Implementação de uma economia azul sustentável em Moçambique
Um dos principais desafios para operacionalizar as estratégias de Economia Azul Sustentável (SBE) é a necessidade de uma visão e compreensão comuns do que isso realmente significa para um setor e ator específicos, e como todos podem contribuir. Nesse contexto, o Projeto Blue Solutions desenvolveu em 2021 um curso de treinamento sobre SBE que pode apoiar os atores na definição de ações estratégicas para o desenvolvimento sustentável do oceano e da costa.
Esse treinamento foi adaptado e ministrado em Moçambique, em maio de 2023, para o Conselho de Economia Azul (BE), o órgão consultivo do ProAzul (Fundo de Desenvolvimento da Economia Azul de Moçambique) que fornece aconselhamento independente e conhecimento especializado sobre as atividades do Fundo.
Os participantes descreveram o treinamento como bem-sucedido, dando-lhes mais habilidades e conhecimentos sobre a BE e a necessidade de abordar questões de sustentabilidade. Além disso, eles também obtiveram uma compreensão das cadeias de valor azul e contribuíram ativamente identificando desafios e oferecendo soluções na transição para uma economia mais circular.
Contexto
Desafios enfrentados
O conceito de "economia azul" ganhou atenção significativa nos últimos anos como uma abordagem de desenvolvimento sustentável para nações costeiras e marítimas. Moçambique, com o terceiro maior litoral do Oceano Índico, cobrindo uma distância total de 2.700 km, e amplos recursos marinhos, tem explorado esse conceito como uma forma de promover o crescimento econômico e, ao mesmo tempo, garantir a conservação de seu ambiente marinho. A ProAzul tem sido muito importante para liderar essas mudanças; no entanto, muitos desafios ainda persistem, entre eles:
- Falta de compreensão do que é de fato a SBE e o que é necessário dos diferentes setores e atores em termos de contribuições;
- Escassez de oportunidades de intercâmbio intersetorial sobre economia azul;
- Membros do Conselho de Economia Azul da ProAzul Equipe de design da Estratégia de Economia Azul de Moçambique sem treinamento holístico prévio sobre o tema.
Localização
Processar
Resumo do processo
A avaliação do treinamento fornece feedback abrangente sobre o valor dos programas de treinamento e sua eficácia. Ela ajuda os facilitadores e os participantes a entender melhor e a identificar lacunas de habilidades para analisar os resultados desejados dos programas de treinamento. Esse processo deve ser contínuo (antes, durante e depois do treinamento) e devidamente sincronizado com a metodologia de treinamento para produzir melhores resultados.
Blocos de construção
Pesquisa pré-treinamento que aumenta a eficácia do treinamento
O conceito de Economia Azul (BE) tornou-se um aspecto central das políticas ambientais globais e regionais. Isso se reflete principalmente nos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODSs) por meio do Objetivo 14, que é "conservar e usar de forma sustentável os oceanos, mares e recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável" (ONU, 2017). No entanto, esse conceito ainda é novo para Moçambique, e tornou-se relevante explorar o histórico dos diferentes participantes sobre esse tópico.
Fatores facilitadores
As pesquisas pré-treinamento ajudam a coletar dados que podem informar como executar o treinamento, como ele é ministrado e qual o conteúdo abordado. Para garantir que os participantes do treinamento se apropriassem do programa, também foi convocada uma reunião preparatória do grupo de trabalho, permitindo que os participantes em potencial compartilhassem suas expectativas e objetivos de aprendizado entre si e discutissem as principais adaptações a serem feitas. Os resultados da pesquisa ajudaram a fazer alterações ou melhorias que maximizaram os resultados para os participantes.
Lição aprendida
- Os objetivos devem ser compartilhados claramente desde o início do processo;
- É necessário usar as informações dos participantes para preparar um treinamento sob medida;
- Os facilitadores devem ser flexíveis para atribuir tempo específico a determinados tópicos;
- Os exercícios devem ser adaptados ao nível do público e torná-los mais apropriados do ponto de vista cultural.
Avaliação centrada no participante
A avaliação do treinamento pode ser entendida como o processo sistemático de coleta de informações e o uso dessas informações para aprimorar o treinamento. Sem desconsiderar a avaliação pré-treinamento, manter o controle durante e após o treinamento é relevante para os treinamentos em andamento e futuros.
Fatores facilitadores
O processo de avaliação do Treinamento em Economia Azul Sustentável foi conduzido diariamente, com grande ênfase no envolvimento ativo do grupo de cogestão. Esse grupo, composto por três participantes, desempenhou um papel fundamental na avaliação da eficácia e do impacto do programa de treinamento. Por meio de avaliações diárias, o grupo de cogestão forneceu percepções e feedback valiosos sobre as sessões de treinamento, os métodos de facilitação e a experiência geral de aprendizado.
Lição aprendida
- São necessárias avaliações diárias para o aprimoramento contínuo da eficácia do treinamento;
- A pós-avaliação deve ser feita no local do treinamento;
- As plataformas de avaliação devem ser usadas após a avaliação da capacidade de correspondência dos participantes.
Metodologia de treinamento
O Treinamento em Economia Azul Sustentável enfatiza uma abordagem interativa e participativa, promovendo um ambiente de aprendizado dinâmico. Diferentemente dos programas de treinamento tradicionais, os facilitadores priorizam o envolvimento e a participação ativa, o que permitiu uma experiência de aprendizado mais contextualizada e significativa, adaptada às necessidades e realidades específicas dos participantes.
Fatores facilitadores
O treinamento combinou a apresentação de conceitos e ideias com uma série de exercícios interativos nos quais os participantes aplicam esses conceitos e aprendem sobre ferramentas práticas a serem usadas em suas próprias organizações e redes de atores mais amplas. Os materiais foram adaptados para ajudar os profissionais e os tomadores de decisão a discutir o conhecimento conceitual sobre a SBE e a criar sessões de trabalho interativas que ofereçam aos participantes oportunidades de praticar metodologias e ferramentas que eles possam levar e usar posteriormente para abordar ou fortalecer sua contribuição para uma SBE.
Lição aprendida
- Envolver os participantes para que reflitam sobre seus próprios desafios e discutam ativamente as soluções foi vital para o sucesso do treinamento;
- A logística deve estar mais relacionada à metodologia do treinamento;
- É aconselhável realizar treinamentos preferencialmente fora da cidade para evitar que os participantes sejam chamados de volta por seus superiores, bem como para criar uma experiência de treinamento mais imersiva.
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Os facilitadores mantiveram uma postura neutra e deveriam ter fornecido feedback mais crítico sobre os resultados do trabalho em grupo.
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O treinamento pressupôs que os participantes tivessem lido os materiais, o que não foi possível para muitos deles.
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Houve uma diminuição no número de participantes ao longo do curso, principalmente no caso do Conselho do BE
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Houve uma falha na seleção dos participantes, pois deveriam ter sido convidados representantes do setor privado e líderes da comunidade local.
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O uso de Miro Boards foi um desafio para a maioria dos participantes.
Impactos
- 19 participantes receberam um treinamento de três dias sobre Economia Azul Sustentável, com foco no que isso significa para Moçambique.
- O treinamento vinculou efetivamente a teoria à aplicação prática imediata, permitindo melhor visualização e uso após o treinamento.
- Os participantes foram incentivados a identificar os requisitos políticos, institucionais, financeiros e técnicos necessários para a SBE em Moçambique.
- Os participantes receberam documentos relevantes, melhorando o acesso às informações.
- Os participantes criaram uma rede para discussões contínuas após as sessões de treinamento.
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Os participantes do treinamento que são membros da equipe de projeto da Estratégia Nacional de Economia Azul puderam fornecer contribuições mais práticas.
Beneficiários
Membros do Conselho de Economia Azul da ProAzul: Diretores de ministérios de cinco linhas (mar, transporte, turismo, energia e meio ambiente), bem como representantes do setor privado, da sociedade civil e do meio acadêmico.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
História
Castilho Bande, assessor sênior do INAMAR (Instituto Nacional do Mar), não tinha conhecimento prévio sobre os diferentes subsetores da Economia Azul (BE) e suas relações entre si. Com o treinamento, Castilho adquiriu não apenas mais conhecimento teórico sobre a BE, mas também explorou diferentes nuances práticas desse setor.
"A experiência foi estimulante. Poder aprender e compartilhar meu conhecimento com os colegas de outros ministérios, bem como com o setor privado, a sociedade civil e a academia foi realmente fantástico. Foi interessante ver as coisas por outras perspectivas e conciliar nossas experiências de diversas origens para projetar soluções para diferentes exercícios que tivemos que responder como um grupo. Também pude ouvir ideias que serão úteis no meu trabalho diário, pois algumas práticas internacionais estão realmente funcionando, mas outras não, e é importante usar esse conhecimento para ajudar as autoridades eleitas a tomar decisões baseadas em fatos, é claro que digo isso como consultor no meu local de trabalho."
O treinamento permitiu que ele adquirisse conhecimentos e habilidades para impulsionar o desenvolvimento sustentável no setor da economia azul. As sessões interativas, os estudos de caso e os exercícios práticos permitiram que Castilho compreendesse os princípios e as práticas que promovem o uso responsável e sustentável dos recursos oceânicos, considerando fatores sociais, econômicos e ambientais.
Castilho sentiu-se encorajado a pensar criticamente e a explorar problemas e soluções por meio de exercícios práticos, o que o ajudou a descobrir abordagens inovadoras e a desenvolver uma compreensão mais profunda das práticas sustentáveis da economia azul com base na realidade moçambicana. Esse formato interativo promoveu uma experiência de aprendizado colaborativo, permitindo que Castilho contribuísse com sua perspectiva única e explorasse soluções para desafios do mundo real no campo da economia azul com a ajuda de outros participantes.