
Agricultura para capacitar as pessoas e conservar os serviços ecossistêmicos

O Fondo para la Paz (FPP) trabalha com comunidades rurais indígenas em cinco estados do México. Uma das linhas é a agricultura como parte do processo de desenvolvimento, com o objetivo de capacitar a organização comunitária e fortalecê-la por meio de atividades que possam conservar os serviços ambientais (SE) e a biodiversidade, além de promover habilidades e capacidades de desenvolvimento na comunidade. Com a facilitação da FPP, as comunidades estão trabalhando com café (Veracruz) e milho (Oaxaca) dentro de esquemas agroecológicos. Esses projetos os ajudam a aumentar os lucros e a mudar velhos paradigmas sobre conservação e agricultura. Trabalhamos com as pessoas, sensibilizando-as para que sejam responsáveis e atores principais de seu desenvolvimento, de seu ambiente e de suas ações por um longo tempo: a agricultura é apenas o caminho, o desenvolvimento é o objetivo final. Trabalhamos com cada comunidade por até 10 a 15 anos, buscando desenvolvimento e pessoas com a visão de alcançar comunidades maduras, autoadministradas e com coesão social.
Contexto
Desafios enfrentados
- Agricultura com uma visão ecológica, que permita produzir e conservar serviços ambientais como solo, biodiversidade, água e paisagem.
- Manejo cultural que permite reverter o desmatamento e fomentar áreas de reflorestamento com árvores locais e criar barreiras para conservar o solo, os nutrientes e a água.
- A agricultura se concentra em alta qualidade e produtividade e também permite que as famílias tenham produtos secundários, como plantas silvestres e cogumelos para alimentação, madeira, mel etc.
- Aumentar a coesão social, promovendo a organização, os vínculos de confiança, a boa comunicação e as redes para atingir as metas comunitárias.
- Facilitar o processo de desenvolvimento em cada comunidade em que trabalhamos, formando uma visão regional e sustentável que permita que cada família tenha uma oportunidade em sua comunidade.
- Envolvimento de crianças, jovens e adultos na comunidade para torná-los responsáveis por seu desenvolvimento.
- Altos rendimentos e canais de mercado precisos, que levam as famílias a superar a linha da pobreza e a sonhar com um futuro para seus filhos.
Localização
Processar
Resumo do processo
Os três blocos propostos têm como objetivo alcançar comunidades coesas e autogerenciadas com uma visão de desenvolvimento, em um período de 10 a 15 anos, por meio de trabalhos de PPP.
Ver as comunidades como um sistema integrado a partir do meio ambiente e de seus serviços ecossistêmicos permite a organização comunitária, o compartilhamento de conhecimento e o bem-estar como as linhas dentro das quais alcançaremos uma única comunidade. Além disso, temos de promover as bases sobre as quais a comunidade será capaz de gerar os recursos econômicos que lhe permitam enfrentar os desafios, gerar uma melhor qualidade de vida, coesão social e uma oportunidade para as novas gerações.
Ter um sistema de produção baseado em requisitos sociais e pensado desde a perspectiva que preserva o ecossistema e os serviços sociais poderia fortalecer a integração social e gerar atividades econômicas lucrativas que permitam incorporar conhecimentos e práticas tradicionais que fazem parte da cultura local. E o treinamento das pessoas não só para a melhor produção, mas também para educação financeira, negócios e empreendedorismo é fundamental para melhorar suas metas familiares e comunitárias.
Essa poderia ser a base para o desenvolvimento da comunidade.
Blocos de construção
Compartilhamento de conhecimento
Identificar e valorizar o conhecimento local e gerar um intercâmbio dele, bem como a transferência de tecnologia adequada ao ambiente e às necessidades da comunidade, o que permite que as pessoas fortaleçam suas habilidades e capacidades para realizar projetos de desenvolvimento local e regional.
Esse bloco se baseia no reconhecimento das capacidades, habilidades, meios de subsistência e recursos locais, bem como dos recursos sociais e culturais específicos da comunidade e de seu ambiente. Além disso, por meio da identificação de pontos fortes e fracos, é possível ter as informações necessárias para identificar e priorizar problemas comuns.
Temos um catalisador central para a aposta no PPF: gerar um intercâmbio de conhecimento e transferência de tecnologia para o ambiente e os problemas detectados, o que permite o aprimoramento dos sistemas de produção locais e facilita o desenvolvimento e a implementação de projetos comunitários. Esse catalisador cria as bases para a elaboração de projetos de bem-estar, agricultura de conservação, entre outros; que esse intercâmbio de conhecimentos e tecnologias seja realizado e possa ser replicado e implementado em outros projetos comunitários.
Fatores facilitadores
- Promotores locais que lideram o processo de participação da comunidade no projeto.
- Participação das famílias no planejamento participativo para identificar necessidades e soluções para a comunidade e o compromisso de trabalhar nisso.
- Identificação, pelos agricultores, dos serviços ambientais oferecidos por suas terras.
- Agricultores recebendo treinamentos para melhorar o gerenciamento cultural de suas terras, aplicando o conhecimento e trabalhando para conservar os serviços ambientais.
- Redes com diferentes partes interessadas para aprimorar a agricultura e comercializar os produtos.
Lição aprendida
- Precisamos priorizar o ecossistema como a base principal do desenvolvimento, no qual está inserida a organização social que fortalece o uso sustentável dos serviços ambientais que a região oferece e que tem como consequência uma atividade econômica rentável.
- Como os participantes dos projetos têm o papel principal no processo, temos que incentivá-los a participar buscando a maneira de lhes dar confiança e segurança para participar, perguntando e compartilhando sobre os tópicos que desejam conhecer.
- Os agricultores têm conhecimento local tão importante quanto os instrutores e outras partes interessadas; eles poderiam fortalecer suas habilidades para identificar as melhores práticas para eles.
- Temos de dar a eles a responsabilidade por sua comunidade, desenvolvendo habilidades que permitam aos agricultores mudar o paradigma da agricultura como colheita para a agricultura como modo de vida para impulsionar o desenvolvimento.
Recursos
Organização comunitária
O esquema de intervenção da FPP considera a Organização Comunitária como um catalisador fundamental porque, por meio dela, cria-se uma comunidade ativa, consciente, inclusiva e participativa, comprometida com a solução de seus problemas. A FPP se concentra na integração de redes e grupos de trabalho, vinculados à comunidade e à participação dos participantes em sua localidade, de modo que se obtenha uma comunidade dinâmica que aprenda a tomar decisões conjuntas.
Buscamos trabalhar com atores comunitários autogerenciados que promovam interesses coletivos e aumentem a conscientização sobre a importância da integração social para a resolução de problemas comuns. Isso permite a apropriação de projetos que integram a conservação dos serviços ambientais e que se baseiam na organização social.
Estamos trabalhando para a consolidação da organização comunitária com uma estrutura sólida, funções bem definidas e participação plena de mulheres e jovens, que têm altos níveis de confiança e solidariedade, além de serem promotores de mudanças.
Desse modo, é possível uma comunidade resiliente com a capacidade de responder a problemas ou choques externos que, da mesma forma, permaneçam na busca de melhorias contínuas.
Fatores facilitadores
- Identificar o conhecimento cultural, os valores e a idiossincrasia dos participantes para aumentar o impacto do projeto e atingir objetivos comuns.
- Identificação da área geográfica, da paisagem e dos serviços de ecossistema oferecidos pela região para entender a vida e a dinâmica das pessoas.
- Equipe de trabalho da região que fale o idioma e compartilhe a idiossincrasia para conquistar a confiança e a participação das pessoas.
- Planejamento participativo para identificar sua própria comunidade, suas necessidades de acordo com seu ambiente, perspectiva social e oportunidades econômicas.
- Comunicação eficaz.
Lição aprendida
- As pessoas precisam se sentir parte do projeto e, para isso, temos de integrar o máximo possível toda a comunidade, mesmo que não sejam agricultores, mas recebam os benefícios dos serviços sociais e ecossistêmicos oferecidos pelas terras agrícolas.
- Precisamos identificar a linha de base considerando a percepção ambiental e social de toda a comunidade, mesmo que não sejam agricultores ativos.
- Precisamos desenvolver um plano que vá além da agricultura ou do bem-estar, incluindo liderança, empreendedorismo, educação financeira e negócios.
- Precisamos incluir os jovens para alcançar uma articulação geracional.
Recursos
Bem-estar
A FPP considera fundamental para a implementação dos projetos: a satisfação das necessidades básicas e a melhoria das condições de vida da comunidade, com o aval da mesma. Por isso, é essencial construir laços de confiança com seus participantes, autoridades locais e líderes comunitários.
A satisfação das necessidades básicas é necessária para melhorar as condições de vida das famílias e comunidades, o que cria condições precisas para a autossuficiência, bem como para a elaboração de projetos locais que contribuam para seu desenvolvimento além do bem-estar.
A existência dessas situações gerará projetos orientados para a geração de renda com recursos locais que estabelecerão as bases para alcançar a autossuficiência e seu empoderamento. Além disso, a partir desse processo, a comunidade realizará ações para a gestão de projetos de alto impacto com e em outras instâncias. Depois de ter finalizado o conhecimento e as habilidades para o projeto, a execução e o monitoramento de planos de desenvolvimento local e regional.
Fatores facilitadores
- Participantes com uma visão comunitária de longo prazo que permita identificar as metas para alcançar o desenvolvimento.
- Comprometimento dos participantes com o projeto, o processo e o trabalho.
- Treinamentos e modelos de cultivo projetados de acordo com a região para obter os melhores rendimentos.
- Conhecer os ES que cada região oferece para inseri-los em uma cadeia de valor que permita melhores rendimentos para os agricultores.
- As pessoas podem receber benefícios para alcançar o bem-estar, mas precisam participar ativamente e compartilhar o compromisso de trabalhar dentro desse esquema.
Lição aprendida
- Temos de identificar as opções para inserir os produtos no melhor mercado, e esse mercado deve ter os mesmos valores que os agricultores.
- Temos de determinar com a comunidade até onde podemos ir em um período de tempo com o projeto, para identificar as metas, os indicadores e os impactos do projeto.
- Temos de identificar produtos secundários e identificar a diversificação do trabalho para famílias não agricultoras.
- Devemos incluir os jovens e as crianças no processo de identificação de metas para a comunidade.
Recursos
Impactos
O Fondo para la Paz (FPP) trabalha com comunidades rurais indígenas em cinco estados do México. Uma das linhas é a agricultura como parte do processo de desenvolvimento, com o objetivo de capacitar a organização comunitária e fortalecê-la por meio de atividades que possam conservar os serviços ambientais (SE) e a biodiversidade, além de promover habilidades e capacidades de desenvolvimento na comunidade. Com a facilitação da FPP, as comunidades estão trabalhando com café (Veracruz) e milho (Oaxaca) dentro de esquemas agroecológicos. Esses projetos os ajudam a aumentar os lucros e a mudar velhos paradigmas sobre conservação e agricultura. Trabalhamos com as pessoas, sensibilizando-as para que sejam responsáveis e atores principais de seu desenvolvimento, de seu meio ambiente e de suas ações por um longo tempo: a agricultura é apenas o caminho, o desenvolvimento é o objetivo final. Trabalhamos com cada comunidade por 10 a 15 anos, buscando desenvolvimento e pessoas com a visão de alcançar comunidades maduras, autoadministradas e com coesão social.
Beneficiários
Povos indígenas de três regiões do México: Famílias Tenek da Huasteca Potosina, que trabalham com baunilha; famílias Mixteca de Oaxaca, que reflorestam Mixteca; e famílias Nahuatl da Sierra Zongolica Veracruzana, que trabalham com café.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
História

As comunidades indígenas do México são as guardiãs da floresta, cuidam da beleza, da biodiversidade e dos serviços ambientais oferecidos pelas áreas naturais. Os agricultores Mixtecas, Tzotziles, Tseltales e Nahuas no México estão cuidando de suas áreas naturais desde sua visão e amor pela terra, mantendo o meio ambiente e realizando atividades agrícolas para obter segurança econômica e conservar suas terras e cultura.
Os mixtecas de Oaxaca trabalham com a segurança alimentar com plantações de milho em milpas, que são esquemas agrícolas tradicionais que incluem o milho como principal cultura, mas também feijão, pimenta malagueta, plantas alimentícias, cogumelos e outros produtos (de acordo com a região); além disso, estão incorporando árvores à estrutura; esse esquema permite que eles melhorem a nutrição das famílias e reintegrem as tradições de sua comunidade. Hoje em dia, as pessoas têm mais variedade de alimentos e também estão conservando suas terras. Outro trabalho em Mixteca é o reflorestamento de terras degradadas e práticas de solo para conservar a água e os recursos do solo, com 30 ha reflorestados.
Nahuas em Sierra Zongolica, Veracruz, e Tzotziles e Tseltales em Chiapas; trabalham com fazendas de café produzindo café de alta qualidade e mantendo suas terras com um esquema agrícola que busca conservar a terra e a água, além de outros serviços ambientais oferecidos pelas fazendas como alimentos, madeira, biodiversidade e outros. Agora, os fazendeiros estão produzindo café especial em pergaminho e fortalecendo suas comunidades. Esse café está promovendo o empoderamento dos participantes, a igualdade de gênero e a união de gerações com uma visão de desenvolvimento e futuro para eles. Hoje, 18 comunidades da Sierra Zongolica trabalham como viveiros para produzir suas plantas até o café em pergaminho. Agora, estamos trabalhando com elas para aprimorar outras habilidades a fim de identificar os melhores elos dentro da cadeia de valor do café.
Os povos Tzotziles, Tseltales, Mixtecas e Nahuas demonstraram que, com base em seus conhecimentos e incluindo sua cultura, meio ambiente e participação, podem obter melhores resultados e um impacto social real para suas comunidades com base no respeito à terra e às pessoas. Atualmente, as pessoas têm um sonho para suas comunidades e identificam opções para seu povo.