
Conectando áreas-chave de biodiversidade - Caso da Floresta de San Antonio, Colômbia

A Floresta de San Antonio contribui para a conectividade ecológica com o Parque Nacional Natural Farallones de Cali. Apesar de sua enorme importância, a área está sob grandes ameaças, como a perda de cobertura natural devido à crescente construção de moradias e à expansão da fronteira agrícola.
Para reverter essa situação, foram desenvolvidos acordos de conservação para a gestão e o uso sustentável de suas terras.
Nesse sentido, mais de 50 acordos para a conservação e restauração de faixas de proteção de água foram implementados, bem como a inclusão da área nos planos municipais de uso da terra.dentro da estrutura de um sistema de governança compartilhada, desenvolvendo ações de planejamento integrado e participativo para a gestão sustentável do território e para a proteção dos recursos hídricos que abastecem a população local e as áreas vizinhas.
Contexto
Desafios enfrentados
A expansão urbana e a mudança no uso da terra, associadas à construção de moradias e atividades agrícolas, com a consequente fragmentação da área, são as principais pressões que geram a perda de conectividade e a fragmentação da área.
Outros fatores que afetam a integridade ecológica da área são:
- Turismo não planejado e não regulamentado.
- A extração de produtos madeireiros e não madeireiros.
- A perda da identidade rural.
- Uma grande ocupação de faixas de proteção de água.
- Baixa capacidade de associativismo e cooperativismo da comunidade.
- Fonte de financiamento insustentável para a iniciativa (constituída pelo Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos).
Localização
Processar
Resumo do processo
A Área Florestal Chave para a Biodiversidade (CBA) de San Antonio forma um corredor de conectividade no qual, por meio de acordos de conservação públicos e privados, bem como de ações de conservação e restauração ecológica, recebe políticas destinadas a reduzir as consequências prejudiciais geradas pelo desenvolvimento urbano (em contínua expansão), a expansão da fronteira agrícola, o corte exaustivo de florestas, entre outros.
Cada área tem sua própria gestão; no caso de propriedades privadas, ela é realizada pelos proprietários com o apoio de organizações de base que acompanham o processo.
No caso de áreas públicas, o gerenciamento é realizado pela autoridade ambiental de acordo com sua jurisdição e competência.
Blocos de construção
Mosaico de conservação composto por propriedades privadas que contribuem para a conectividade ecológica.
Estratégia de conservação complementar liderada por organizações da sociedade civil que buscam manter a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos com ênfase especial na conectividade das espécies (espécies-alvo).
Fatores facilitadores
Consolidação das funções das organizações da sociedade civil alinhadas ao objetivo de conservação.
Lição aprendida
Uma lição importante é a construção da confiança e da comunicação, especialmente com os atores da comunidade local, que viram suas contribuições, experiências e posições refletidas no processo de gestão da área.
Isso fortaleceu a confiança no relacionamento e também promoveu a articulação conjunta das organizações.
Acordos de conservação para o gerenciamento e uso sustentável de terras
Implementação de 50 acordos de conservação, restauração de 600 ha de faixas de proteção de água e gestão com instituições públicas para a inclusão da área nos planos de uso da terra dos municípios.
Fatores facilitadores
Articulação de atores representativos da sociedade civil em nível comunitário e de instituições locais cuja vontade política esteja alinhada com os objetivos de conservação.
Lição aprendida
Uma lição importante para aqueles que lideram os processos foi entender que a sustentabilidade e o sucesso do processo dependem, em grande parte, do compromisso das ONGs e das comunidades, considerando que o compromisso e o apoio do governo local (prefeituras e outras entidades associadas) são temporários, dependendo do contexto político dos interesses, objetivos e prioridades propostos por cada período de governo, de acordo com sua linha de trabalho, por isso é necessário trabalhar permanentemente com esse último ator.
Plano Estratégico de Médio Prazo para a Conservação de Áreas elaborado entre a rede de atores com base no diagnóstico ambiental e socioeconômico.
O plano, que considera um período de 10 anos, foi desenvolvido pela The Nature Conservancy (TNC) com base na implementação da ferramenta metodológica "Planning for Conservation Areas" (PCA).
O plano tem cinco programas, a saber:
1. Estratégias de conservação e restauração
2. Uso e gerenciamento sustentável da biodiversidade e de seus serviços ecossistêmicos.
3. Conhecimento e pesquisa
4. Empoderamento
5. Cogestão articulada e compartilhada (governança ambiental participativa).
Fatores facilitadores
A disposição dos atores envolvidos e a assistência técnica das organizações de apoio.
Lição aprendida
A sinergia e o compromisso entre todos os atores são elementos importantes para a orientação e a implementação de instrumentos de gerenciamento.
Impactos
- A implementação de 50 acordos de conservação.
- A restauração de 600 ha de faixas de proteção de água.
- Gestão pública para a inclusão da área nos planos de uso da terra dos municípios.
- Uma intenção clara de ampliar a extensão atual da Área Chave de Biodiversidade da Floresta de San Antonio para 10.000 ha.
- Maior conectividade estrutural e funcional com o Parque Nacional Natural Farallones de Cali.
Beneficiários
A população de Cali e outras áreas periféricas dos municípios de Cumbre, Dagua e Yumbo.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
História

A governança do Bosque San Antonio CBA é composta por 8 organizações e 4 municípios. Esse é um processo apoiado pelo Fundo de Parceria para Ecossistemas Críticos.
A governança é compartilhada e associativa, e suas comunidades são os principais atores que participam do processo.
O CBA tem áreas protegidas públicas nacionais e regionais e seis reservas naturais da sociedade civil, reconhecidas pelo sistema de áreas protegidas da Colômbia, o que implica um grande esforço privado de conservação complementar da sociedade civil.
O tipo de governança no Bosque San Antonio é inspirado nos fundamentos estabelecidos pela União Internacional para a Conservação da Natureza .
Com base nisso, foi criada uma estrutura de grupo de foco e foi desenvolvido um plano estratégico de 10 anos para delinear ações de conservação para o sistema de floresta nublada e seus serviços de ecossistema.
A promoção e a criação de áreas de conservação da sociedade civil enquadradas nesse modelo de governança associativa e gestão compartilhada foram fundamentais.
Isso permitiu que as diferentes propriedades fossem articuladas e que houvesse conectividade entre os atores nos quatro municípios, de modo que as áreas de conservação fragmentadas pudessem ser implantadas em um sistema interconectado.
Observação:
A sistematização desse caso foi realizada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN). O caso foi destacado em uma pesquisa para identificar Estratégias Complementares de Conservação (CCS) na Colômbia, realizada pelo ICLEI América do Sul em 2018. Para obter mais informações: http://sams.iclei.org/es/que-hacemos/proyectos-en-ejecucion/areas-protegidas-locales/colombia.html
As ações da IUCN e do ICLEI ocorreram no âmbito do projeto regional Áreas protegidas e outras medidas de conservação baseadas em áreas em nível de governo local, e foram apoiadas financeiramente pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ) GmbH. O projeto regional é implementado pelos Ministérios do Meio Ambiente do Brasil, Colômbia, Equador e Peru, e pela GIZ, em cooperação com o ICLEI e a IUCN. O projeto regional é apoiado pelo Ministério Federal Alemão do Meio Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear (BMU) no âmbito da Iniciativa Internacional do Clima (IKI).