Gestão municipal e iniciativa privada: juntos pela sustentabilidade ambiental da Amazônia equatoriana.
A Área de Conservação Ecológica Municipal de Tinajillas Río Gualaceño foi criada em 2014 sob uma Portaria Municipal para conservar 31.959,35 ha de floresta tropical na entrada da Amazônia equatoriana. A área é administrada pelo Governo Descentralizado Autônomo Municipal (GAD) do Cantão Limón Indanza e faz parte do modelo de desenvolvimento cantonal focado na articulação da gestão local com a sustentabilidade ambiental. Essa área representa um processo com alta gestão institucional e iniciativas diversificadas para a sustentabilidade financeira. Seu objetivo é conservar a integridade ecológica dos ecossistemas, a biodiversidade e a beleza cênica da paisagem para uso sustentável por meio de iniciativas econômicas ambientalmente corretas. O local também é estratégico em nível regional porque faz parte do corredor biológico Sangay Podocarpus, que, por sua vez, faz parte do Corredor de Conservação Abiseo-Cóndor-Kutucú.
Contexto
Desafios enfrentados
Os desafios que a área enfrenta são os seguintes:
- Impedir concessões de mineração e interromper as atividades de mineração.
- Avançar em direção à governança participativa para tornar as estratégias de conservação e sua implementação mais eficazes.
- Conhecer a situação da posse da terra, a fim de resolver os problemas associados antes que a área entre no Sistema Nacional de Áreas Protegidas.
- Disseminar e promover a adoção de boas práticas de sustentabilidade nas atividades econômicas realizadas no território.
- Conseguir 100% de financiamento das atividades programadas no plano de manejo para sua conservação.
Localização
Processar
Resumo do processo
A estrutura institucional estabelecida nesse projeto é fundamental para manter os processos de proteção da floresta e da biodiversidade. Esse processo é apoiado pela sustentabilidade da gestão política e administrativa da área liderada pela autoridade local.
A sustentabilidade financeira permite manter os programas e o funcionamento administrativo das ações propostas nos eixos anteriores.
A governança e a participação são elementos fundamentais para a implementação de estratégias e ações voltadas para a conservação da área. O envolvimento dos atores locais ou a participação cidadã, nesse sentido, enfoca a conservação por meio de práticas cotidianas no território para alcançar os objetivos propostos.
A combinação desses quatro blocos garante a permanência do processo de conservação.
Blocos de construção
Institucionalidade
O Governo Autônomo Descentralizado - GAD - de Limón Indanza gerou uma série de instrumentos legais e normativos que lhe permitem fortalecer e sustentar a gestão da área de conservação. Por esse motivo, essa gestão está organicamente vinculada ao Plano de Desenvolvimento e Uso da Terra(PDOT), tem seu próprio plano de gestão e faz parte da estrutura orgânica do município. Também possui uma portaria que estabelece as normas para sua gestão e operação.
Fatores facilitadores
Há uma forte vontade política de colocar em pauta a política pública e o gerenciamento da área de conservação em questão.
Lição aprendida
A vontade política dos tomadores de decisão é fundamental para conseguir a institucionalização e a permanência dos processos de gestão e conservação de áreas protegidas.
Sustentabilidade financeira
Os fundos para a gestão da área de conservação estão garantidos porque o município aloca anualmente recursos para despesas correntes (pessoal e operação) e despesas de investimento (programas), aos quais se somam as contribuições dos fundos de cooperação e compensação ambiental.
Se essa tendência continuar, a administração da área terá fundos suficientes para se sustentar financeiramente ao longo do tempo.
Fatores facilitadores
Há um grande interesse por parte das organizações e instituições da sociedade civil em conservar as áreas protegidas.
Lição aprendida
A alocação de recursos próprios e o gerenciamento adequado de fundos de cooperação nacional e internacional foram essenciais para atingir as metas estabelecidas.
Governança
A governança participativa é um processo dinâmico em constante revisão e consolidação.
No momento, há resultados positivos significativos em termos de consulta e definição de estratégias de gerenciamento. O objetivo é fortalecer a participação daspartes interessadas na tomada de decisões ativa e consensual.
Fatores facilitadores
Há uma boa articulação das partes interessadas no projeto em nível local em termos de sustentabilidade dos processos para garantir a governança participativa.
Lição aprendida
A participação das partes interessadas locais, especialmente dos cidadãos, desde o início da gestão favoreceu a governança, o estabelecimento e a implementação das propostas de conservação da área protegida.
Participação
Há um nível importante de envolvimento da comunidade na definição e gestão de propostas de desenvolvimento sustentável, determinado pelo nível de impacto econômico que isso tem na vida das famílias.
Entretanto, é importante fortalecer esse eixo para garantir a conservação da área protegida.
Fatores facilitadores
Há um alto grau de interesse e envolvimento por parte da comunidade, o que se deve à visibilidade dos impactos positivos dessa iniciativa de conservação na vida cotidiana dos moradores.
Lição aprendida
É necessário incentivar processos de propriedade e capacitação da comunidade na gestão da área protegida.
Isso consolida e incentiva o envolvimento das partes interessadas locais.
Impactos
Um dos impactos positivos pode ser a celebração de acordos econômicos com empresas privadas nacionais para compensar a pegada de carbono. Essa estratégia, em particular, está despertando o interesse de várias empresas em fazer parte da cogestão dessa área emblemática, gerando, assim, conscientização e responsabilidade socioambiental corporativa. A gestão da área também possibilitou a promoção das atividades econômicas realizadas no cantão, incorporando a variável ambiental. Isso permitiu consolidar a consciência ambiental entre os habitantes e garantir que as atividades produtivas, como a pecuária e o turismo, sejam mais sustentáveis.
Beneficiários
Os habitantes do cantão devido à conservação das fontes de água, bem como as comunidades vizinhas por meio de seu Programa de Educação Ambiental.
Isso começou a gerar renda genuína por meio do desenvolvimento de novas atividades.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
História
O Governo Autônomo Descentralizado de Limón Indanza tem se comprometido com os esforços de conservação graças à participação de vários atores, como acadêmicos, empresas privadas, população local, tomadores de decisão e organizações de vários tipos.
Depois que o discurso sobre a conservação da área foi fortalecido em nível local, o GAD viu a necessidade de elevar esses esforços a espaços internacionais por meio de alianças com organizações como IUCN, ICLEI, GIZ, NCI, CI, entre outras. Essas alianças ajudaram a captar o interesse de empresas privadas na conservação de Tinajillas. Esse interesse na conservação também foi internalizado nas políticas, no discurso e nas ações das empresas privadas. Por exemplo, temos empresas que se comprometeram a usar maquinário mais ecológico e estão fazendo todos os esforços para reduzir sua pegada de carbono.
O desafio que foi estabelecido para Tinajillas no início foi o de se estabelecer como uma área que pode ser patrocinada por vários atores de diferentes setores em nível local, nacional e internacional. Temos o prazer de dizer que esse desafio foi cumprido e que agora somos um marco no Sistema Nacional de Áreas Protegidas do Equador, bem como uma referência internacional. Tudo isso significou um enorme esforço e trabalho de vários anos para o GAD e, sem dúvida, teve suas recompensas.
A sistematização desse caso foi realizada pela União Internacional para a Conservação da Natureza. O caso foi destacado em uma pesquisa sobre experiências na gestão de áreas protegidas e outras medidas locais de conservação administradas por Governos Autônomos Descentralizados no Equador, realizada pelo ICLEI América do Sul em 2018 (http://sams.iclei.org/es/que-hacemos/proyectos-en-ejecucion/areas-protegidas-locales/ecuador.html).
As ações da IUCN e do ICLEI ocorreram no âmbito do projeto regional Áreas protegidas e outras medidas de conservação baseadas em áreas em nível de governo local, e foram apoiadas financeiramente pela Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit (GIZ). O projeto regional é implementado pelos Ministérios do Meio Ambiente do Brasil, Colômbia, Equador e Peru, e pela GIZ, em cooperação com o ICLEI e a IUCN. O projeto regional é apoiado pelo Ministério Federal Alemão do Meio Ambiente, Conservação da Natureza e Segurança Nuclear (BMU) no âmbito da Iniciativa Internacional do Clima (IKI).