Investigação de tráfego, conservação e monitoramento da megafauna marinha

Solução completa
Foto 1
SINAC

Devido à pesca ilegal no Parque Nacional Isla del Coco, em 2021, o Ministério do Meio Ambiente e Energia da Costa Rica ampliou esta área marinha protegida para 54.844 km2, bem como a Área Marina de Manejo del Bicentenario para 106.285,56 km2. O objetivo é aumentar a conectividade entre essas áreas para proteger os montes submarinos que são hábitats de diferentes espécies de fauna. Nesse contexto, nasceu a iniciativa de investigar o trânsito, a conservação e o monitoramento da megafauna marinha (grandes mamíferos marinhos e aves pelágicas como tiburones, rayas e atunes), por meio da aliança entre Costa Rica, França e Reino Unido, cujo objetivo é conservar os 30% da superfície terrestre e marinha da Costa Rica para 2030.

Cabe destacar que, neste país, foi implementado desde 2017 um plano para monitorar mamíferos marinhos, com protocolos desenvolvidos para avaliar seu estado de conservação e distribuição em áreas costeiras.

Última atualização: 30 Sep 2025
52 Visualizações
Contexto
Desafios enfrentados
Perda de biodiversidade
Caça furtiva
Falta de acesso a financiamento de longo prazo
Falta de capacidade técnica

Meio ambiente:

A pressão crescente de atividades como a pesca ilegal e o turismo não regulamentado sobre os ecossistemas marinhos representa um desafio constante, bem como um obstáculo para o levantamento de dados sobre a megafauna marinha. Consequentemente, é um desafio para a tomada de decisões e ações para a conservação dessas espécies.

Sociais:

Observa-se a necessidade de empoderar os guardaparques e o pessoal local no monitoramento e na conservação, para que sejam eles que liderem esses esforços, em vez de depender de especialistas externos. Da mesma forma, isso representa uma dificuldade para os trabalhos pedagógicos com a população local sobre a importância da conservação.

Econômicos:

Continua sendo um problema a falta de financiamento suficiente para implementar e manter projetos de conservação e monitoramento, bem como para o pessoal (guardaparques).

Escala de implementação
Nacional
Ecossistemas
Mar aberto
Tema
Gerenciamento de espécies
Conectividade/conservação transfronteiriça
Financiamento sustentável
Governança de áreas protegidas e conservadas
Ilhas
Gerenciamento espacial costeiro e marinho
Não listado
Patrimônio Mundial
Localização
Ilha Coco, Cantão de Puntarenas, Puntarenas, Costa Rica
América Central
Processar
Resumo do processo

A ampliação das áreas marinhas protegidas, o Parque Nacional Isla del Coco e a Área Marina de Manejo del Bicentenario, busca fortalecer a conectividade entre as áreas marinhas e salvaguardar os montes submarinos, que são vitais para diversas espécies de fauna. Para abordar essa questão e atender à perda de fauna marinha, foi estabelecida uma colaboração entre a Costa Rica, a França e o Reino Unido, centrada na investigação e no monitoramento da megafauna marinha por meio de planos de protocolos para avaliar o estado de conservação dos mamíferos marinhos e outras espécies importantes.

Blocos de construção
Protocolos para o monitoramento de peixes pelágicos e para o monitoramento de mamíferos marinhos

Trata-se de um instrumento para o monitoramento de grandes peces pelágicos e/ou depredadores (espécies focais) em Áreas Marinhas Protegidas (AMP) do Sistema Nacional de Áreas de Conservação (SINAC) da Costa Rica.Esse protocolo contém uma seleção de indicadores que permitirão avaliar o estado de conservação em que se encontram as espécies focais de ano para ano, com o objetivo de identificar mudanças a curto prazo e fornecer alertas rápidos aos tomadores de decisões. São propostas técnicas de monitoramento padronizadas, eficazes e acessíveis que não dependem necessariamente de pessoal científico especializado no campo. Em longo prazo, essas informações servirão para avaliar tendências populacionais, identificar ameaças e fortalecer a eficácia das AMPs para a conservação de um grupo de espécies cuja presença é vital para o funcionamento e a saúde dos ecossistemas.

Fatores facilitadores

Criação em 2016 do Programa Nacional de Monitoramento Ecológico (PRONAMEC), com o propósito de gerar e divulgar informações científicas sobre o estado de conservação da biodiversidade em toda a Costa Rica. Isso, como um instrumento para a tomada de decisões em nível local e nacional.

Lição aprendida
  • A participação ativa e o empoderamento dos guardaparques são fundamentais para obter um compromisso efetivo com o monitoramento.
  • É essencial dar continuidade ao monitoramento, garantindo as capacidades operacionais necessárias e o financiamento das iniciativas, como uma forma de promover a consistência dos dados e das informações.
  • A falta de embarcações dedicadas exclusivamente ao monitoramento é um obstáculo que limita a eficácia do programa, pois depende de recursos que se destinam a outras atividades.
  • É importante seguir um método científico rigoroso, que inclua a observação, a formulação de perguntas, a geração de hipóteses e a análise de problemas.
  • É essencial compartilhar e publicar os dados obtidos com a comunidade científica, para garantir que as informações sejam analisadas e usadas adequadamente.
  • Existem dificuldades para realizar identificações fotográficas efetivas das espécies devido ao seu desplazamento, de modo que é necessário aplicar métodos alternativos de coleta de dados, como a obtenção de muestras genéticas.

É necessário fazer recomendações de manejo com base nos dados recopilados para melhorar a gestão dos recursos marinhos.

Uso de câmaras remotas com carnada

De maneira específica, uma metodologia do Protocolo para a coleta de informações e o exercício de monitoramento consiste na instalação de estações em acero inoxidável com câmaras que registram uma localização específica durante um determinado período. Junto à cámara, há um contêiner de PVC com carnada para atrair espécies carnívoras, mas sem oferecer-lhes alimento.

Fatores facilitadores
  • Sem dúvida, um fator fundamental é o recurso econômico para a instalação dos equipamentos. O Protocolo sugere algumas alternativas no caso de não contar com o financiamento necessário para essa técnica de monitoramento, como a ampliação da área de monitoramento de transectos de peces de arrecife.

  • O fato de não implicar em impactos sobre os hábitos alimentares das espécies ou sobre os ecossistemas em geral, reduz os riscos e garante que a técnica não seja destrutiva nem invasiva.
Lição aprendida
  • A instalação de cámaras com carnada foi posicionada como uma metodologia efetiva e padronizada, que não atenta contra a integridade das espécies e que se desenvolve de maneira independente das práticas de pesca. Isso significa que não implica em um impacto ecológico.
  • Diferentemente de outras técnicas, como os censos visuais, o monitoramento por meio de cámaras gera observações mais confiáveis e objetivas e abrange áreas maiores em termos de profundidade e tempo de observação.
  • É recomendável instalar várias estações de maneira estratégica, com o objetivo de cobrir por completo áreas extensas de monitoramento.
  • De acordo com as pesquisas, essa técnica está sendo cada vez mais utilizada para monitorar espécies pelágicas e depredadoras, o que possibilita comparações em nível global.

Um aspecto importante para continuar incentivando o uso dessa técnica é a disposição correta dos carnês uma vez que estes já tenham sido utilizados.

Impactos
  • Implementação dos protocolos de monitoramento, adaptados às condições específicas das áreas protegidas.
  • Foi iniciada a construção de linhas de base para identificar e monitorar as espécies presentes nas áreas, o que contribui para enriquecer os indicadores de biodiversidade.
  • O empoderamento dos guardaparques da área protegida, graças à capacitação na tomada e geração de dados, bem como à aplicação dos protocolos de monitoramento, o que aumentou sua confiança e profissionalismo.
  • Foi fomentada a colaboração com operadores turísticos e com a comunidade local para relatar os acontecimentos e contribuir para a recopilação de dados.
  • A iniciativa busca impactar em geral toda a comunidade científica.
  • Os guardaparques foram incluídos como autores em artigos científicos, o que lhes dá reconhecimento e os motiva a continuar participando do monitoramento.
Beneficiários

Comunidade local da Isla del Coco, equipes de guardaparques da Área Protegida e operadores turísticos da zona

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
ODS 14 - Vida debaixo d'água
História

O trabalho dos guardaparques é fundamental para a proteção da biodiversidade e dos ecossistemas. Geiner Golfin Duarte é administrador da Área Marina de Manejo del Bicentenario, coordenador do programa de Gestão da biodiversidade e legado histórico e cultural do Parque Nacional Isla del Coco. Desde que iniciou o processo de ampliação do Parque Nacional Isla del Coco, em 2021, e a aplicação dos diferentes protocolos para o monitoramento da megafauna marinha nesta área protegida, tem sido testemunha do empoderamento de seus colegas, graças à capacitação que receberam para realizar o monitoramento, bem como à sua participação na obtenção e registro de dados que alimentam as informações sobre as espécies marinhas na Costa Rica, transformando-as em atores fundamentais para a conservação. Geiner relembra seus inícios e os de seus compañer@s guardaparques, que patrulhavam a área sem mais recursos do que seus conhecimentos do território. Apesar de os guardaparques serem, em muitos casos, subestimados pela ausência de títulos formais, a forma decidida com que enfrentaram os desafios da ampliação e do monitoramento em uma escala maior permitiu que outros atores, como a comunidade de cientistas, começassem a reconhecer seu valor na conservação. Dice que "em um ambiente em que as contribuições e reconhecimentos de autoridades e pesquisas eram frequentemente atribuídas a cientistas externos, ele tomou a iniciativa de incluir seus colegas como coautores nas publicações científicas". Essa ação não apenas validou seu trabalho, mas também serviu para despertar um sentido de orgulho e motivação na equipe, transformando cada registro de delfins ou descoberta de novas espécies em um logro coletivo. Com o tempo, Geiner entendeu que é necessário fortalecer as habilidades e capacidades das equipes de guardaparques que adotam esse tipo de processo, bem como garantir sua continuidade no trabalho, pois perder um colega é perder o conhecimento valioso que ele construiu. Graças a essa experiência, tanto ele como seus compañer@s sabem que são capazes de "gerar um dado ou implementar um protocolo com profissionalismo, o que contribui para preencher vazios de informações cruciais para decisões futuras em matéria de conservação e para uma melhor abordagem de controle de práticas como a pesca ilegal".