Manglares de San Pedro de Vice: uma referência em gestão de áreas úmidas no Peru.

Solução completa
Pôr do sol
Aldair Vilela

O mangue de San Pedro de Vice é um tipo único de floresta tropical com espécies de flora e fauna protegidas nacional e internacionalmente e representa uma área de refúgio e alimentação para aves migratórias, reprodução e crescimento de invertebrados e ecossistema de alfarroba.

Em 2008, o mangue de San Pedro foi designado como o 13º sítio RAMSAR no Peru. Com esse histórico, em 2013, o Projeto Piloto de Administração Local foi iniciado com a formação de um Comitê de Gestão Participativa. Esse Comitê tem o objetivo de garantir a conservação do mangue com base na elaboração de ferramentas de gestão, tornando-se um dos pioneiros na gestão de zonas úmidas no país.

Última atualização: 19 Apr 2021
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Contexto
Desafios enfrentados
Degradação de terras e florestas
Perda de biodiversidade
Incêndios florestais
Usos conflitantes / impactos cumulativos
Perda de ecossistema
Poluição (inclusive eutrofização e lixo)
Falta de acesso a financiamento de longo prazo
Falta de oportunidades alternativas de renda
Falta de capacidade técnica

Os principais desafios enfrentados pelo mangue de San Pedro de Vice são:

Ambientais:

  • Poluição da água doce que entra no mangue.
  • Incêndios na borda do mangue.
  • Corte de árvores na floresta seca ao redor.
  • Presença de porcos selvagens.
  • Variação no influxo de água doce.
  • Caça ilegal de pássaros.

Questões sociais:

  • Chegada excessiva de turistas sem um circuito de exploração.
  • Acesso precário devido ao mau estado das trilhas.
  • Turismo não planejado e não regulamentado.
  • Pouca conscientização sobre a importância da preservação ecológica.
  • Pouco conhecimento dos valores da biodiversidade.

Econômico

  • Baixo orçamento.
  • Fontes de financiamento insustentáveis.
Escala de implementação
Local
Ecossistemas
Mangue
Área úmida (pântano, brejo, turfa)
Tema
Conectividade/conservação transfronteiriça
Restauração
Governança de áreas protegidas e conservadas
Gerenciamento espacial costeiro e marinho
Padrões/ certificação
Localização
Distrito de Sechura, Departamento de Piura, Peru
América do Sul
Processar
Resumo do processo

Ambas as abordagens permitem uma abordagem holística para o gerenciamento da área em diferentes esferas, incluindo ambiental, social, política e econômica.

Não basta apenas dar uma abordagem participativa ao projeto; ela deve ser acompanhada por uma compreensão real da importância do local, internalizando essa consciência por meio das ações realizadas para cuidar e preservar o ecossistema.

Ambos os elementos ou blocos de construção foram muito bem coordenados para esse fim.

Blocos de construção
Abordagem participativa para o gerenciamento de áreas.

Isso foi possível graças a um Plano de Gestão de sete anos, com o objetivo de "Conservar e usar de forma sustentável a biodiversidade e os recursos naturais do Sítio Ramsar Manglares de San Pedro de Vice".

Esse plano se concentra em cinco componentes

  • Valor do Sítio Ramsar
  • Turismo
  • Sinalização e acessibilidade
  • Uso dos recursos naturais e
  • Governança

A abordagem participativa é fundamental para o gerenciamento eficaz da área, pois permite que as partes interessadas locais façam parte da tomada de decisões e da implementação de ações em prol dos objetivos de conservação.

Fatores facilitadores

O alto e efetivo grau de envolvimento das comunidades nos processos de tomada de decisão e gerenciamento da área.

Lição aprendida

Uma das lições aprendidas foi a necessidade imperativa de um processo de capacitação em questões de conservação para que a participação da comunidade esteja estrategicamente alinhada com o objetivo do Plano de Gerenciamento.

Uma forte abordagem de ecossistema para o gerenciamento da área.

A adoção de uma abordagem ecossistêmica para o gerenciamento de áreas protegidas foi e é crucial nesse caso.

O manguezal de San Pedro de Vice é um habitat ameaçado que apoia e sustenta a vida de inúmeras espécies endêmicas de plantas e animais.

Por isso, é de vital importância não apenas trabalhar em nível de espécie, mas também, considerando os habitats como ecossistemas funcionais e globais, gerenciá-los de forma integrada com foco no manejo e na conservação da terra e da água.

Em outras palavras, preservar os recursos vivos.

Fatores facilitadores

O sucesso na implementação dessa abordagem ecossistêmica deve-se à compreensão factual e técnica da importância do manejo do mangue como um ecossistema, bem como ao fato de ter obtido a certificação RAMSAR, situação que demonstrou oficialmente a importância do cuidado e da preservação do sistema de mangue na área.

Lição aprendida

Essa visão precisa ser integrada, internalizada e materializada nas ações cotidianas dos habitantes para que se compreenda plenamente a dinâmica do gerenciamento e da proteção da área.

Impactos

Alguns dos impactos mais importantes desse projeto foram:

  • O desenvolvimento do turismo, de uma forma mais consciente e sustentável (turismo especializado).
  • A importância do mangue, por meio do reconhecimento do sítio RAMSAR.
  • Aumento da mitigação dos efeitos das mudanças climáticas (enchentes e outros desastres naturais).
  • Cadeias produtivas de artesanato, turismo (hotéis, restaurantes, transporte, operadoras de turismo).
  • Pesquisa por meio de acordos com universidades para promover o conhecimento científico e tradicional.
  • Educação e conscientização ambiental.

Todos esses impactos melhoraram as condições de uso e preservação em claro benefício do mangue de San Pedro de Vice. Esse é um plano de gerenciamento que poderia ser altamente replicado em outros locais semelhantes.

Beneficiários

Os principais beneficiários são os habitantes das aldeias de:

  • Letirá
  • Becará
  • Chalaco
  • Sanchez
  • Santa Rosa de Satuyo
  • Chalaco Alto, Cercado de Vice
  • Pescadores artesanais de Vice
  • Comitê Local de Fomento Artesanal do Distrito de Vice.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
ODS 3 - Boa saúde e bem-estar
ODS 4 - Educação de qualidade
ODS 6 - Água potável e saneamento
ODS 8 - Trabalho decente e crescimento econômico
ODS 10 - Redução das desigualdades
ODS 11 - Cidades e comunidades sustentáveis
ODS 13 - Ação climática
ODS 15 - Vida na terra
ODS 16 - Paz, justiça e instituições sólidas
ODS 17 - Parcerias para os objetivos
História
Niria Fiestas
Niria Fiestas
Niria Fiestas

Em 2013, começamos com a assistência técnica do MINAM no projeto piloto para modelos de gerenciamento de sítios RAMSAR. A administração baseia-se na formação de comitês de gestão participativa nos quais colaboram atores e instituições locais do município de Vice.

Esses atores e instituições foram identificados por meio de uma série de workshops locais e envolvem setores importantes, como artesãos, pescadores, associações locais, governos regionais e ONGs.

Em 2014, foi realizada a primeira reunião do Comitê de Gestão Participativa e foi desenvolvido o Plano de Gestão Participativa dos Manguezais de San Pedro, no qual foram definidas as principais atividades do sítio RAMSAR. O Plano foi atualizado e as atividades são realizadas com o total apoio das partes interessadas locais.

A gestão dos Manglares del Vice é uma referência no país porque toda a população local está comprometida com a gestão e a conservação da área. Campanhas de informação e limpeza são realizadas constantemente e as partes interessadas estão envolvidas na gestão compartilhada. Os habitantes locais estão comprometidos com o turismo sustentável, para o qual estamos realizando atividades de capacitação e promoção.

A sistematização desse caso foi realizada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). O caso foi selecionado pelo ICLEI América do Sul em 2018.

Para mais informações: http://sams.iclei.org/es/que-hacemos/proyectos-en-ejecucion/areas-protegidas-locales/peru.html

As ações da IUCN e do ICLEI ocorreram no âmbito do projeto regional Áreas protegidas e outras medidas de conservação baseadas em áreas em nível de governo local, e foram apoiadas financeiramente pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH. O projeto regional é implementado pelos Ministérios do Meio Ambiente do Brasil, Colômbia, Equador e Peru, e pela GIZ, em cooperação com o ICLEI e a IUCN. O projeto regional é apoiado pelo Ministério Federal Alemão do Meio Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear (BMU) no âmbito da Iniciativa Internacional do Clima (IKI).

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