Planejamento sensível ao clima
Solução completa
Participantes do workshop.
Conservation International
Os ecossistemas costeiros e os recifes de coral estão fortemente conectados por fatores físicos e biológicos e são extremamente importantes para as estratégias de adaptação às mudanças climáticas. Esta solução apresenta o desenvolvimento participativo de um plano para a restauração da Mata Atlântica no município de Porto Seguro, Brasil, usando estratégias de Adaptação baseada em Ecossistemas e conectividade Costa-Recife para reduzir a vulnerabilidade das comunidades costeiras e dos ecossistemas que elas usam.
Última atualização: 08 Feb 2023
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Contexto
Desafios enfrentados
- Uso insustentável dos recursos naturais; - Necessidade de ações e prioridades de restauração de ecossistemas com foco em abordagens de Adaptação baseada em Ecossistemas e Conectividade Costa-Recife para impactar positivamente os ecossistemas costeiros e a conservação dos recifes de coral, e para reduzir a vulnerabilidade das comunidades às mudanças climáticas; - Efeitos das mudanças climáticas: aumento da ação das ondas, tempestades, mudanças no nível do mar.
- São necessárias políticas eficazes para implementar as prioridades identificadas.
Localização
Brasil
América do Sul
Processar
Resumo do processo
O Plano Municipal de Conservação e Restauração da Mata Atlântica de Porto Seguro foi construído por meio de uma abordagem participativa e acrescentou inovação técnica ao incluir a Adaptação Baseada em Ecossistemas e a Conectividade Costeiro-Refúgio. Especialistas nesses temas participaram de todo o processo e utilizaram storylines como ferramentas de conscientização para adaptar os conceitos de AbE e Conectividade ao contexto da região. As atividades propostas no Plano Municipal foram baseadas em uma Avaliação de Vulnerabilidade à Mudança Climática regional, desenvolvida anteriormente para a região. O Plano está agora sendo incluído na Legislação Municipal de Porto Seguro, pelos deputados locais, e a solução é uma metodologia modelo para o desenvolvimento desse tipo de Plano Municipal, que está sendo usada pelos parceiros para criar novos planos para nove outros municípios da região.
Blocos de construção
Legislação para planos municipais de restauração
Os Planos Municipais de Conservação e Restauração da Mata Atlântica são uma política brasileira instituída pela Lei da Mata Atlântica (Lei 11.428/06). Como eles são obrigatórios para todos os municípios brasileiros do bioma Mata Atlântica, é uma grande oportunidade para desenvolver novas metodologias e replicá-las em outros municípios. A experiência aqui apresentada faz parte do estudo de caso "Plano Municipal de Conservação e Recuperação da Mata Atlântica de Porto Seguro - Bahia". O processo seguiu as diretrizes propostas pelo Ministério do Meio Ambiente do Brasil e pela GIZ, que recomenda que o processo seja participativo e tecnicamente apoiado.
Fatores facilitadores
- Legislação nacional previamente disponível; - Interesse da prefeitura local e das partes interessadas em desenvolver o Plano de Restauração; - Conhecimento técnico disponível durante todo o processo.
Lição aprendida
- A fase de mobilização foi fundamental para aumentar o interesse das diversas partes interessadas em participar do desenvolvimento do Plano Municipal. Uma equipe dedicada apresentou a proposta e enfatizou a importância do processo; - A participação de vários setores foi fundamental para uma visão abrangente dos diferentes ecossistemas e atividades analisados; - Apenas algumas Secretarias Municipais participaram do processo. Ter uma participação mais ampla do governo local melhoraria o processo.
Avaliação da vulnerabilidade às mudanças climáticas
Um dos primeiros produtos do projeto "Adaptação baseada em ecossistemas em regiões marinhas, terrestres e costeiras como meio de melhorar os meios de subsistência e conservar a biodiversidade em face das mudanças climáticas" em Abrolhos foi uma Avaliação de Vulnerabilidade às Mudanças Climáticas regional, construída com uma abordagem participativa. Para produzir a avaliação, os colaboradores realizaram uma série de estudos para aprimorar a base de conhecimento dos impactos das mudanças climáticas na região. Eles trabalharam com dois cenários extremos, um seco e outro úmido. Os resultados desses estudos, juntamente com outros dados científicos relevantes, formaram a base para a identificação por especialistas dos principais impactos das mudanças climáticas e das respostas de adaptação. Durante um workshop final que envolveu especialistas e partes interessadas de vários setores, os participantes criaram histórias e identificaram as áreas mais vulneráveis, considerando aspectos sociais e ecológicos. As atividades de adaptação baseadas em ecossistemas propostas no Plano Municipal foram baseadas nos resultados dessa análise.
Fatores facilitadores
- A Avaliação de Vulnerabilidade à Mudança Climática regional estava disponível quando o Plano de Restauração Municipal foi iniciado; - A Avaliação de Vulnerabilidade foi construída com uma abordagem participativa e era conhecida e reconhecida pelas partes interessadas locais.
Lição aprendida
Informações básicas sobre os efeitos da mudança climática, como a análise de vulnerabilidade regional, são essenciais para transformar as atividades de EBA em políticas.
Histórias de conscientização
Os Planos Municipais de Conservação e Restauração da Mata Atlântica normalmente se concentram na restauração da conectividade biológica para manter a conservação da biodiversidade. Nessa solução, foram acrescentados dois princípios adicionais: Adaptação baseada em ecossistemas e Conectividade entre o litoral e a restinga. Para lidar com esses conceitos complexos, os especialistas usaram histórias como ferramentas de conscientização para o processo de planejamento. Um enredo é composto pelos principais impactos em cascata da mudança climática e como os impactos em um componente afetarão os outros. Foram desenvolvidas cinco histórias principais para a região: (1) Impactos das mudanças climáticas na corrente do Brasil, afetando os padrões de ressurgência, a produção bentônica e a pesca; (2) Impactos das mudanças climáticas na sedimentação em rios e recifes e no turismo e na pesca; (3) Impactos das mudanças climáticas na dinâmica das ondas e nos recifes de coral, afetando a erosão e a sedimentação, causando impactos nos estuários e no turismo; (4) Impactos das mudanças climáticas na fragmentação florestal e nos incêndios, causando perda de biodiversidade e mudanças na distribuição das espécies; e (5) Impactos das mudanças climáticas no fluxo dos rios e na intrusão de água salina, afetando a biodiversidade.
Fatores facilitadores
- Os participantes foram informados sobre a importância da EBA e da conectividade entre a costa e os recifes no início do processo; - A experiência técnica estava disponível para apoiar a decisão durante todo o processo; - As recomendações e atividades finais foram revisadas pelos especialistas.
Lição aprendida
- A disponibilidade da equipe técnica foi fundamental para apoiar o processo de decisão, mantendo o foco na Adaptação baseada em Ecossistemas e na Conectividade Costeiro-Refúgio; - Até mesmo questões técnicas complexas, como EbA e Conectividade Costeiro-Refúgio, podem ser facilmente assimiladas pelas partes interessadas locais com explicações e exemplos simplificados, neste caso representados por histórias. O plano recebeu contribuições muito boas das partes interessadas em ambas as questões.
Planejamento conjunto de adaptação
O Plano Municipal de Porto Seguro foi construído em uma abordagem participativa, sob a governança do Conselho Municipal de Meio Ambiente. Esse conselho é composto por representantes do governo local e estadual, das comunidades locais, de ONGs e do setor de turismo. Mais de 120 pessoas de diferentes setores participaram dos workshops e reuniões, proporcionando diversas colaborações, identificando ameaças e oportunidades locais e propondo atividades específicas com base no conhecimento que tinham sobre a região. O Conselho Municipal revisou e aprovou o plano final, que foi publicado e distribuído publicamente. A abordagem de construção de cogestão está sendo implementada para outros planejamentos municipais e usada como referência para a construção dos Planos de Conservação e Restauração da Mata Atlântica em nove outros municípios vizinhos.
Fatores facilitadores
- O processo foi participativo desde o início; - O sistema de governança foi claramente definido (Conselho Municipal do Meio Ambiente).
Lição aprendida
- A fase de mobilização foi fundamental para aumentar o interesse de várias partes interessadas em participar do desenvolvimento do Plano Municipal. Uma pessoa da equipe dedicou um mês a isso, apresentando a proposta e enfatizando a importância do processo; - A participação de vários setores foi fundamental para uma visão abrangente dos diferentes ecossistemas e atividades analisados; - Apenas algumas Secretarias Municipais participaram do processo. Uma participação mais ampla do governo local melhoraria o processo.
Impactos
- Social: As comunidades costeiras do município de Porto Seguro - especialmente as mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas - agora têm um plano de adaptação baseado em ecossistemas e uma política local para implementá-lo. - Ecológico: As políticas locais para a conservação e restauração de florestas costeiras, estuários e ecossistemas de recifes de coral foram formalmente declaradas. Ao final da fase de planejamento, 34 das 89 atividades propostas no plano estavam relacionadas à Adaptação baseada em Ecossistemas e 17 à Conectividade Costa-Recife. Esse foi o primeiro Plano Municipal da Mata Atlântica no Brasil a integrar esses temas, e a experiência pode ser replicada em vários municípios ao longo da costa brasileira.
Beneficiários
As comunidades costeiras, os governos locais, os turistas e a população urbana.
História
O desenvolvimento do Plano Municipal de Mata Atlântica de Porto Seguro ocorreu durante o verão brasileiro, quando a temperatura chegava a 36°C. As salas de reunião para os workshops estavam incrivelmente quentes. As salas de reunião para os workshops estavam incrivelmente quentes! O grupo decidiu então transferir as discussões para os jardins, à sombra de uma grande árvore, onde a temperatura era muito melhor. Essa foi considerada pelos participantes a primeira atividade prática de Adaptação baseada em Ecossistemas do programa, mesmo que em escala muito pequena!