Atlas Verde de Serviços de Ecossistema Urbano
O Atlas Verde de Serviços Ecossistêmicos da Grande Área Metropolitana (GAM) da Costa Rica é uma ferramenta inovadora que fornece informações científicas e geoespaciais unificadas sobre serviços ecossistêmicos urbanos (UES). Ela fornece aos usuários os dados necessários para tomar decisões informadas e gerar argumentos apoiados por informações territoriais para a análise e a construção de estratégias, políticas e planos de ação. Dessa forma, seu uso promove o planejamento e a gestão espacial que valorizam o bem-estar dos ecossistemas e os benefícios que eles trazem para os assentamentos humanos.
Contexto
Desafios enfrentados
- Desarticulação de informações geoespaciais para planejamento e planejamento do uso da terra através das fronteiras cantonais.
- Falta de informações científicas atualizadas sobre o estado físico-ambiental das áreas urbanas.
- Falta de uma ferramenta de planejamento urbano funcional e de código aberto que faça parte do domínio público e seja usada para a tomada de decisões.
- Falta de conhecimento do público em geral, falta de informações compreensíveis sobre o estado físico-ambiental do território e sobre a relação entre os recursos naturais de um território e os benefícios que eles trazem para seus habitantes.
- Falta de diretrizes estratégicas com base científica para a estrutura legal, institucional, financeira e técnica para orientar os tomadores de decisão.
Localização
Processar
Resumo do processo
- Começa com a proposta dos parceiros e da estrutura que possibilitam a implementação da solução por meio da legalidade das ações dos atores.
- A partir disso, os parceiros e a estrutura têm a responsabilidade de fornecer e gerenciar o financiamento, a documentação, as imagens de satélite, entre outros, para a construção dos dados e da tecnologia.
- Isso, por sua vez, fornece as informações necessárias sobre os serviços ecossistêmicos, que serão usadas para a capacitação e o fortalecimento dos processos de planejamento urbano pelos parceiros.
Blocos de construção
Parceiros e estrutura
Vincular estrategicamente os atores envolvidos no planejamento e desenvolvimento da ferramenta, por meio de contratos, sessões de trabalho e acordos que os capacitem jurídica e tecnicamente para financiamento, hospedagem na Web, implementação e manutenção, a fim de garantir a sustentabilidade do Atlas ao longo do tempo, estabelecendo uma liderança clara em sua execução e nos serviços de suporte necessários.
Fatores facilitadores
- Comunicação estratégica entre todas as partes envolvidas e uma função de liderança clara
- Seja claro sobre a função de cada ator nas diferentes fases da implementação da solução.
- Seja claro sobre a função das instituições governamentais, pois elas são de grande importância para o desenvolvimento e a validação das informações apresentadas na ferramenta.
Lição aprendida
- Leve em conta os desenvolvimentos feitos por outros atores e as novas tendências, mesmo que eles não façam parte diretamente do projeto. Para o planejamento urbano e a restauração ecológica, é útil pensar além das fronteiras político-administrativas.
- É de extrema importância que cada ator tenha uma função clara no projeto e em cada um de seus estágios (desenvolvimento, implementação e manutenção) e que haja acordos para o acompanhamento.
- É favorável que seja definida uma estrutura legal que facilite e promova as ações dos atores, especialmente os governamentais, para que eles tenham o dever de gerar e usar essas ferramentas.
Financiamento
Ter os recursos financeiros necessários para a coleta de dados e os recursos humanos exigidos para cada uma das fases do projeto, identificando uma fonte confiável e contínua de financiamento.
As fontes de financiamento podem incluir: Organizações não governamentais e acadêmicas, fundos de financiamento internacionais, fundações sem fins lucrativos, orçamentos institucionais nacionais, entre outros.
Fatores facilitadores
- Ter clareza sobre o orçamento necessário (cálculo de custos do projeto), como ele será usado e como será gerenciado.
- O financiamento da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento proporcionou confiabilidade e estabilidade ao processo.
Lição aprendida
- O financiamento é fundamental para o desenvolvimento dessa solução, pois ela exige imagens geoespaciais caras e uma equipe especializada para analisar as informações.
- A disponibilidade de financiamento temporário (por exemplo, por meio de cooperação internacional) pode ser o impulso para a construção dessa ferramenta, mas não garante sua sustentabilidade (manutenção, atualização e utilidade a longo prazo).
Dados e tecnologia
Gerar, por meio do processamento de imagens de satélite atuais em um sistema de informações geográficas, as informações geoespaciais necessárias sobre biodiversidade, espaço construído, temperaturas de superfície, infraestrutura verde e azul, entre outras, a fim de ter a "matéria-prima" para a elaboração do Atlas. Para isso, foram utilizadas imagens dos sensores Landsat 8 e Sentinel 2B, que foram processadas e analisadas por uma equipe com conhecimento em gerenciamento de banco de dados e sensoriamento remoto, bem como uma compreensão da relação socioespacial.
Fatores facilitadores
- O CATIE tinha experiência anterior em projetos semelhantes com alguns municípios da Grande Área Metropolitana da Costa Rica, portanto, já havia um ponto de partida.
- As informações geoespaciais estavam disponíveis em quantidade e qualidade suficientes, e a coleta de dados não era um obstáculo.
- Equipe de trabalho multidisciplinar com capacidades técnicas adequadas.
- Interesse e uma necessidade clara das autoridades relevantes para que as informações sejam geradas.
- Foco claro sobre quais informações são necessárias para a construção da ferramenta.
Lição aprendida
- Depois que as informações são geradas, é necessário revisá-las para analisar qual de todas as fontes de informação representa com mais precisão o estado físico-ambiental de cada local.
- As informações precisam ser processadas estrategicamente e comunicadas a grupos-alvo específicos para que possam ser usadas na tomada de decisões.
Desenvolvimento e fortalecimento de capacidades
Desenvolver e fortalecer as capacidades dos usuários pretendidos do Atlas, por meio de workshops e treinamentos, a fim de maximizar os resultados obtidos com a visualização e a interpretação das informações fornecidas pelo Atlas.
Fatores facilitadores
- Interesse e necessidade explícitos por parte do público-alvo de usar a ferramenta e aprender sobre seus possíveis usos para a tomada de decisões.
- Ter diferentes espaços para treinamento e discussão sobre o uso da ferramenta.
- É favorável ter uma estrutura jurídica favorável que estabeleça o dever dos atores de usar a ferramenta. Se ela continuar sendo um aspecto voluntário, poderá não ser usada em todo o seu potencial.
Lição aprendida
- Concentre os processos de treinamento nas necessidades do público-alvo e exemplifique por meio de exercícios práticos.
- Pode ser necessário sensibilizar e treinar técnicos e tomadores de decisão em diferentes níveis, para os quais o programa de treinamento deve conter elementos conceituais para cada grupo de partes interessadas, com base em sua função, responsabilidade e tarefas específicas.
Impactos
- Permite a identificação de pontos prioritários para investimento orçamentário em restauração de ecossistemas e infraestrutura pública.
- Permite a identificação de pontos críticos e vulneráveis dos ecossistemas no território, possibilitando o estabelecimento de ações para sua proteção e/ou restauração.
- Permite a identificação de pontos de risco à saúde da população devido à exposição às ilhas de calor.
- Quantifica a SEU presente no território e apresenta uma linha de base de dados para a região metropolitana da Costa Rica, unificando informações anteriormente setorizadas ou distribuídas em bancos de dados de diferentes atores.
- Permite a visualização dos benefícios dos ecossistemas naturais, seminaturais e modificados (SEU) dentro do espaço urbano.
- Permite o planejamento do uso da terra em torno dos benefícios que a sociedade adquire com a presença e o uso do SEU.
- Fornece informações que possibilitam estratégias e tomadas de decisão com base em dados científicos e análises que consideram os SEUs como uma questão transversal no planejamento urbano.
Beneficiários
- Governos locais e outras entidades governamentais
- Sociedade civil
- Comunidade científica
- Ecossistemas urbanos e periurbanos
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
História
O cantão de La Unión, na província de Cartago, Costa Rica, tem uma extensão territorial de 44,83 km2, 97% da população é urbana e tem uma densidade populacional de 2.217 habitantes/km2. Devido à grande quantidade de infraestrutura cinza, o governo local reconheceu os impactos que as ilhas de calor podem ter sobre o bem-estar da população. A partir disso, surgiu a necessidade de identificar as ilhas de calor presentes no cantão e estabelecer ações baseadas em evidências científicas. Além disso, isso possibilitou a identificação de locais prioritários para os esforços de reflorestamento e a justificativa das ações tomadas para a implementação de soluções baseadas na natureza (NBS).
Em resposta, o governo local procurou o CATIE para obter um instrumento para localizar e quantificar as ilhas de calor no território, estabelecendo as bases para o que mais tarde, com o apoio do MINAE-SINAC, da Cooperação Alemã para o Desenvolvimento (GIZ) e do Instituto Helmholtz de Estudos Ambientais (UFZ), se tornaria o Atlas Verde para toda a Grande Área Metropolitana do país.
Com esse primeiro exercício, o município identificou a presença de várias ilhas de calor onde a temperatura ambiente pode chegar a 48,7 °C (veja o mapa de temperatura da superfície terrestre). Além disso, foi possível correlacionar geoespacialmente que esses locais coincidem com a predominância de infraestrutura cinza e que nos locais com uma temperatura mais confortável há a presença de áreas verdes que regulam a temperatura da superfície. Essas evidências justificaram a seleção de locais para intervenção e implementação de medidas de infraestrutura verde (GIS) a fim de aproveitar esses ES (Serviços de Ecossistema) e fazer uso eficiente e eficaz do orçamento disponível.
Como resultado, o governo local introduziu jardins nas calçadas, plantando árvores e plantas nativas, priorizando áreas próximas a centros educacionais e de saúde. Após esse projeto bem-sucedido, o município integrará o uso de BNS em seu planejamento urbano, alocando orçamento em seu plano operacional anual de 2022. Espera-se ver resultados na redução das ilhas de calor a médio e longo prazo; a curto prazo, o projeto mostrou uma resposta positiva da comunidade próxima e um embelezamento da cidade.