Reabilitação de quebra-ventos
Esse exemplo de prática recomendada descreve os quebra-ventos como uma abordagem integrada para aumentar a produtividade da terra e a biodiversidade em diferentes níveis. Os quebra-ventos são uma medida bem conhecida contra a erosão eólica. Eles consistem em fileiras de árvores e arbustos ao longo das bordas dos campos agrícolas para proteger a camada superficial do solo dos ventos fortes. A abordagem foi implementada no leste da Geórgia entre 2009 e 2019 como parte dos programas "Sustainable Management of Biodiversity, South Caucasus" e "Integrated Biodiversity Management, South Caucasus". Nesses projetos, quebra-ventos de 11 km de extensão foram reabilitados e recém-estabelecidos, com árvores e arbustos plantados com 10 m de largura. As espécies de árvores incluíam amêndoa, árvore da China, oliva russa, pistache, pera selvagem, damascos selvagens, gafanhoto preto, freixo comum, hackberry caucasiano, pinheiro Eldar e olmo do campo. Essas espécies foram plantadas de acordo com o esquema de plantio desenvolvido, usando técnicas de preparação do solo e das mudas.
Contexto
Desafios enfrentados
Os quebra-ventos são uma forma importante de adaptação às condições de clima seco e de proteção dos campos agrícolas contra o vento e a erosão do solo. Nas décadas de 1950 a 1970, cerca de 1.800 km de quebra-ventos de árvores foram plantados em Shiraki. Mais de 90% deles foram destruídos pelo fogo ou por cortes ilegais para lenha. Os incêndios são causados por fazendeiros que queimam os resíduos da colheita e por pastores que queimam pastos e quebra-ventos para facilitar o crescimento de grama nova e limpar a terra.
Secas, incêndios e geadas, mas também o pastoreio de ovelhas e gado (migratório), bem como o corte ilegal de lenha, foram as principais dificuldades enfrentadas durante a reabilitação dos quebra-ventos. A falta de clareza da configuração institucional e gerencial com relação aos mandatos e obrigações para a manutenção do sistema de quebra-ventos agrava ainda mais a situação.
Localização
Processar
Resumo do processo
A abordagem descrita aqui abrange uma instrução passo a passo sobre a reabilitação ou o cultivo de quebra-ventos. Todos os blocos de construção, seleção do local e projeto principal, seleção de mudas e manutenção e proteção descrevem atividades e requisitos para a reabilitação de quebra-ventos. Eles incluem uma sequência de atividades, lições aprendidas e fatores facilitadores para sua implementação bem-sucedida.
O primeiro bloco começa com o projeto e a preparação do local para o plantio de espécies selecionadas de arbustos e árvores resistentes à seca. O plano de projeto também especifica as árvores a serem plantadas nas fileiras central e externa.
O segundo bloco mostra a seleção de árvores e arbustos robustos adaptados às condições climáticas locais e sua taxa de sobrevivência. Essas recomendações são baseadas em testes de campo durante a implementação do projeto e provaram seu valor para o vale de Shiraki. A irrigação e as condições para o plantio de mudas também são descritas nesse bloco.
O terceiro bloco mostra os resultados da análise de custo-benefício e como a proibição de queimadas pode melhorar a proteção dos quebra-ventos remanescentes e recém-estabelecidos. Ele inclui as próximas etapas para uma maior adaptação aos quebra-ventos e as condições que apoiam a sustentabilidade da abordagem no futuro.
Blocos de construção
Seleção de locais e projeto principal
O esquema de plantio deve ser adaptado às condições locais, bem como à localização, ao comprimento e à largura dos quebra-ventos. O quebra-vento pode consistir de três a quatro fileiras de diferentes espécies de árvores e arbustos com uma largura total de 10 m e uma distância de 400 a 500 m entre elas. Enquanto a fileira do meio consiste em árvores grandes (alfarroba negra, freixo comum, hackberry caucasiano, olmo do campo), as fileiras externas incluem árvores ou arbustos menores (amêndoa, árvore da China, azeitona russa, pistache, pera selvagem, damasco selvagem). A distância entre as árvores e os arbustos é de 2 a 3 m, com 2 a 3 m entre as fileiras em ordem xadrez.
Fatores facilitadores
As mudas devem ser plantadas no outono, de acordo com o plano bem elaborado, conforme descrito no gráfico anexo. Isso permite que a raiz descanse por um tempo e aumenta a chance de precipitação suficiente, chuva e neve. Os locais de plantio são preparados para garantir o fluxo de água. É aconselhável instalar tubos de proteção durante o inverno. Eles oferecem boa proteção contra vento e animais, com um aumento da taxa de sobrevivência em mais de 70%.
Lição aprendida
O cultivo intercalado de vegetais, como cebolas e batatas, em quebra-ventos pode trazer bons resultados e incentivar as pessoas a manter e proteger os quebra-ventos contra incêndios.
Seleção de mudas
Os quebra-ventos foram replantados no vale de Shiraki para combater a erosão eólica. Árvores e arbustos robustos foram identificados durante quase dez anos de testes com uma ampla variedade de espécies. As espécies locais que sobreviveram aos anos úmidos e aos anos extremamente secos e quentes foram selecionadas para Shiraki. Os viveiros locais forneceram suas mudas (em contêineres). A lista de espécies com uma boa taxa de sobrevivência em Shiraki é fornecida abaixo:
Arbustos para as fileiras externas: Amygdalus communis, taxa de sobrevivência: 40-80%; Koelreuteria paniculata, taxa de sobrevivência: 50-90%; Elaeagnus angustifolia, taxa de sobrevivência: 35-70%; Pistacia mutica, taxa de sobrevivência: 70-90%; Pyrus caucasica, taxa de sobrevivência: até 80%; Prunus armeniaca, taxa de sobrevivência: 65-75%.
Árvores da fileira central: Robinia pseudoacacia, taxa de sobrevivência: 50-75%; Fraxinus excelsior, taxa de sobrevivência: 40-55%; Celtis australis subsp. caucasica (syn. Celtis caucasica), taxa de sobrevivência: 50-80%; Ulmus minor, taxa de sobrevivência: 50-80%.
A maioria dessas árvores e arbustos é frutífera, tolerante à seca e frequentemente plantada para combater a erosão do solo em regiões áridas.
As mudas jovens devem ser regadas pelo menos 2 a 4 vezes por ano, com 5 a 10 litros cada, nos dois primeiros anos.
Fatores facilitadores
As sementes são coletadas de áreas de reabilitação maiores (de preferência de árvores e arbustos que tenham sobrevivido a secas recentes) para garantir a procedência adequada e a adaptação às condições ecológicas específicas do local.
As sementes devem ser preparadas profissionalmente para o plantio em um viveiro.
Lição aprendida
Os experimentos com o cultivo de amêndoas e damascos silvestres por semeadura foram bem-sucedidos. Menos bem-sucedido, mas ainda recomendável, foi o cultivo de pistache por semeadura.
Caso as mudas sejam transportadas por longas distâncias, elas devem ser cultivadas em recipientes especiais para garantir o bom desenvolvimento do sistema radicular e minimizar os danos causados pelo transporte. Se forem cultivadas perto do local de plantio e o tempo de transporte for curto, as mudas também poderão ser plantadas com raiz nua.
A experiência mostra que a maioria das plantas é segura e completamente autossuficiente após quatro anos.
Manutenção e proteção
A GIZ realizou uma análise de custo-benefício para avaliar o valor da proteção dos quebra-ventos remanescentes, os benefícios da palha como fertilizante e o impacto econômico da proibição da queima de resíduos da colheita. Os dados da pesquisa mostraram que a proibição da queima de resíduos da colheita ajudaria a proteger os quebra-ventos existentes. A trituração da palha durante a colheita e a subsequente integração da palha ao solo formam material orgânico e ajudam a armazenar umidade no solo. O aumento do conteúdo de carbono do solo aumentará a fertilidade do solo. O conteúdo de carbono do solo é um indicador importante para monitorar a neutralidade da degradação da terra (LDN).
A falta de clareza quanto à propriedade e à responsabilidade institucional são os principais obstáculos à construção da sustentabilidade dos quebra-ventos. Em nível político, um grupo de trabalho do Programa Nacional de Florestas escolheu a restauração de quebra-ventos como um tópico importante. Com o apoio da GIZ, o Ministério de Proteção Ambiental e Agricultura desenvolveu uma política de reabilitação e proteção de quebra-ventos. Com base nisso, foi iniciada uma nova lei sobre quebra-ventos para esclarecer a situação, definindo responsabilidades claras para a manutenção e o gerenciamento dos quebra-ventos. Até o momento, a lei está em fase preparatória no Comitê Agrário do Parlamento da Geórgia.
Fatores facilitadores
Para garantir a sustentabilidade da reabilitação dos quebra-ventos, essas etapas são importantes:
- Aprovação oficial da nova lei sobre quebra-ventos
- Início e desenvolvimento de um programa estadual de reabilitação e proteção de quebra-ventos para garantir um grau de autossuficiência na produção de trigo (para segurança nacional)
- Introdução de alternativas à queima agrícola
- Aumento da conscientização sobre os benefícios e o apoio dos usuários da terra no uso de resíduos agrícolas (por exemplo, para briquetagem, como palha para estábulos)
Lição aprendida
É importante controlar os incêndios, pois eles se espalham facilmente pelos campos. Se os agricultores continuarem queimando, o impacto dificilmente poderá ser mitigado de forma eficaz. A proibição legal da incineração ou da queima de resíduos de culturas protegerá melhor os agricultores contra incêndios imprevisíveis de fazendas vizinhas.
Impactos
Os quebra-ventos protegem a terra da erosão eólica e da seca, ajudam a aumentar a produtividade das colheitas e a produção de madeira. Os quebra-ventos proporcionam áreas de refúgio para espécies de plantas sensíveis a herbicidas e ao arado, além de abrigo e habitat de reprodução para pássaros e pequenos mamíferos, inclusive predadores de pragas agrícolas. A serapilheira melhora as condições do solo e tem um impacto positivo sobre a diversidade de vertebrados do solo, além de reduzir a velocidade do vento em até 200 m em terras aráveis, resultando em uma redução da erosão eólica da camada superficial do solo, o que aumenta a produtividade do solo. Além disso, os quebra-ventos melhoram o microclima para as culturas que crescem em seu abrigo, reduzindo a perda de umidade.
A restauração dos quebra-ventos ajuda a proteger o vale de Shiraki da transformação em estepes nas próximas décadas. Além disso, os quebra-ventos ajudam a tornar o gerenciamento da terra mais resistente aos efeitos da mudança climática.
Beneficiários
Os beneficiários são as famílias e os agricultores, pois os quebra-ventos têm um impacto positivo na produção agrícola e de madeira. A população local e os animais (pássaros, pequenos mamíferos, insetos) podem se beneficiar dos impactos ecológicos e climáticos positivos.