 
Construção de uma estratégia para resolver as situações de uso, ocupação e posse no Parque Nacional Natural Alto Fragua Indi Wasi.
 
          Mais de 60% das áreas que compõem o Sistema Nacional de Parques Naturais da Colômbia estão em conflito com as comunidades camponesas devido ao uso não permitido da terra, o que gera problemas de ocupação e posse, o que, por sua vez, leva à transformação dos ecossistemas. O Parque Nacional Natural Alto Fragua Indi Wasi não está alheio a esse problema e, por isso, desde 2005 até hoje, tem trabalhado com as comunidades locais que vivem em seu interior para alcançar uma estratégia que visa fortalecer seu esquema de governança e gestão para resolver as situações de uso, ocupação e posse. Dessa forma, exercícios como a caracterização socioeconômica das famílias que habitam a área protegida, a organização de conselhos de ação comunitária e a assinatura de 127 acordos transitórios foram algumas das ações que contribuíram para essa solução.
Contexto
Desafios enfrentados
- Gerenciamento das pressões sobre a natureza da Área Protegida, levando em conta o contexto das pessoas que vivem nela.
- Implementação de estratégias de gerenciamento prioritárias em um contexto em que há conflitos armados e plantações ilícitas.
- Geração de mecanismos para impedir a ilegalidade e a informalidade na compra e venda de terras.
Desafios ambientais
- Prevenção e controle do impacto sobre o estado dos valores sob conservação devido à presença de pressões derivadas do uso e ocupação dentro da área protegida.
- Geração de estratégias para a restauração e recuperação da biodiversidade.
Desafios econômicos
- Gestão de alternativas econômicas para as comunidades rurais, de acordo com a proteção e a conservação dos ecossistemas.
- Gestão de mecanismos financeiros que não sejam investimentos estatais para atingir os objetivos de conservação da área protegida.
Localização
Processar
Resumo do processo
Para mitigar esse problema e fortalecer suas ações de governança e planejamento fundiário, o Parque Nacional AFIW tem desenvolvido, desde 2005, uma caracterização socioeconômica das famílias relacionadas à AP, identificando assim a situação de uso e posse dentro dela. Paralelamente a essa ação, estão sendo feitos progressos no fortalecimento da capacidade organizacional dos conselhos de ação comunitária. Graças a esses esforços, em coordenação com as comunidades camponesas, foram assinados 127 acordos transitórios de Restauração Ecológica Participativa, com o objetivo de preservar a integridade do Parque Nacional AFIW por meio da liberação de áreas transformadas por meio de processos de restauração, reabilitação, recuperação, uso sustentável e conservação.
Blocos de construção
Caracterização socioeconômica das famílias.
Com a caracterização socioeconômica das famílias, foi identificado o estado da situação de uso e posse dentro da AP, o que, por sua vez, permitiu que o PNN orientasse suas ações de governança e planejamento fundiário. Para realizar a caracterização socioeconômica das famílias de agricultores, foram realizadas várias atividades, listadas a seguir.
Pesquisas para obter informações primárias sobre as seguintes variáveis:
População de acordo com o gênero e a idade.
Composição familiar
Nível educacional por gênero
Ocupação por gênero
Saúde.
Acesso a programas estatais.
Características da moradia.
Saneamento básico.
Acessibilidade: rotas de acesso, meios de transporte e tempo de viagem.
Identificação dos sistemas de produção.
Visitas de campo: visita às fazendas e verificação das informações fornecidas nas pesquisas. Além disso, foi realizado o georreferenciamento dos limites e do uso da terra da propriedade, da captação de água para consumo familiar e do local da casa.
Uso de sistemas de informações geográficas: teve como objetivo processar as informações coletadas em campo e, ao mesmo tempo, gerar mapas com os polígonos das fazendas e a localização das famílias.
Fatores facilitadores
- Financiamento da União Europeia, WWF, ACT e outros projetos, tais como: Conservação da Biodiversidade do Maciço Colombiano, Fortalecimento da Autonomia Comunitária em torno da Vida, Território, Meio Ambiente, em sub-regiões amazônicas, Fundação Moore Piedemonte Andino Amazônico, Ações de conservação em 8 Parques Nacionais na área de influência do Maciço Colombiano.
- Disponibilidade de GIS
- Reconhecimento das comunidades camponesas sobre a existência de uma AP e disposição dos habitantes em fornecer informações.
Lição aprendida
- Fortalecimento do processo de confiança com as famílias de agricultores, no qual a equipe do Parque, por meio de constante aproximação e implementação de diferentes exercícios e ações, consegue manter e aprimorar uma relação de familiaridade e proximidade, na qual já vem trabalhando há algum tempo.
- A equipe técnica do PNN adquiriu expertise na realização desse tipo de caracterização socioeconômica.
Fortalecimento da capacidade organizacional.
Criar espaços de confiança entre os líderes camponeses e o PNN, abordando questões priorizadas por eles, a fim de fortalecer sua capacidade organizacional.
Para alcançar esse processo, foram realizadas as seguintes atividades:
- Identificação dos principais atores e dos Conselhos de Ação Comunitária.
- Diagnóstico da organização e participação (isso permitiu uma análise das raízes dos processos comunitários, seus pontos fortes e fracos).
- Análise dos projetos que estão sendo desenvolvidos na área para identificar iniciativas que possam alavancar a gestão da AP no tratamento da situação de uso, ocupação e posse.
- Projeto e execução da agenda transversal para treinamento e capacitação de líderes comunitários. Os tópicos abordados foram os seguintes: Regulamentações ambientais colombianas, gestão e resolução de conflitos, mecanismos de participação cidadã e comunitária, acordos de paz entre as FARC-EP e o governo, planejamento do uso da terra com ênfase nas Zonas de Reserva Camponesa, formulação e gestão de projetos, associatividade e cooperativismo.
- Geração de reuniões entre organizações camponesas locais e regionais como estratégia para o intercâmbio de experiências.
Fatores facilitadores
- Fontes de financiamento disponíveis, como o apoio orçamentário da União Europeia.
- Reconhecimento das comunidades camponesas quanto à existência de uma figura de proteção e disposição dos principais atores para receber treinamento.
Lição aprendida
- Os exercícios de treinamento da comunidade sobre as regulamentações ambientais colombianas precisam ser fortalecidos.
- Fortalecimento das entidades e organizações comunitárias em aspectos organizacionais e técnicos.
- Apoiar as organizações na identificação de iniciativas institucionais ou privadas que possam apoiar os processos locais dessa forma.
- Levar em conta a abordagem do ecoturismo na zona de amortecimento como alternativa econômica.
- Estimular o fortalecimento dos Comitês Ambientais dos Conselhos de Ação Comunitária localizados na Zona de Amortecimento e vinculados a exercícios de controle social para a conservação.
Assinatura de acordos de transição sobre a Restauração Ecológica Participativa (REP)
Os acordos são feitos com o objetivo de preservar a integridade do AFIW NP, liberando áreas transformadas por meio de processos de restauração, reabilitação, recuperação, uso sustentável e conservação.
O seguinte roteiro metodológico foi desenvolvido para esse processo:
- Socialização da estratégia e do programa de Desenvolvimento Local Sustentável da União Europeia.
- Acordo sobre o plano de trabalho.
- Dia de campo e levantamento de informações sobre a propriedade.
- Socialização dos resultados e seleção dos beneficiários.
- Workshops sobre o conteúdo, o escopo do acordo e a construção do portfólio de alternativas.
- A assinatura dos acordos de REP foi enquadrada nos procedimentos estabelecidos pelos Parques Nacionais Naturais dentro das diretrizes da Restauração Ecológica Participativa e da estratégia de Uso, Ocupação e Posse.
- Processo de aquisição e entrega de insumos e materiais para o bem viver.
- Acompanhamento e monitoramento dos acordos do REP.
Fatores facilitadores
- Fontes de financiamento disponíveis, como o apoio orçamentário da UE.
- Disposição dos principais atores para assinar acordos transitórios de Restauração Ecológica Participativa.
Lição aprendida
Como contribuição ao planejamento do uso da terra e aos objetivos de conservação da área protegida, foram realizadas oficinas para socializar e chegar a um acordo com as famílias priorizadas sobre uma proposta de planejamento do uso da terra que contribuísse para melhorar suas condições de vida sem alterar a dinâmica natural dos ecossistemas. Essas oficinas consideraram as informações correspondentes ao zoneamento da AP e suas atividades permitidas, levando em conta que o processo de zoneamento é proposto pela AP como uma proposta apresentada a eles. Com base no exposto, a gestão da AP foi identificada como um processo que deve ser realizado em conjunto com os atores envolvidos na busca da melhoria sustentável de seus sistemas de produção.
Impactos
- Caracterização do status socioeconômico de 127 famílias que habitam parcial ou totalmente o Parque Nacional AFIW no âmbito da situação de uso, ocupação e posse.
- Socialização e apropriação da figura da conservação pelas comunidades locais.
- Fortalecimento da capacidade organizacional de 16 conselhos de ação comunitária, aumentando sua capacidade de liderança para a governança do território.
- Fortalecimento do processo de confiança entre a equipe do Parque e as 127 famílias vinculadas à área protegida; resultado da aproximação e das ações realizadas, que permitiram a valorização e o reconhecimento da importância do Parque pela comunidade camponesa no desenvolvimento de seus meios de vida.
- Assinatura de 127 acordos transitórios de Restauração Ecológica Participativa, que têm o objetivo de preservar a integridade do PNN AFIW por meio da liberação de áreas transformadas por meio de processos de restauração, reabilitação, recuperação, uso sustentável e conservação; essas ações contribuíram para a gestão das propriedades e da área protegida.
Beneficiários
127 famílias de camponeses se estabeleceram no PNN AFIW, nos municípios de San José del Fragua e Belén de los Andaquíes. No PA, há 199 pessoas, sendo que os homens representam 55% da população e as mulheres, 44%.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
História
 
O Parque Nacional Natural Alto Fragua Indi Wasi (AFIW) abrange uma área de 76.699 hectares e está em bom estado de conservação, com importantes espécies endêmicas, excelente oferta de serviços ambientais e contribui para a proteção dos ecossistemas andino-amazônicos. A área se sobrepõe ao território ancestral do povo Ingano e à reserva Nasa de la Esperanza.
Para contribuir com a gestão dessa área protegida, os Parques Nacionais Naturais da Colômbia e o Parque Nacional AFIW iniciaram a implementação de diferentes atividades por meio do "Apoio Orçamentário para o Desenvolvimento Local Sustentável - Para a Construção da Paz", financiado pela União Europeia. Com esse apoio financeiro, foi consolidado o processo de caracterização socioeconômica das famílias que vivem no PNN e foram identificadas possíveis medidas de gestão tanto para a área protegida quanto para o Sistema de Parques Nacionais da Colômbia, contribuindo para a construção de uma estratégia para resolver as situações de ocupação e uso da posse. Esse processo também foi replicado na zona de amortecimento do Parque Nacional AFIW na implementação de processos participativos de planejamento do uso da terra com aliados estratégicos.
De 2016 a 2019, foram assinados 127 acordos transitórios de restauração ecológica participativa e conservação com as comunidades camponesas relacionadas à área protegida, com o objetivo de preservar a integridade do Parque por meio da liberação de áreas transformadas em zonas de restauração, reabilitação, recuperação, uso sustentável e conservação. Esses acordos foram fortalecidos por meio da articulação com projetos e programas de aliados estratégicos, para reinvestimento em atividades destinadas a fortalecer o bem viver, a segurança alimentar e o bem-estar das famílias de agricultores. As atividades realizadas estão enquadradas nos componentes social, ambiental e produtivo em ações como: saneamento básico, melhoria habitacional, energias alternativas e sistemas produtivos (melhoria da infraestrutura agrícola e pecuária, reconversão de gado, aqueduto de gado e espécies menores).
 
 
               
               
               
               
               
               
               
 
                                                 
                                                
                                     
