A comunicação como uma ferramenta para a governança local no Golfo de Tribugá

Solução completa
Jovens que se envolveram gradualmente nos workshops de vídeo
MarViva
Estratégias de envolvimento e alcance da comunidade para o gerenciamento de manguezais foram promovidas no Golfo de Tribugá, buscando o bem-estar das comunidades locais, a preservação de sua cultura e a proteção dos recursos naturais.
Última atualização: 30 Sep 2020
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Contexto
Desafios enfrentados
Degradação de terras e florestas
Perda de ecossistema
Falta de oportunidades alternativas de renda
Mudanças no contexto sociocultural
Falta de conscientização do público e dos tomadores de decisão
Monitoramento e aplicação deficientes
Governança e participação deficientes
Promover a governança local, divulgar o trabalho atual e aumentar a participação no planejamento O mangue é vital para os habitantes do Golfo de Tribugá, por isso eles decidiram desenvolver planos de gestão para identificar a situação dos mangues, propor estratégias de zoneamento e regras de uso. Era fundamental conseguir a ampla participação das comunidades e a divulgação eficaz do processo. O Coletivo de Comunicação serviu como um canal para divulgar as atividades e incentivar a participação.
Escala de implementação
Subnacional
Nacional
Ecossistemas
Mangue
Tema
Atores locais
Gerenciamento espacial costeiro e marinho
Cultura
Localização
Nuquí, Chocó, costa do Pacífico da Colômbia
América do Sul
Processar
Resumo do processo
A inserção nas comunidades e o desenvolvimento de uma parceria baseada em confiança e interesses mútuos "abrem as portas" para a elaboração participativa de projetos de interesse das comunidades. Esse projeto e sua implementação são mais participativos e apoiados por um número maior de pessoas. Os mecanismos formais de comunicação favorecem a transferência de informações para a comunidade, evitando a desinformação e aumentando o interesse no processo. As tecnologias utilizadas, baratas e fáceis de aplicar, permitiram a rápida disseminação do processo, atingindo rapidamente a maior parte da população e garantindo que as informações fluam adequadamente em todos os setores e que haja uma apropriação do processo. É importante promover o empoderamento das estruturas comunitárias para que elas possam tomar decisões, como a criação do Coletivo de Comunicação, que nasceu com amplo apoio das comunidades. Esse processo não poderia ter sido implementado sem o treinamento técnico dos jovens, a transferência de tecnologia e o fornecimento de equipamentos (câmeras, microfones, estação de rádio etc.).
Blocos de construção
Metodologias participativas
O "Coletivo de Comunicação Puja" foi criado por meio de oficinas de treinamento e laboratórios para incentivar a participação da comunidade nos processos de planejamento do uso da terra do município de Nuquí. Durante a criação do Coletivo, iniciou-se a formulação do plano de manejo da região, que foi documentado desde o início pelo trabalho do Coletivo de Comunicação. Os jovens das comunidades, previamente treinados, se dedicaram ao processo de produção de vídeos, entrevistas com participantes e áudios para a rádio local. Isso possibilitou que a comunidade participasse do processo. A divulgação dos acordos do processo e das opiniões da comunidade gerou mais interesse, e as pessoas foram aos locais onde as atividades estavam sendo realizadas e se envolveram na dinâmica. Com câmera, vídeo e gravador de áudio em mãos, o Coletivo possibilitou que as opiniões fossem compartilhadas e que o processo fosse apresentado de forma dinâmica e participativa. O entusiasmo crescente e a participação da comunidade foram os resultados do processo, que incluiu outras questões da comunidade, como assistência médica e enchentes.
Fatores facilitadores
A existência de um grupo treinado de jovens da comunidade possibilitou que o Coletivo tivesse acesso à comunidade, sem dificuldades ou reservas. O fato de ter um processo ativo (o desenvolvimento do plano de gestão) que era de interesse da comunidade ajudou o processo de comunicação e a participação de um grande número de pessoas. A estação de rádio local pôde alcançar todas as comunidades e disseminar notas e comentários produzidos pelo Coletivo.
Lição aprendida
A elaboração de uma estratégia de comunicação comunitária depende muito da existência de um cenário e de um contexto reais nos quais a estratégia será desenvolvida e implementada. Quando a comunicação é enfocada apenas como um exercício teórico, ela perde sua razão de ser, perde sua justificativa e utilidade. O Coletivo de Comunicação tem sido um exemplo bem-sucedido porque cresceu junto com exercícios de construção coletiva que a comunidade identificou como relevantes (como o Plano de Gestão). O Coletivo é uma forma eficaz de promover a participação da comunidade e disseminar as conquistas do processo. Foi um fator de sucesso o fato de as equipes de apoio técnico e as comunidades terem desenvolvido estratégias, cenários e dinâmicas de troca de conhecimentos e experiências antes de iniciar a intervenção
Transferência de tecnologia
Uma aliança entre o Conselho Geral da Comunidade Los Riscales, a Fundação MarViva e a Fundação Laboratorio Accionar permitiu o estabelecimento da Comunicação Coletiva. O objetivo do Coletivo é transformar as práticas sociais, fortalecer os processos de governança local e construir cenários participativos de defesa política. Por meio de anúncios nas comunidades, foi escolhido um grupo de "monitores" responsáveis por realizar as tarefas de comunicação. No processo de transferência de técnicas de comunicação comunitária e capacitação dos jovens, foi fundamental facilitar a atitude de autodidatismo e a capacidade de gerar projetos e conteúdos próprios. O Coletivo também recebeu equipamentos básicos, como câmeras baratas para fotografia de vídeo, gravadores de áudio e computadores. Por meio de laboratórios móveis de rádio comunitária e comunicação em vídeo, o Coletivo foi treinado em técnicas de desenvolvimento de conteúdo e manuseio de equipamentos. Cada comunidade escolheu os tópicos com os quais queria trabalhar, de acordo com os interesses e as prioridades de cada comunidade. Os membros do Coletivo têm tido, desde então, a possibilidade de praticar, explorar e produzir seu próprio conteúdo de forma autônoma.
Fatores facilitadores
A existência de um vácuo de mídia na região garantiu o sucesso da iniciativa. A possibilidade de realizar atividades com equipamentos de baixo custo e de fácil manuseio proporcionou aos jovens os meios para criar produtos audiovisuais. O foco em questões relevantes para cada comunidade e não em tópicos gerais de importância nacional permitiu a rápida identificação das comunidades com os produtos.
Lição aprendida
As técnicas de comunicação coletiva são facilmente incorporadas pelos jovens das comunidades. Equipamentos audiovisuais de baixo custo são muito eficazes na geração de informações de interesse das comunidades. O conteúdo deve se concentrar em questões de interesse de cada comunidade, o que garante maior participação e comprometimento. A geração de vídeos e programas de rádio permite que as comunidades influenciem as decisões políticas sobre o gerenciamento dos recursos marinhos em sua região. Os processos de comunicação coletiva consolidaram a liderança social dentro das comunidades.
Inserção na comunidade
A construção da confiança entre a MarViva e os Conselhos Comunitários de cada comunidade levou mais de quatro anos antes do desenvolvimento do Coletivo de Comunicação. A criação de uma associação entre o Coletivo e a Fundação foi baseada no respeito aos interesses, às decisões e ao papel dos Conselhos Comunitários. Essa parceria permitiu a inserção da Fundação nas comunidades, onde ela é vista positivamente como um parceiro estratégico. Essa integração foi fortalecida por processos anteriores bem-sucedidos, nos quais as comunidades perceberam os benefícios da parceria e o "fair play" da Fundação.
Fatores facilitadores
Estabelecer relações pessoais com os líderes comunitários para se reunir e discutir individualmente a visão desses líderes comunitários. Criar métodos participativos na tomada de decisões que desenvolvam uma aceitação e identificação com as decisões tomadas.
Lição aprendida
Investir tempo para criar uma parceria sólida com as comunidades é essencial para obter experiências bem-sucedidas. Esse relacionamento requer tempo e interações constantes com os líderes comunitários. É importante estabelecer regras claras para essa interação desde o início. O respeito da Fundação pelas decisões da comunidade e o fato de não assumir o papel de liderança foram elementos que ajudaram a criar essa confiança.
Impactos
O Plano de Gestão de Manguezais foi desenvolvido por meio de um processo participativo no qual o Coletivo de Comunicação manteve a maior parte do público informada sobre os objetivos e o progresso no desenvolvimento do Plano. Isso incentivou a participação da comunidade e a implementação bem-sucedida do plano. Agora, 75% das visitas para a extração de lenha e mexilhões ocorrem em áreas designadas como de "uso sustentável". 80% dos mexilhões extraídos agora atendem ao tamanho mínimo de captura acordado (5 cm). A obtenção desses níveis de conformidade dependeu muito da estratégia que o Coletivo de Comunicação desenvolveu para apoiar o gerenciamento desses ecossistemas e informar as pessoas sobre esse processo. A formação do Coletivo de Comunicação possibilitou a produção regular de vídeos e entrevistas de rádio sobre questões ambientais e culturais, o que aumentou a participação das comunidades costeiras de Chocó no processo.
Beneficiários
3785 pessoas das comunidades do Golfo de Tribugá que participaram do processo
História
No mangue, as comunidades encontram moluscos, peixes, madeira para construção e lenha para cozinhar. É o local estratégico onde os peixes se reproduzem e depois migram para os mares vizinhos; sem os mangues, a pesca é difícil e os alimentos são escassos. Além de sua importância para a subsistência, o mangue está ligado a muitas práticas tradicionais, culturais e medicinais. Por esse motivo, em 2008, o Conselho Geral da Comunidade "Los Riscales" decidiu desenvolver o Plano de Manejo do Mangue com o apoio de várias instituições. Esse processo permitiu que as comunidades identificassem a situação dos manguezais e propusessem estratégias de zoneamento e regras de uso dos recursos. Em duas das áreas demarcadas, as zonas de recuperação e preservação, a maioria dos usos dos manguezais é restrita, enquanto a extração de recursos é regulamentada na área de uso sustentável. Os delegados e coordenadores do Plano de Gestão de Manguezais identificaram a importância da comunicação para disseminar o trabalho que está sendo feito e aumentar a participação da comunidade nesse processo. Sob esse conceito, o Coletivo de Comunicação se dedicou a criar vídeos e gravações que permitem a conscientização sobre tópicos como problemas do mar, a necessidade de um plano de gestão e o progresso na elaboração e implementação desse plano. Foi criada uma estação de rádio local, que permite a divulgação de entrevistas e programas de rádio para informar e aumentar a conscientização das comunidades da área.
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Outros colaboradores
Kelly Rojas
Coordenador de Comunicação - MarViva