferas, incluindo ambiental, social, política e econômica.
Não basta apenas dar uma abordagem participativa ao projeto; ela deve ser acompanhada por uma compreensão real da importância do local, internalizando essa consciência por meio das ações realizadas para cuidar e preservar o ecossistema.
Ambos os elementos ou blocos de construção foram muito bem coordenados para esse fim.
Blocos de construção
Abordagem participativa para o gerenciamento de áreas.
Isso foi possível graças a um Plano de Gestão de sete anos, com o objetivo de "Conservar e usar de forma sustentável a biodiversidade e os recursos naturais do Sítio Ramsar Manglares de San Pedro de Vice".
Esse plano se concentra em cinco componentes
- Valor do Sítio Ramsar
- Turismo
- Sinalização e acessibilidade
- Uso dos recursos naturais e
- Governança
A abordagem participativa é fundamental para o gerenciamento eficaz da área, pois permite que as partes interessadas locais façam parte da tomada de decisões e da implementação de ações em prol dos objetivos de conservação.
Fatores facilitadores
O alto e efetivo grau de envolvimento das comunidades nos processos de tomada de decisão e gerenciamento da área.
Lição aprendida
Uma das lições aprendidas foi a necessidade imperativa de um processo de capacitação em questões de conservação para que a participação da comunidade esteja estrategicamente alinhada com o objetivo do Plano de Gerenciamento.
Uma forte abordagem de ecossistema para o gerenciamento da área.
A adoção de uma abordagem ecossistêmica para o gerenciamento de áreas protegidas foi e é crucial nesse caso.
O manguezal de San Pedro de Vice é um habitat ameaçado que apoia e sustenta a vida de inúmeras espécies endêmicas de plantas e animais.
Por isso, é de vital importância não apenas trabalhar em nível de espécie, mas também, considerando os habitats como ecossistemas funcionais e globais, gerenciá-los de forma integrada com foco no manejo e na conservação da terra e da água.
Em outras palavras, preservar os recursos vivos.
Fatores facilitadores
O sucesso na implementação dessa abordagem ecossistêmica deve-se à compreensão factual e técnica da importância do manejo do mangue como um ecossistema, bem como ao fato de ter obtido a certificação RAMSAR, situação que demonstrou oficialmente a importância do cuidado e da preservação do sistema de mangue na área.
Lição aprendida
Essa visão precisa ser integrada, internalizada e materializada nas ações cotidianas dos habitantes para que se compreenda plenamente a dinâmica do gerenciamento e da proteção da área.
Impactos
Alguns dos impactos mais importantes desse projeto foram:
- O desenvolvimento do turismo, de uma forma mais consciente e sustentável (turismo especializado).
- A importância do mangue, por meio do reconhecimento do sítio RAMSAR.
- Aumento da mitigação dos efeitos das mudanças climáticas (enchentes e outros desastres naturais).
- Cadeias produtivas de artesanato, turismo (hotéis, restaurantes, transporte, operadoras de turismo).
- Pesquisa por meio de acordos com universidades para promover o conhecimento científico e tradicional.
- Educação e conscientização ambiental.
Todos esses impactos melhoraram as condições de uso e preservação em claro benefício do mangue de San Pedro de Vice. Esse é um plano de gerenciamento que poderia ser altamente replicado em outros locais semelhantes.
Beneficiários
Os principais beneficiários são os habitantes das aldeias de:
- Letirá
- Becará
- Chalaco
- Sanchez
- Santa Rosa de Satuyo
- Chalaco Alto, Cercado de Vice
- Pescadores artesanais de Vice
- Comitê Local de Fomento Artesanal do Distrito de Vice.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
História

Em 2013, começamos com a assistência técnica do MINAM no projeto piloto para modelos de gerenciamento de sítios RAMSAR. A administração baseia-se na formação de comitês de gestão participativa nos quais colaboram atores e instituições locais do município de Vice.
Esses atores e instituições foram identificados por meio de uma série de workshops locais e envolvem setores importantes, como artesãos, pescadores, associações locais, governos regionais e ONGs.
Em 2014, foi realizada a primeira reunião do Comitê de Gestão Participativa e foi desenvolvido o Plano de Gestão Participativa dos Manguezais de San Pedro, no qual foram definidas as principais atividades do sítio RAMSAR. O Plano foi atualizado e as atividades são realizadas com o total apoio das partes interessadas locais.
A gestão dos Manglares del Vice é uma referência no país porque toda a população local está comprometida com a gestão e a conservação da área. Campanhas de informação e limpeza são realizadas constantemente e as partes interessadas estão envolvidas na gestão compartilhada. Os habitantes locais estão comprometidos com o turismo sustentável, para o qual estamos realizando atividades de capacitação e promoção.
A sistematização desse caso foi realizada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). O caso foi selecionado pelo ICLEI América do Sul em 2018.
Para mais informações: http://sams.iclei.org/es/que-hacemos/proyectos-en-ejecucion/areas-protegidas-locales/peru.html
As ações da IUCN e do ICLEI ocorreram no âmbito do projeto regional Áreas protegidas e outras medidas de conservação baseadas em áreas em nível de governo local, e foram apoiadas financeiramente pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH. O projeto regional é implementado pelos Ministérios do Meio Ambiente do Brasil, Colômbia, Equador e Peru, e pela GIZ, em cooperação com o ICLEI e a IUCN. O projeto regional é apoiado pelo Ministério Federal Alemão do Meio Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear (BMU) no âmbito da Iniciativa Internacional do Clima (IKI).