Siddharth Edake é Fellow e Area Convener do Centro de Biodiversidade e Serviços de Ecossistemas do Instituto de Energia e Recursos (TERI), Índia, que ganhou o Prêmio Pathfinder 2021 por sua Solução PANORAMA - "Fortalecimento da conservação da comunidade em um hotspot de biodiversidade".
Em poucas palavras, o que torna sua solução bem-sucedida?
O gerenciamento e o fortalecimento das áreas conservadas pela comunidade é uma solução que é "do povo... pelo povo e para o povo!
Essa é uma forma tradicional de conservação, documentada desde 1800, em que várias tribos e subtribos de Nagaland reservam uma determinada parcela de terra - pode ser uma floresta, um rio etc. - e a motivação para fazer isso também varia. Pode ser uma fonte de água, um local de reprodução para a vida selvagem etc
Entretanto, com a modernização e a falta de opções alternativas de subsistência, essa conexão com a natureza parecia estar diminuindo um pouco.Assim, o TERI, a pedido das comunidades em três vilarejos de Sukhai, Kivikhu e Ghukhuiye no distrito de Zunheboto, em Nagaland, atuou como catalisador e ajudou a rejuvenescer essa prática antiga por meio da mobilização da comunidade e da criação de sinergias. Ajudamos a rejuvenescer e conectar CCAs em todo o cenário piloto, sensibilizando as comunidades e obtendo seu apoio para a conservação por meio da criação de meios de subsistência.
Isso resultou em uma governança conjunta das CCAs, levando à conservação em nível de paisagem de grandes áreas contíguas de florestas, corredores protegidos maiores para a movimentação da vida selvagem, documentação do conhecimento indígena tradicional de natureza oral e melhores oportunidades de subsistência com o fluxo constante de turistas.
No ano passado, sua organização, a TERI, ganhou o Prêmio Pathfinder na categoria "Conservação da Biodiversidade". Do seu ponto de vista, como o prêmio beneficiou a sua organização e as comunidades com as quais você trabalha?
As comunidades de Nagaland ficam muito orgulhosas quando seus esforços são reconhecidos. Essas são áreas remotas que dificilmente são destacadas, dado o vasto e diversificado país que é a Índia. Esse prêmio ajudou a aumentar a confiança das comunidades Sumi com as quais trabalhamos e as motivou a manter seus esforços de conservação. Além disso, obrigou as comunidades dos vilarejos vizinhos, que compartilham seus limites e recursos com as CCAs, a se juntarem à rede, tornando-a um movimento popular.
No que diz respeito à política, mais uma vez trouxe à tona a discussão sobre o reconhecimento das CCAs em pé de igualdade com a Rede de Áreas Protegidas do país, que inclui Parques Nacionais, Santuários de Vida Selvagem e assim por diante.
A TERI decidiu entregar o prêmio em dinheiro recebido no âmbito do Pathfinder Award às comunidades, que, por sua vez, desejam usar para nomear jovens locais como guardas para uma melhor proteção de suas florestas comunitárias. Esses guardas nomeados localmente não apenas patrulharão as áreas, impedirão a caça e a pesca ilegais de pessoas de fora da área de conservação, mas também educarão as massas por meio de programas de conscientização.
Qual é a sua visão para a rede de CCAs de Nagaland?
A primeira documentação conduzida por minha organização revelou que um terço dos vilarejos de Nagaland (cerca de 407 vilarejos) constituiu CCAs e 82% desses 407 CCAs proibiram total ou parcialmente o corte de árvores e/ou a caça dentro dos CCAs, além de aplicar várias normas de conservação. Essas CCAs, que cobrem mais de 1.700 km2 e representam 18,5% da área florestal total registrada no estado, também contribuem para o armazenamento de carbono e são uma importante estratégia de mitigação e adaptação às mudanças climáticas.
Para garantir o futuro das CCAs de Nagaland e, portanto, de sua biodiversidade, o governo de Nagaland precisa aprovar uma política especial para integrar esse modelo de conservação da biodiversidade no mecanismo de governança e ampliá-lo por meio de uma abordagem multifacetada, incluindo apoio financeiro e reconhecimento legal. Além disso, as comunidades locais devem ser treinadas para monitorar seus recursos e desenvolver o turismo baseado na natureza, o que ajudará a gerar apoio para a conservação.
As redes de Áreas Protegidas e Conservadas, o conhecimento local e os meios de subsistência alternativos, que são os principais elementos de suas soluções, são reconhecidos e promovidos por organizações globais como essenciais para a resiliência de locais e comunidades vitais que vivem dentro e ao redor deles. Com base na sua experiência no local, que mensagens ou recomendações você gostaria de transmitir a essas organizações, a fim de apoiar ainda mais o trabalho que você e seus colegas estão fazendo?
Sempre ouça as comunidades e tente executar as ações que elas têm em mente.
Cultive os campeões locais. Ter defensores locais é fundamental para dar impulso à iniciativa e para que as comunidades se apropriem dela. Isso também leva à rápida disseminação de tais sucessos de conservação e à motivação contínua.
Aproveitar o conhecimento tradicional e as ricas tradições culturais e o patrimônio biológico das comunidades locais dá a elas um sentimento de orgulho de seu patrimônio e melhora os resultados da conservação.
O desenvolvimento de meios de subsistência alternativos e funcionais ligados à conservação é a tábua de salvação das iniciativas de conservação que incorrem em ônus financeiro. Portanto, é importante encontrar maneiras de identificar esses meios de subsistência.
Gostaria de compartilhar uma palavra final conosco?
Tem sido interessante observar como a COVID-19 teve um impacto mínimo nas comunidades da CCA. E a razão é que elas estão profundamente conectadas com seu ambiente, com a natureza, e não dependem do que a modernidade trouxe para o restante da população.
