Envolvimento dos povos indígenas Batwa na gestão da reserva natural de Bururi
A abordagem foi desenvolvida em 2017 e posteriormente. Ela consiste em envolver os povos indígenas Batwa do Burundi na gestão e no desenvolvimento da reserva natural da floresta de Bururi. Resultados tangíveis sobre a biodiversidade foram alcançados por meio de uma melhoria significativa na eficácia do gerenciamento dessa área protegida. Além disso, foram gerados efeitos e impactos positivos graças à melhoria das condições de vida desses povos.
Contexto
Desafios enfrentados
Cobrindo uma área de 3.300 hectares, a Reserva Natural da Floresta de Bururi é uma floresta tropical rica em espécies de flora e fauna, muitas das quais são endêmicas da região de Albertine Rift. Em torno dessa reserva, viviam 28 famílias Batwa, sem terra e sem teto desde 1996, em decorrência dos efeitos da guerra, que dependiam essencialmente da exploração de pedreiras dentro e ao redor da reserva, do corte de madeira e da captura de animais para sua sobrevivência. Como os Batwa não tinham outra alternativa de sobrevivência a não ser explorar os recursos naturais da reserva, eles contribuíram significativamente para a degradação dos recursos naturais do ecossistema.
Localização
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Resumo do processo
O envolvimento dos Batwa nas atividades de gerenciamento da reserva permitiu que eles ganhassem dinheiro, fizessem pequenas economias, comprassem terras e construíssem casas, melhorando assim suas condições de vida e as da biodiversidade: em resumo, uma situação em que todos saem ganhando.
Blocos de construção
Gerenciamento participativo de recursos naturais
Em 2017, 28 famílias Batwa (povos indígenas do Burundi) estavam envolvidas em atividades para manter 33 km da fronteira e 15 km de trilhas internas, abrir 2 km de trilhas turísticas, combater incêndios florestais e caça ilegal.
Fatores facilitadores
- Confiança mútua entre a comunidade Batwa e os administradores da reserva.
- Compromisso com o diálogo contínuo entre os serviços de conservação da área protegida e a comunidade Batwa.
- Transparência no gerenciamento dos fundos alocados para o envolvimento da comunidade nas atividades de gerenciamento da reserva.
- Capacitar os Batwa é um sinal de respeito e estima que os motiva a se envolverem mais na proteção da reserva.
Lição aprendida
O gerenciamento da biodiversidade requer uma abordagem holística e baseada em ecossistemas.
A conservação da natureza não pode ser bem-sucedida sem levar em conta o papel das comunidades ribeirinhas.
Melhoria das condições de vida dos povos indígenas Batwa
As economias coletivas feitas pelos Batwa foram usadas para comprar 3 ha de propriedade. A própria comunidade negociou o custo dessa propriedade. Foi a comunidade que se organizou para compartilhar a terra de forma justa. Foi a própria comunidade que se comprometeu a fabricar tijolos para suas casas. Os parceiros ajudaram em seu compromisso, concedendo-lhes chapas de metal e cimento. Dessa forma, sua situação está intimamente ligada à proteção efetiva da Reserva Natural da Floresta de Bururi.
Fatores facilitadores
- Identificação do problema principal real e identificação da solução real.
- Capacitação das comunidades beneficiárias
- Tomada de decisões por consenso
- Comunicação contínua
- Respeito mútuo
Lição aprendida
Todos os problemas podem ser resolvidos por meio do diálogo. Por outro lado, a falta de diálogo é uma fonte de todos os tipos de conflito.
O diálogo cria uma situação em que todos saem ganhando, tanto para a biodiversidade quanto para as comunidades.
Impactos
Essa abordagem de envolver os Batwa na gestão da Reserva Natural da Floresta de Bururi deu frutos:
(i) essa comunidade Batwa agora vive em sua própria terra (3 ha) e em casas decentes compradas com os frutos de seu trabalho. É a primeira vez na história do Burundi que os Batwa compram uma propriedade com seu próprio dinheiro guardado em um banco.
(ii) Essa comunidade tem acesso à água potável, o que significa que eles estão em boas condições de saúde física neste momento da pandemia da Covid-19.
(iii) Essa abordagem resolveu vários conflitos de uma só vez: os conflitos sociais entre os Batwa e seus vizinhos foram definitivamente resolvidos graças à aquisição da nova propriedade.
(iv) Essa experiência transformou definitivamente essa comunidade em uma amiga da reserva.
(v) A governança dessa área evoluiu claramente, pois foi criado um comitê de gerenciamento com várias partes interessadas. As decisões de gerenciamento agora são tomadas por consenso.
(vi) Um fundo de US$ 77.000 foi injetado no vilarejo para ajudar no desenvolvimento da reserva e para desenvolver economias solidárias.
Essa reserva é citada como um modelo de conservação comunitária, conforme evidenciado pelos resultados da avaliação da eficácia do gerenciamento da IMET (ferramenta de eficácia do gerenciamento integrado).
Beneficiários
Essa iniciativa envolveu 130 membros de 28 famílias Batwa que vivem nos limites da reserva natural da floresta de Bururi, os moradores da cidade de Bururi e a equipe de gerenciamento da reserva de Bururi.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
História
Em 2017, quando eu estava encarregado das áreas protegidas no sul do Burundi, incluindo a reserva natural de Bururi, e fiquei impressionado com a rápida taxa de degradação dessa área protegida, demonstrei grande criatividade ao envolver as 28 famílias Batwa no desenvolvimento, gerenciamento e proteção da reserva natural da floresta de Bururi. A participação desses 130 indígenas, incluindo 26 homens e 27 mulheres em idade produtiva, envolveu-os no trabalho de manutenção dos limites, das trilhas internas e das trilhas turísticas. Eles também participaram do trabalho de vigilância para combater incêndios florestais, extração ilegal de madeira e caça.
Esse envolvimento lhes rendeu um incentivo de US$ 2 por pessoa e por dia trabalhado. A própria comunidade decidiu receber 60% desse incentivo diário e poupar 40% em uma conta de poupança conjunta. Após 17 meses de envolvimento, a comunidade havia economizado 24.034.500 fbu (US$ 12.000). Eles usaram essas economias para comprar 3 hectares de terra, que dividiram igualmente. O restante foi usado para construir casas decentes com tijolos e chapas de metal e para instalar uma linha de abastecimento de água potável.