Coordenação baseada em conhecimento para decisões políticas sustentáveis

Solução completa
Viagem de campo do workshop de Treinamento de Instrutores em Vilanculos
Joao Sousa

Moçambique enfrenta desafios substanciais para equilibrar o desenvolvimento e a conservação ambiental. Para proteger a biodiversidade e lidar com as mudanças climáticas, o país adotou as ambiciosas metas 30x30, protegendo 30% de seus ecossistemas terrestres e marinhos até 2030. Isso exige a superação de obstáculos como esforços de desenvolvimento fragmentados, coordenação limitada e dados insuficientes. Em resposta, o governo de Moçambique, apoiado pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), lançou uma campanha para aumentar a conscientização e criar consenso. Essa colaboração produziu uma estrutura voltada para o futuro dentro do Plano Nacional de Desenvolvimento Territorial (PNDT 2020-2040), que visa a um país "próspero, competitivo, sustentável, seguro e inclusivo". O PNDT integra dados importantes sobre população, clima e fatores socioeconômicos, enfatizando a necessidade de dados precisos e em tempo real para o desenvolvimento sustentável. Projetos-piloto em duas áreas comprovaram estratégias inovadoras e oferecem práticas recomendadas para aplicação mais ampla.

Última atualização: 10 Jan 2025
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Contexto
Desafios enfrentados
Governança e participação deficientes

Os esforços de conservação de Moçambique têm sido prejudicados pela má governança, participação limitada e restrições financeiras:

  • O alcance da governança e o intercâmbio multissetorial atrasaram a adoção e reduziram o impacto na tomada de decisões.
  • O envolvimento limitado das comunidades locais e das principais partes interessadas prejudicou ainda mais os esforços.
  • Os recursos financeiros para campanhas de defesa e compartilhamento de informações têm sido insuficientes, restringindo o escopo das iniciativas de conservação.
  • A falta de coordenação entre os agentes de desenvolvimento levou à fragmentação dos esforços, especialmente quando se usam ferramentas complexas, como modelos de cenarização baseados em GIS, que exigem colaboração para serem eficazes.
Escala de implementação
Local
Subnacional
Nacional
Ecossistemas
Desenvolvimento em toda a área
Tema
Acesso e compartilhamento de benefícios
Redução do risco de desastres
Serviços de ecossistema
Localização
Maputo, Moçambique
Leste e Sul da África
Processar
Resumo do processo

A abordagem para ampliar os esforços de conservação em Moçambique baseia-se na concepção e aprovação de parcerias fortes e eficazes, com foco no compartilhamento de conhecimento e na capacitação. Ao alavancar sua extensa rede de membros e relações de confiança com o governo e organizações locais, a IUCN facilitou a colaboração entre diversas partes interessadas, alinhando os esforços com as metas de conservação nacionais e globais. As ferramentas de compartilhamento de conhecimento e as iniciativas de capacitação desempenham um papel fundamental na capacitação das comunidades para que se envolvam ativamente na conservação. Iniciativas importantes, como o estabelecimento da Plataforma de Diálogo e dos Centros de Conhecimento, criaram espaços abertos para o diálogo e a troca de conhecimento, ajudando os parceiros locais e os governos a colaborar, priorizar as necessidades e compartilhar as lições aprendidas. As seções a seguir exploram esses elementos centrais, examinando os fatores de capacitação que contribuíram para o sucesso e as valiosas lições aprendidas ao longo do processo.

Blocos de construção
Processos estratégicos para ações coordenadas de conservação

A base do processo foi construída sobre dois elementos fundamentais: A ampla rede de membros da IUCN e sua reputação como parceira confiável dos governos. Essa base sólida permitiu que a UICN mobilizasse atores ambientais, tanto locais quanto internacionais, para colaborar com as contrapartes governamentais. Ao criar um espaço aberto para discussão, a IUCN possibilitou conversas sobre desafios e oportunidades para ampliar os esforços de conservação por meio de abordagens coordenadas e complementares.

A Declaração de Paris sobre a Eficácia da Ajuda forneceu uma estrutura essencial para a compreensão do fluxo da ajuda ao desenvolvimento e suas implicações. Ela também serviu de guia para os participantes verem como seus esforços se encaixam em compromissos nacionais e globais mais amplos, como a meta de conservação 30x30.

Além disso, foi projetada uma série de eventos temáticos sob a égide da sustentabilidade ambiental, com foco em ferramentas como o PNDT e o Planejamento Espacial Marinho (MSP/POEM), que são essenciais para a criação de planos de desenvolvimento baseados em ecossistemas locais e para a avaliação e resposta a usos concorrentes de áreas de conservação e de amortecimento. Esses planos são vitais para lidar com questões complexas de uso da terra e conservação. A abordagem estruturada não apenas ajudou a melhorar a governança e a participação pública, mas também garantiu que o papel da IUCN na elaboração de políticas fosse fortalecido por meio de seu diálogo contínuo com o governo.

Fatores facilitadores

A forte adesão da UICN, incluindo atores-chave como o Ministério da Terra e do Meio Ambiente (MTA) (por meio da Administração Nacional das Áreas de Conservação (ANAC)), a confiança do governo na experiência e no engajamento transparente da UICN, e a orientação para resultados e o alinhamento da UICN com as metas nacionais ajudaram a criar uma plataforma eficaz para a colaboração.

Lição aprendida

As principais conclusões incluem a importância do compromisso de longo prazo com o diálogo. É fundamental não se envolver com os parceiros apenas durante o período de um projeto - o envolvimento contínuo gera confiança e garante que as ações estejam alinhadas aos objetivos nacionais e globais. É essencial demonstrar como a ação contribui para o compromisso 30x30 e, ao mesmo tempo, garantir o uso eficiente do conhecimento, dos dados e das pesquisas disponíveis como base para a elaboração de intervenções eficazes e sustentáveis. Essa abordagem deve priorizar a praticidade e a relação custo-benefício, principalmente no envolvimento com as comunidades.

A coordenação com os parceiros de desenvolvimento e a compreensão das estruturas de políticas, como a Declaração de Paris, da qual Moçambique é signatário, também foram essenciais para alinhar as prioridades, especialmente ao abordar as metas de conservação e meio ambiente. Além disso, o uso eficiente de dados e pesquisas ajuda a projetar intervenções sustentáveis que fazem o melhor uso dos recursos disponíveis.

Fomentando parcerias sólidas para a conservação colaborativa

A abordagem da IUCN estava enraizada em sua união de membros, da qual o Governo de Moçambique é um parceiro. Moçambique abriga vários membros importantes da IUCN, incluindo a Peace Parks Foundation, a WCS e a WWF, além de se beneficiar de iniciativas financiadas pela UE, como a PANORAMA. Isso facilitou para a IUCN avaliar o interesse e o apoio ao estabelecimento de uma plataforma para o compartilhamento de conhecimento e informações, como a Plataforma de Diálogo.

A IUCN trabalhou em estreita colaboração com o Ministério da Terra e do Meio Ambiente, incluindo a ANAC, para envolver organizações e governos locais na identificação das principais áreas temáticas e políticas para discussão. Essa abordagem ajudou a simplificar as abordagens e os manuais de conservação e desenvolvimento, criando uma voz unificada para influenciar as políticas e alinhando o engajamento e o acordo dos atores da conservação. A primeira edição da Plataforma de Diálogo foi um sucesso, proporcionando um diálogo aberto com o governo e os agentes de conservação para discutir a biodiversidade e as prioridades de conservação. O evento também apresentou os Prêmios SOMN Mangrove Champion, que foram entregues conjuntamente por um representante da IUCN, o representante da Embaixada da Alemanha e o Secretário Permanente do MTA, ressaltando o valor das parcerias e do reconhecimento na promoção de esforços ambientais.

Ao fomentar parcerias, a IUCN garantiu que a voz dos atores da conservação permanecesse ativa, influenciando positivamente as decisões políticas, particularmente na integração da biodiversidade e da adaptação baseada em ecossistemas em todos os projetos de desenvolvimento. As atividades contínuas da Plataforma de Diálogo aprofundaram o engajamento em torno de temas como o uso da terra e a gestão de interesses fundiários concorrentes.

Fatores facilitadores

A forte rede de membros da UICN, seu alcance e uma imagem positiva junto aos agentes de conservação e doadores, bem como a imagem pública, ajudaram a criar confiança e facilitar a cooperação com o governo e as organizações locais.

A filiação à UICN, o alcance e a imagem positiva da UICN junto a doadores e atores da conservação, a visibilidade e a imagem pública e, como dito anteriormente, a confiança do governo.

Lição aprendida

O envolvimento precoce com o governo e os parceiros foi fundamental para o sucesso. A comunicação clara e o planejamento conjunto ajudaram a identificar metas comuns e a criar consenso. Uma vez estabelecidos os interesses comuns, foi elaborada uma agenda para abordar as principais áreas temáticas e garantir uma ampla participação.

Aproveitamento dos centros de conhecimento para o desenvolvimento de capacidades sustentáveis

O Ministério da Terra e Meio Ambiente (MTA), em parceria com a UICN Moçambique, lançou três Centros de Conhecimento como parte de seus esforços para centralizar e agilizar o treinamento em conservação e restauração e a troca de conhecimentos do nível central para o local e da administração pública para as comunidades. Esses centros servem como ferramentas essenciais de treinamento, especialmente para a restauração e proteção de manguezais e para a aplicação mais ampla da Adaptação baseada em Ecossistemas (EbA) e Soluções baseadas na Natureza (NbS) para comunidades e formuladores de políticas.

Localizados nas instalações do governo em Maputo, no Parque Nacional de Maputo e em Pemba, os hubs funcionam como centros de acesso aberto onde são compartilhados manuais, ferramentas e cursos de conservação, inclusive os da Academia da IUCN. Esses recursos (por exemplo, sobre NbS, Outras Medidas Eficazes de Conservação Baseadas em Áreas (OECMs), restauração de manguezais), traduzidos para o português e adaptados a projetos e comunidades locais, ajudam a expandir o alcance do conhecimento sobre conservação, especialmente para comunidades rurais, mulheres e jovens. Ao oferecer treinamento sistemático on-line e presencial, os hubs proporcionam um espaço tanto para o aprendizado personalizado quanto para o desenvolvimento socioeconômico, incorporando dimensões importantes de governança, gênero e envolvimento dos jovens.

Os Centros de Conhecimento capacitam as comunidades locais, especialmente aquelas em áreas de amortecimento e costeiras, a se tornarem agentes ativos na conservação e adaptação climática, fornecendo ferramentas sobre tópicos como restauração de manguezais e NbS. Essa iniciativa não apenas promove práticas sustentáveis, mas também alimenta uma cultura de aprendizado e participação.

Os Centros de Conhecimento provaram ser uma solução econômica para treinamento, usando a infraestrutura existente e exigindo apenas conectividade com a Internet. O programa inclui treinamento presencial, como o programa "Blue Training in Practise", que treinou com sucesso mais de 20 professores e funcionários da MTA para integrar a gestão costeira e marinha aos planos e projetos de desenvolvimento local. Essa abordagem foi projetada como um processo intersetorial de longo prazo, garantindo que as considerações sobre biodiversidade, clima e desenvolvimento sejam incorporadas às estratégias de desenvolvimento local. Sempre que possível, o programa também facilita o intercâmbio pessoal com as comunidades locais para aumentar o envolvimento e a transferência de conhecimento.

Além disso, os Centros de Conhecimento também serviram de modelo para outros agentes de desenvolvimento e conservação, atraindo apoio financeiro e em espécie, o que fortalece ainda mais as parcerias e aumenta a conscientização.

Fatores facilitadores

As parcerias com o governo e os membros financiadores da IUCN, como o WWF, e os líderes locais foram fundamentais para o sucesso dos Centros de Conhecimento.

Lição aprendida

O sucesso depende do desenvolvimento de um plano de investimento claro, da seleção de provedores de Internet confiáveis e da designação de agentes competentes para gerenciar o desenvolvimento e o upload de conteúdo. A colaboração com parceiros locais e internacionais é essencial para sustentar os centros e expandir seu alcance.

Ao estabelecer esses Centros de Conhecimento e priorizar o desenvolvimento de capacidades, a IUCN não apenas compartilhou ferramentas essenciais para a conservação, mas também contribuiu para a sustentabilidade de longo prazo dos esforços de conservação em Moçambique.

Impactos

A IUCN tem desempenhado um papel crucial na abordagem dos desafios de conservação em Moçambique por meio de três ações principais:

  • Simplificação de informações complexas: Apresentação de dados em um formato acessível, alinhado com a estrutura legal e política do país.
  • Mobilização das partes interessadas: Engajar grupos de conservação, atores locais e funcionários do governo para obter amplo apoio.
  • Garantir o envolvimento do governo: Envolvimento da liderança local e nacional para incentivar a apropriação do processo.

Esses esforços resultaram na criação da Plataforma de Diálogo sobre Meio Ambiente, um centro colaborativo para conservação, governo e parceiros de desenvolvimento. Co-organizada com o Ministério da Terra e do Meio Ambiente e a Cooperação Alemã, a plataforma aumenta a resiliência climática, apoia a tomada de decisões inclusivas e fortalece a governança. Ela impulsionou a ação coletiva em direção às metas de Moçambique, estimulando a governança local e o financiamento da conservação.

Os Centros de Conhecimento criados são centros vitais para a troca de conhecimentos e o desenvolvimento de capacidades. Esses centros capacitam as comunidades locais, especialmente mulheres e jovens, a se envolverem na adaptação e conservação do clima. Eles preenchem a lacuna entre as políticas nacionais e as ações locais, promovendo o alinhamento com as metas globais de conservação, como as metas 30x30.

Como resultado, Moçambique está avançando no desenvolvimento sustentável, com uma governança mais forte e uma proteção ambiental mais eficaz para as gerações futuras.

Beneficiários

Os beneficiários são a sociedade da conservação em geral, que é fundamental para os governos, atores e comunidades locais envolvidos em projetos e atividades de biodiversidade e conservação.

Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
ODS 1 - Erradicação da pobreza
SDG 5 - Igualdade de gênero
ODS 13 - Ação climática
ODS 15 - Vida na terra
História
Plataforma de diálogo do MTA
Plataforma de diálogo
MTA

A Plataforma de Diálogo sobre Meio Ambiente, Biodiversidade e Conservação foi uma iniciativa fundamental que permitiu expandir as competências e capacidades da rede e dos membros da IUCN para um papel nacional mais amplo, reinstalando um diálogo coordenado de parcerias que reforçou as capacidades de Moçambique para produzir análises e informações integradas sobre intervenções e resultados de conservação.

Conecte-se com os colaboradores
Outros colaboradores
Pejul Sebastiao
Diretoria Nacional de Áreas de Conservação (ANAC) MTA
Francisco Sambo
Diretor de Cooperação,l MTA
Jadwiga Massinga
Direção Nacional de Mudanças Climáticas, MTA
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