Conversatorio de Acción Ciudadana: um exemplo de governança territorial na zona úmida Ramsar Estrella Fluvial Inírida -EFI

Solução completa
PÂNTANO DE RAMSAR EFI
Camilo diaz

O Diálogo de Ação Cidadã realizado no sítio Ramsar EFI é uma ferramenta participativa de acordo com a legislação colombiana e busca estabelecer um consenso e um diálogo justo entre os atores locais e institucionais e chegar a acordos sobre questões prioritárias do território. Na preparação da discussão, foram fortalecidas as capacidades dos povos indígenas e camponeses que compõem o Escritório Ramsar local, proporcionando maior clareza sobre o contexto da área. Esse processo foi concluído com a assinatura de 24 acordos vinculantes entre o Escritório de Ramsar e os convocados, estabelecendo uma agenda conjunta para a verificação do cumprimento e do feedback dos acordos.

A discussão é um exemplo bem-sucedido de governança territorial, em que os acordos entre as partes interessadas e o Escritório de Ramsar foram alinhados com o Plano de Gestão Ambiental, bem como com as agendas de gestão e monitoramento.

Última atualização: 14 Sep 2022
1935 Visualizações
Contexto
Desafios enfrentados
Perda de biodiversidade
Usos conflitantes / impactos cumulativos
Perda de ecossistema
Colheita insustentável, incluindo a pesca excessiva
Gerenciamento ineficiente dos recursos financeiros
Falta de acesso a financiamento de longo prazo
Falta de oportunidades alternativas de renda
Mudanças no contexto sociocultural
Falta de conscientização do público e dos tomadores de decisão
Falta de capacidade técnica
Monitoramento e aplicação deficientes
Governança e participação deficientes
Desemprego / pobreza
  • A falta de qualificação no uso de instrumentos jurídicos e de políticas públicas e o baixo conhecimento do valor da participação e do trabalho coletivo, bem como a falta de conhecimento das funções dos líderes locais e das autoridades indígenas, afetam a capacidade de influenciar a resolução de conflitos por meio do diálogo, da construção de consenso e da negociação.
  • A falta de coordenação entre os atores no território dificulta o acordo sobre objetivos e ações comuns.
  • O não reconhecimento das ameaças e da vulnerabilidade dos recursos pesqueiros e da vida selvagem afeta a sobrevivência das comunidades indígenas e camponesas e a dinâmica ecológica do sítio Ramsar.
  • A falta de compreensão das cadeias de valor dos recursos naturais impede o desenvolvimento efetivo de alternativas sustentáveis no território.
  • A não inclusão do conhecimento tradicional na tomada de decisões coletivas afeta o desenvolvimento econômico local.

Escala de implementação
Local
Ecossistemas
Área úmida (pântano, brejo, turfa)
Pastagens tropicais, savanas, arbustos
Tema
Acesso e compartilhamento de benefícios
Serviços de ecossistema
Estruturas jurídicas e políticas
Governança de áreas protegidas e conservadas
Saúde e bem-estar humano
Meios de subsistência sustentáveis
Povos indígenas
Atores locais
Conhecimento tradicional
Planejamento do gerenciamento de áreas protegidas e conservadas
Divulgação e comunicações
Ciência e pesquisa
Agricultura
Cultura
Pesca e aquicultura
Turismo
Localização
Inirida, Guainia, Colômbia
América do Sul
Processar
Resumo do processo

A implementação do processo organizado de treinamento abrangente e interdisciplinar permitiu que o coletivo Mesa Ramsar fortalecesse suas capacidades e habilidades e dispusesse de ferramentas conceituais e metodológicas destinadas a liderar um espaço de diálogo com instituições, sindicatos, autoridades territoriais, ambientais e indígenas sobre as prioridades para a implementação de ações conjuntas para a conservação e o uso sustentável da biodiversidade e das tradições culturais. Cada etapa do processo foi essencial na geração de confiança por parte do coletivo e entre os participantes, sentindo-se e estando em igualdade de condições para negociar interesses com outros atores, alcançando acordos que contribuem para o cumprimento do objetivo de conservação do Plano de Gestão Ambiental do sítio Ramsar.

Blocos de construção
Reconhecimento de contexto

O reconhecimento do contexto e a identificação dos problemas e das necessidades em termos ambientais, sociais e políticos foram realizados por meio de um espaço de planejamento que utilizou a ludicidade e a participação comunitária, onde foram expressos pontos de vista sobre o que afeta o território, a cultura e a sobrevivência, consolidando um exercício de direitos para a participação cidadã inclusiva, no qual foram incorporados os valores, os costumes, as tradições e o conhecimento dos indígenas e camponeses que habitam o sítio Ramsar.

Fatores facilitadores
  • Visibilizar o território a partir de sua riqueza biológica e cultural.
  • Participação de líderes indígenas e camponeses do sítio Ramsar EFI nas atividades de contextualização e priorização dos problemas a serem resolvidos.
Lição aprendida
  • A contextualização conjunta do território, das dinâmicas sociais, ambientais e econômicas foi um exercício que ajudou a identificar e priorizar as questões ambientais que seriam trabalhadas no processo participativo do Fórum de Ação Cidadã no sítio Ramsar EFI.
  • Os processos colaborativos entre os atores do território contribuíram para que se tivessem diferentes visões de um contexto e contribuíssem para a criatividade na busca de soluções para os conflitos no território.
  • Fortalecimento e instalação da capacidade local para processos futuros.
  • Os líderes comunitários aprenderam e adotaram outras perspectivas para visualizar o território, seu contexto e seus problemas, acrescentando elementos políticos, econômicos e biológicos e entendendo como, ao integrar outros conhecimentos, podem compreender melhor a busca por soluções compartilhadas.
Fortalecimento da tomada de decisões

Identificação e priorização de uma agenda de trabalho com os líderes do Escritório Ramsar para a priorização de eixos temáticos, metodologias e operacionalidade da agenda de capacitação visando garantir compromissos que permitissem mudanças e/ou manutenção ao longo do tempo do patrimônio ambiental e cultural do sítio Ramsar. Durante um ano e meio, foram realizadas reuniões itinerantes no sítio Ramsar, onde líderes e autoridades indígenas, juntamente com agricultores, interagiram com especialistas em questões de participação cidadã, biologia da conservação, gestão de pesca e alternativas produtivas para a vida.

Fatores facilitadores
  • Disponibilidade dos atores na construção da agenda conjunta entre autoridades, líderes e instituições étnico-territoriais.
  • Participação da Mesa Ramsar (indígena e camponesa) no processo de fortalecimento,
  • Fortalecimento das relações entre as autoridades indígenas do sítio Ramsar.
  • Qualificação dos atores locais como sujeitos políticos para a participação cidadã.
Lição aprendida
  • Reconhecimento de que os processos de fortalecimento são construídos em conjunto, gerando confiança e aumentando o interesse na participação por parte dos atores locais.
  • A redução das assimetrias de poder por meio do acompanhamento dos processos de capacitação.
Compreensão e propriedade das informações

Empoderamento dos atores na realização de ações destinadas a obter uma mudança de realidade que contribuísse para a melhoria de seu contexto e qualidade de vida. Ele foi desenvolvido durante o processo de fortalecimento e sua maturidade aumentou a segurança e a confiança dos participantes, como parte de sua liderança para a tomada de decisões coletivas no âmbito da implementação do Fórum de Ação Cidadã.

Fatores facilitadores
  • Compreensão do contexto e das diferentes formas de resolução de problemas ambientais pelo coletivo.
  • Uso de instrumentos e mecanismos de ação cidadã previstos na Constituição Política da Colômbia.
  • Capacidade instalada local para participação e defesa territorial no sítio Ramsar EFI.
Lição aprendida

Entender que a democratização da informação é um fator essencial para a participação coletiva e a transformação das realidades locais com impacto político, social e ambiental, reduzindo as assimetrias de poder por meio do acompanhamento de processos de capacitação.

Interação, articulação e geração de acordos

O desenvolvimento de uma estrutura previamente definida de papéis, momentos e instâncias criou uma atmosfera de diálogo entre a pessoa convidada, que é um representante da instituição pública com capacidade de tomada de decisão, e o questionador, um líder comunitário que representa a voz das comunidades. O questionador faz a pergunta previamente contextualizada na problemática específica e propõe o acordo, dá espaço para a conversa com o convidado que propõe alternativas e negocia com o líder e, por fim, se compromete ou não a gerar um acordo.

Fatores facilitadores
  • Confiança do coletivo no uso do diálogo como um mecanismo para chegar a um acordo sobre ações conjuntas.
  • Resposta de participação dos convidados para o diálogo proposto pelo Escritório de Ramsar.
  • Estabelecimento de um espaço para o diálogo e a assinatura de acordos.
Lição aprendida
  • Adaptação dos atores institucionais aos mecanismos de participação inclusiva, onde são chamados a gerar diálogos e acordos com base em suas competências e deveres com o território e os coletivos.
  • O coletivo Mesa Ramsar reconheceu que, por meio de um processo organizado e qualificado, é possível acordar ações com as instituições locais para avançar na conquista de objetivos comuns que beneficiem a todos.
Monitoramento e avaliação

Definição de uma agenda para a verificação do cumprimento e feedback dos acordos. A implementação do monitoramento e da avaliação começou a partir da assinatura dos acordos e da criação do comitê de monitoramento do Ramsar Bureau. Esse comitê é responsável por garantir e gerenciar o cumprimento dos acordos endossados.

Fatores facilitadores
  • Os 24 acordos assinados definem agendas de trabalho para monitoramento, avaliação e feedback para definir novas prioridades.
  • Estabelecimento do comitê de gerenciamento e monitoramento.
Lição aprendida
  • Para a Mesa Ramsar, a priorização de ações e a geração de agendas voltadas para a gestão e o monitoramento dos acordos têm sido um processo de aprendizado permanente.
  • Sem dúvida, o maior aprendizado tem a ver com a atuação local e nacional do coletivo Mesa Ramsar e o reconhecimento adquirido como porta-voz da conservação, do manejo e do uso sustentável dos recursos do sítio Ramsar.
Impactos
  • Um grupo de 70 líderes indígenas e proprietários de fazendas de camponeses fortaleceu a participação dos cidadãos na busca de soluções para os problemas ambientais.
  • 24 acordos assinados entre povos indígenas, agricultores e instituições locais, regionais e nacionais para a conservação e o uso sustentável dos recursos naturais.
  • Reconhecimento pelas partes interessadas do Ramsar Bureau como órgão de diálogo, discussão, consulta e tomada de decisões no gerenciamento de problemas e conflitos ambientais do sítio Ramsar EFI.
  • Um programa de capacitação implementado para a qualificação de líderes.
  • Alianças estratégicas do Escritório Ramsar com diferentes atores para o fortalecimento dos processos de gestão, pesquisa e capacitação local.
  • Um plano de acompanhamento e monitoramento para os 24 acordos, construído em conjunto entre as partes interessadas.
  • Fortalecimento do processo de governança territorial que integra indicadores do componente de governança da Lista Verde, alcançando soluções concertadas com base na ferramenta de gestão entre os atores e as partes interessadas na área conservada do sítio Ramsar Estrella Fluvial Inírida-EFI.
Beneficiários

1012 famílias indígenas e camponesas do sítio Ramsar EFI se beneficiam da visibilidade de seu território, do reconhecimento de sua participação na tomada de decisões e da orientação de ações compartilhadas com as instituições competentes.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
ODS 3 - Boa saúde e bem-estar
ODS 10 - Redução das desigualdades
ODS 17 - Parcerias para os objetivos
História
WWF CO
Nosso histórico de governança no EFI
WWF CO

A designação da Estrella Fluvial Inírida (EFI) como sítio Ramsar em 2014 gerou a necessidade de articular atores, interesses e ações para orientar a implementação do Plano de Gestão Ambiental do sítio Ramsar EFI. Por isso, em 2016, o Escritório de Ramsar convocou um exercício de governança territorial em que foi proposta a realização de uma Conversa de Ação Cidadã como mecanismo participativo, baseado na exigibilidade dos direitos coletivos dos cidadãos e materializado por meio de mecanismos legais e de políticas públicas para a participação e a defesa efetivas. O Conversatorio foi desenvolvido em três fases: 1. Preparação, 2. Negociação e 3.

A primeira fase, que durou um ano e meio, identificou as necessidades, as questões e as metodologias para tornar visível o território e sua riqueza biológica, hidrológica e cultural em 15 workshops com duração de quatro dias cada.

A segunda fase durou um dia e foi desenvolvida sob uma estrutura definida de papéis, momentos e instâncias; aberta ao público, com 17 instituições convocadas, 12 questionadores da comunidade e o promotor público como garantidor, o resultado dessa fase foi a assinatura de 24 acordos vinculativos sobre três questões: fortalecimento do autogoverno e da organização camponesa, meios de subsistência sustentáveis e gestão da pesca.

A última fase, desenvolvida de 2017 até o momento, conta com um comitê de monitoramento liderado pelo Ramsar Bureau, que representa a voz das comunidades indígenas e camponesas. Sua função é garantir o cumprimento dos acordos sob os poderes que a constituição e a lei oferecem aos cidadãos.

A discussão foi um exemplo bem-sucedido de governança territorial, pois os acordos gerados entre os múltiplos atores e o Escritório Ramsar estavam sob as diretrizes do Plano de Gestão Ambiental, os papéis e as competências institucionais foram identificados e fortalecidos para a implementação das ações e as agendas para sua gestão e monitoramento foram projetadas em conjunto.

Conecte-se com os colaboradores
Outros colaboradores
Marcela Franco Jaramillo- WWF CO
Escritório de Ramsar EFI