Áreas urbanas protegidas no Vale do Aburrá, um caminho de gestão promissor para a apropriação social da biodiversidade e de seus serviços ecossistêmicos.

Solução completa
APAburra1
Área Metropolitana del Valle de Aburrá

O Vale do Aburrá é uma paisagem interandina na qual está localizada uma cidade de 3,6 milhões de habitantes. Graças a processos notáveis de participação cidadã, esforços técnicos valiosos e uma vontade política estável, a autoridade ambiental urbana declarou 6 áreas protegidas: Parque Natural Regional (Cerro El Volador) e Áreas de Recreação (Nutibara, La Asomadera, Piamonte, El Trianón-La Heliodora e Ditaires). A Área Metropolitana do Vale do Aburrá já está colhendo os frutos dos esforços para conservar a biodiversidade e os serviços ecossistêmicos, a adaptação climática e a qualidade de vida em um contexto com grandes desafios de poluição do ar, déficits de espaço público e saúde pública. A ação do Estado, a propriedade dos cidadãos/empresas e a gestão do conhecimento demonstram que essas áreas são laboratórios promissores para a transformação cultural e a resiliência urbana em face das mudanças climáticas.

Última atualização: 22 Aug 2022
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Contexto
Desafios enfrentados
Calor extremo
Enchentes
Degradação de terras e florestas
Perda de biodiversidade
Usos conflitantes / impactos cumulativos
Espécies invasoras
Poluição (inclusive eutrofização e lixo)
Gerenciamento ineficiente dos recursos financeiros
Desenvolvimento de infraestrutura
Falta de acesso a financiamento de longo prazo
Monitoramento e aplicação deficientes
Governança e participação deficientes
Desemprego / pobreza

Aumento do reconhecimento do Sistema Nacional de Áreas Protegidas, concentrado por razões técnicas e econômicas em áreas selvagens (Parques Nacionais) com ameaças intensas.
2. avaliação da eficácia da gestão de acordo com os objetivos/objetivos de conservação alinhados ao contexto urbano.

3. Oferta contínua de atividades dinâmicas para um público visitante regular e mais comprometido com sua conservação.

4. aumento da capacidade institucional (recursos humanos/financeiros) para sua administração e gerenciamento.

5. Autoridade ambiental e de planejamento urbano eficaz para melhor gestão/mitigação de ameaças e pressões de transformação.

6. Articulação com os municípios. Ação conjunta/diferenciada para uma gestão mais robusta.

7. Integração da paisagem. Ambientes favoráveis à sua conservação. Regulamentação de zonas de amortecimento.

8. Qualificação da infraestrutura (trilhas, estadias, sinalização) em áreas com maior capacidade de carga recreativa.

Escala de implementação
Local
Global
Ecossistemas
Floresta tropical perene
Área úmida (pântano, brejo, turfa)
Infraestrutura, redes e corredores de conexão
Espaços verdes (parques, jardins, florestas urbanas)
Áreas úmidas urbanas
Tema
Integração da biodiversidade
Fragmentação e degradação do habitat
Adaptação
Redução do risco de desastres
Serviços de ecossistema
Restauração
Financiamento sustentável
Governança de áreas protegidas e conservadas
Cidades e infraestrutura
Saúde e bem-estar humano
Atores locais
Planejamento do gerenciamento de áreas protegidas e conservadas
Planejamento espacial terrestre
Planejamento urbano
Divulgação e comunicações
Ciência e pesquisa
Cultura
Gerenciamento florestal
Turismo
Localização
Antioquia, Colômbia
América do Sul
Processar
Resumo do processo

A declaração de áreas urbanas protegidas possibilita a preservação de áreas de alta importância ecológica e social em um contexto particularmente denso de interesses e conflitos. As APs constituem um determinante ambiental do planejamento do uso da terra e são a norma de mais alta classificação nos planos de uso da terra dos municípios. No entanto, sua conservação efetiva transcende a esfera legal: sem contribuições empresariais, articulação institucional pública e, principalmente, pressão dos cidadãos, não será possível manter e aumentar os serviços ecossistêmicos que elas prestam à sociedade metropolitana do Vale do Aburrá. Por esse motivo, as atividades recreativas, educativas, lúdicas e de pesquisa que vêm sendo desenvolvidas há mais de 11 anos são a melhor garantia de uma transformação cultural baseada nas contribuições da natureza para o bem-estar das pessoas. A sustentabilidade dessas áreas depende disso para o benefício de um território com alto déficit de espaço público e com problemas de convivência cidadã e saúde física e mental acentuados pela poluição do ar, segregação socioespacial, condições de pobreza e efeitos da atual pandemia.

Blocos de construção
Estratégias lúdicas, pedagógicas e comunicativas para a apropriação social de áreas protegidas.

A garantia da conservação das áreas urbanas protegidas, além do exercício técnico e legal de declará-las, é um processo robusto de envolvimento social. Para isso, tem sido fundamental o desenvolvimento de ações e estratégias para promover a recreação e a educação ambiental no entorno das áreas protegidas, ampliando a consciência coletiva sobre a importância de sua conservação, não só para a biodiversidade, mas também para a qualidade de vida na cidade.
A apropriação de conceitos socioecológicos torna-se um fator-chave para atingir os objetivos de conservação das áreas protegidas. Na medida em que as partes interessadas se comprometam e reconheçam os valores e os serviços ecossistêmicos que esses tipos de espaços proporcionam para o desenvolvimento sustentável das cidades, garante-se a permanência, ao longo do tempo, desses espaços em condições desejáveis para a conservação da biodiversidade e da amenidade, do desfrute, do bem-estar e da saúde física e mental de todos.

Fatores facilitadores

A continuidade dos processos de apropriação social baseados na educação ambiental e na comunicação pública para a biodiversidade fornece ferramentas para a gestão e o cogerenciamento adequado das áreas protegidas, facilitando ações coordenadas entre todas as partes interessadas: instituições, cidadãos, acadêmicos e o setor privado.

Lição aprendida
  • As estratégias de educação e dinamização ambiental por meio de atividades como passeios interpretativos, ioga, tecelagem, observação de aves etc., permitem um melhor aprendizado, compreensão e apropriação das áreas protegidas, na medida em que se constrói outro tipo de relação entre o ser humano e a natureza e a busca de uma visão biocêntrica da vida, em que as interdependências são reconhecidas.
  • Outras ferramentas educativo-ambientais são fortalecidas e disponibilizadas, assim como outras ações de conservação que estavam sendo desenvolvidas por cidadãos e outros atores antes da declaração.
  • A incorporação à cidadania e ao governo de certos conceitos baseados no diálogo de conhecimentos ajuda na conservação dos ecossistemas e da biodiversidade.
  • A ação participativa como eixo fundamental para o sucesso da gestão das áreas protegidas.
  • Outros atores e setores estão envolvidos na estratégia de conservação das áreas protegidas, inclusive universidades e empresas, que fazem contribuições com base em seus interesses e capacidades específicos.
Vínculos estratégicos para o gerenciamento de áreas protegidas no contexto urbano

A relação entre os atores (institucionais, cidadãos, acadêmicos e setor privado) permite a criação de mecanismos de administração e cogestão que respondem às necessidades da área protegida e a gestão eficaz no âmbito da execução dos Planos de Gestão contribui para a governança ambiental das áreas protegidas.

Fatores facilitadores
  • A otimização dos recursos e das capacidades institucionais na implementação de planos de gestão de áreas protegidas para seu gerenciamento eficaz.
  • A definição das funções e competências dos diferentes atores em relação às áreas protegidas permite maior clareza em termos de instâncias de ação e participação em sua gestão, controle e monitoramento.
  • Ela fortalece a participação dos cidadãos e as alianças interinstitucionais governamentais, comunitárias e privadas.
Lição aprendida
  • Reconhecimento das ações, dos conhecimentos e das iniciativas dos cidadãos em relação à conservação e à proteção desses espaços estratégicos para a manutenção da biodiversidade e a preservação dos serviços ecossistêmicos.
  • A cogestão promove o diálogo interinstitucional e a troca de conhecimentos para desenvolver uma construção conjunta das áreas protegidas, o que permite o fortalecimento da confiança entre os atores, atingindo níveis de boa governança.
  • A contribuição da iniciativa privada contribui para a sustentabilidade das áreas protegidas urbanas, além de ser potencialmente funcional para as ações de responsabilidade ambiental do setor privado.
Áreas protegidas como determinantes ambientais no planejamento do uso da terra.

As áreas protegidas no contexto urbano tornam-se um determinante ambiental do planejamento e do ordenamento territorial, que, por serem regulamentações de nível superior, protegem esses espaços de mudanças que possam ser consideradas em relação a usos do solo que não sejam a conservação e a preservação da biodiversidade e a dependência de vontade política para sua gestão.

Fatores facilitadores
  • Fornecer orientação às administrações municipais sobre o uso da terra dentro de áreas protegidas, garantindo espaços verdes que ajudem a se adaptar e mitigar os efeitos das mudanças climáticas e a responder aos desafios de cidades resilientes, sustentáveis e biodiversas.
  • Reduzir a ocorrência de conflitos socioambientais em torno de ecossistemas estratégicos em áreas urbanas.
  • Favorecer o cumprimento dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável e das metas da IAHSI do Plano Estratégico da Convenção sobre Diversidade Biológica.
Lição aprendida

O fato de as áreas protegidas serem determinantes ambientais do planejamento do uso do solo é a possibilidade mais clara que existe para evitar a alteração, a degradação ou o desaparecimento de ecossistemas estratégicos no contexto urbano, favorecendo o direito coletivo a um meio ambiente saudável, já que não podem ser ignoradas pelas administrações municipais ou pela vontade política do momento.

No entanto, não é suficiente incorporá-los aos instrumentos de planejamento para posicionar a designação, a regulamentação e a administração para alcançar objetivos específicos de conservação nas políticas públicas e garantir que haja um compromisso efetivo com eles. A coordenação e a articulação interinstitucionais são necessárias para conseguir uma gestão eficaz das áreas protegidas em um cenário particularmente denso de conflitos e interesses, como é o caso da paisagem urbana.

Impactos

A declaração dessas áreas representa um passo importante para a atenuação significativa das ameaças e a proteção definitiva de espaços verdes de alto valor ecológico e social em meio a uma matriz densamente urbanizada. Isso aumentou o conhecimento da biodiversidade urbana da região, bem como o reconhecimento e a valorização dos serviços ecossistêmicos, como a regulação microclimática, a captura de material particulado, a regulação da água e os benefícios cognitivos, culturais e espirituais associados à biodiversidade, entre outros. Todos eles fazem parte do patrimônio paisagístico da região e um deles também foi declarado Bem de Interesse Cultural Nacional (El Volador) por seus valores históricos e arqueológicos, constituindo um patrimônio misto (natural e cultural).
Isso gerou um cenário para o fortalecimento da governança ambiental por meio de atividades recreativas, de lazer, educacionais e de pesquisa (incluindo teses de doutorado), bem como de comunicação pública e tomada de decisões.

Elas também fortaleceram a rede ecológica urbana, da qual são nós estruturantes, e o Sistema Metropolitano de Áreas Protegidas, transformando-as em um determinante ambiental e em uma norma hierárquica superior nos processos de planejamento do uso da terra desenvolvidos pelas administrações locais.

Beneficiários

Cerca de 3,5 milhões de pessoas da região metropolitana do Vale do Aburrá, composta por dez municípios (Caldas, La Estrella, Sabaneta, Envigado, Itagüí, Medellín, Bello, Copacabana, Girardota e Barbosa). Visitantes nacionais/internacionais

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
ODS 3 - Boa saúde e bem-estar
ODS 4 - Educação de qualidade
ODS 11 - Cidades e comunidades sustentáveis
ODS 13 - Ação climática
ODS 15 - Vida na terra
História
Área Metropolitana do Vale do Aburrá
APAburra7
Área Metropolitana del Valle de Aburrá

O banco de germoplasma da Área de Recreação Cerro La Asomadera[1] [1] Alguns elementos dessa história foram retirados da crônica "El cerro que asoma a otros cerros".

[1] Alguns elementos dessa história foram retirados da crônica "El cerro que asoma a otros cerros". Recuperado de https://www.periferiaprensa.com/index.php/component/k2/item/2537-el-cerro-que-asoma-a-otros-cerros
De acordo com os relatos de seus habitantes, o nome La Asomadera foi dado a ela porque as pessoas vinham olhar para fora, para se despedir de seus visitantes. Era uma rota obrigatória para Medellín, e os viajantes ou tropeiros que chegavam do sul do Vale do Aburrá tinham que atravessá-la. De lá, era possível ver todo o vale, um lugar coberto de canaviais e ravinas perigosas à sombra das goiabeiras. Com o tempo, ficou cheio de casas. Depois, tornou-se um depósito de lixo. Finalmente, graças aos esforços de cidadãos como Don Herman e Don Hernando, esse lugar se tornou uma reserva repleta de uma variedade de flora e fauna. Um arboreto tão importante quanto o Jardim Botânico oficial da cidade. O lixão foi transformado em um paraíso. Eles removeram o entulho e o lixo, organizaram caminhos e plantaram árvores por toda parte. Cidadãos de bairros próximos, organizações ambientais e instituições educacionais participaram desse processo. Depois de quase 32 anos do início do plantio, e com a declaração em 2011 como área protegida, esse se tornou um lugar importante que articula diferentes atores que mobilizam ações em torno de sua conservação. Atualmente, há mais de 411 espécies de flora colombiana nativa e 81 espécies de pássaros. Além de contar com um viveiro convertido em banco de germoplasma para a conservação de espécies nativas do território nacional e regional em um total de 26,6 hectares. Com as atividades de dinamização, os atores que convergem para esse local já sabem, por exemplo, o que é um gambá e por que conservá-lo (além de seu direito natural de existir!). Essa área protegida e as demais áreas que compõem o Sistema Metropolitano de Áreas Protegidas são um laboratório socioecológico onde são ministradas aulas de ioga, plantio de hortas, gestão de resíduos, observação de aves e biodiversidade. Um espaço de mobilização coletiva para a conservação, a construção da cidadania ambiental e a conscientização de cidadãos, empresários, setor público e acadêmicos.

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