
Apoio ao diálogo transfronteiriço sobre o planejamento espacial marinho para uma economia azul sustentável no sudeste do Pacífico

Essa solução faz parte da Iniciativa MSPglobal, projetada para apoiar o "Roteiro Conjunto para acelerar os processos de Planejamento Espacial Marinho em todo o mundo (MSProadmap)", adotado pela IOC-UNESCO e pela Comissão Europeia e alinhado com o SDG 14.
Mais especificamente, essa solução ajuda os países beneficiários a gerar abordagens, ferramentas e ações em nível transfronteiriço para contribuir com planos coerentes de MSP no Sudeste do Pacífico.
Essa região mostra avanços importantes no gerenciamento costeiro integrado, embora com diferentes níveis de progresso; no entanto, a implementação do MSP ainda é incipiente. As capacidades institucionais foram reforçadas e o diálogo transfronteiriço foi coordenado, resultando em um roteiro regional para o MSP transfronteiriço e a economia azul sustentável.
Uma área transfronteiriça específica - Golfo de Guayaquil (Equador/Peru) - foi selecionada para um exercício de mapeamento participativo das condições e cenários atuais.
O MSPglobal foi cofinanciado pelo Fundo Europeu Marítimo e de Pesca da União Europeia.
Contexto
Desafios enfrentados
- Aumento do número de usos e conflitos marítimos
- Aumento da necessidade e da demanda para melhorar a conservação costeira e marinha
- Falta de políticas sobre MSP e/ou economia azul sustentável na maioria dos países beneficiários
- Falta de capacidade sobre MSP entre algumas instituições governamentais e outras partes interessadas
- Falta de coordenação regional para planos coerentes de MSP em todas as fronteiras marítimas
Localização
Processar
Resumo do processo
Os principais objetivos dessa solução foram "fortalecer as capacidades das partes interessadas" (BB2) em MSP e economia azul sustentável nos quatro países beneficiários, bem como "apoiar o desenvolvimento de recomendações institucionais em escala regional" (BB6). Para inspirar os países beneficiários de forma mais concreta, foi desenvolvido um exemplo em uma área transfronteiriça entre dois dos países por meio da "análise das condições atuais do ambiente marinho e dos usos marítimos" (BB3) e da "construção de cenários para o MSP e a economia azul sustentável" (BB4). Com base nisso, foi decidido "apresentar os principais resultados por meio de uma ferramenta de narrativa simplificada e interativa" (BB5), facilmente acessível e compreendida pelas partes interessadas. Tudo foi feito com base em atividades de engajamento que exigiram "planejamento, relatório e monitoramento adequados da participação e comunicação das partes interessadas" (BB1).
Blocos de construção
Planejamento, relatório e monitoramento da participação e comunicação das partes interessadas
Esse BB teve como objetivo estruturar as tarefas relacionadas ao envolvimento e à comunicação das partes interessadas por meio do desenvolvimento de:
I) Uma estratégia de participação pública baseada em:
- Três pilares: identificação das partes interessadas; atividades de envolvimento; e monitoramento e avaliação da participação
- Uma abordagem participativa bidirecional: equilíbrio entre as abordagens de cima para baixo e de baixo para cima
II) Um Plano de Comunicação e Disseminação para definir um tom e uma direção unificados, de modo que todas as atividades, ferramentas e materiais trabalhem em harmonia para criar uma visão compartilhada e aumentar a conscientização sobre a iniciativa e seus resultados. Também incluiu o monitoramento de várias métricas - por meio de vários canais e meios - para avaliar o impacto geral e o sucesso das ações de comunicação e divulgação.
Planos autônomos de comunicação e disseminação, bem como planos e relatórios de engajamento, foram desenvolvidos para orientar e avaliar cada atividade implementada. As principais mensagens desses relatórios foram usadas como notícias na web para comunicar e informar as partes interessadas.
No piloto do Sudeste do Pacífico, foram implementadas as seguintes atividades de envolvimento:
- Reuniões com as partes interessadas, especialmente para o exercício de mapeamento no Golfo de Guayaquil
- Workshops institucionais em nível nacional e regional
- Cursos de treinamento para autoridades governamentais e partes interessadas do setor
Fatores facilitadores
- Contatos de projetos anteriores desenvolvidos na região
- Nomeação de um representante governamental (Ponto Focal Nacional) para apoiar a identificação das partes interessadas, bem como para convidá-las oficialmente a participar
- Desenvolvimento de um banco de dados de partes interessadas para incluir todas as partes interessadas que desejassem, facilitando o contato e a disseminação de informações
- Desenvolvimento de uma identidade visual
- Um membro da equipe totalmente dedicado à comunicação
Lição aprendida
- Banco de dados de partes interessadas: Ao lidar com centenas de partes interessadas, é melhor criar um banco de dados com um número limitado de campos essenciais para manter a comunicação
- Mapeamento das partes interessadas: Mapear ativamente as partes interessadas (por exemplo, técnica de bola de neve) para expandir e diversificar os atores envolvidos
- Atividades de engajamento: Comece a organizar e divulgar com bastante antecedência, além de enviar lembretes com frequência (para eventos presenciais e on-line)
- Partes interessadas locais: Visitas de campo para identificar e se envolver com as partes interessadas locais, que podem estar menos dispostas a usar canais virtuais
- Comunicações e divulgação: Adaptar a comunicação às partes interessadas envolvidas; usar diferentes canais para atingir um público maior; combinar produtos digitais, audiovisuais e impressos
Fortalecimento das capacidades das partes interessadas
Esse Building Block teve como objetivo desenvolver atividades para aprimorar as capacidades das partes interessadas em MSP e economia azul sustentável. Ele ajudou os participantes a entender o panorama geral do MSP, bem como o papel que eles podem desempenhar nessa política.
I) Curso de treinamento para representantes governamentais
incluiu sessões teóricas e práticas. A primeira abordou tópicos como os conceitos de MSP e economia azul sustentável, bem como a participação das partes interessadas e dados e informações. Além disso, as autoridades competentes tiveram a oportunidade de discutir iniciativas nacionais sobre MSP. Colocando a teoria em prática, os participantes foram divididos em grupos para jogar o MSP Challenge Game, representando planejadores e partes interessadas. Eles foram solicitados a definir a visão, os objetivos, os indicadores, as ações e as partes interessadas de países fictícios para simular um processo de MSP. Depois, desenvolveram planos setoriais e usaram os tokens do jogo para negociar espaço e desenvolver um plano integrado. Eles também tiveram que vincular aspectos do plano com a realização das SDGs.
II) Seminários para as partes interessadas do setor
Apresentaram os conceitos e a importância de políticas integradas, como o MSP e a economia azul, com foco na resolução de conflitos e oportunidades. Eles também proporcionaram uma chance para os representantes governamentais divulgarem as políticas nacionais.
Fatores facilitadores
- Material de treinamento e curso no idioma das partes interessadas
- Exercícios práticos para estimular o processo de aprendizado
Lição aprendida
- Conteúdo: Além de aprender sobre conceitos, os participantes estão interessados em exemplos da vida real
- Equilíbrio de gênero: É importante solicitar que a lista de participantes convidados para os cursos de treinamento seja equilibrada em termos de gênero.
- Participação: Certifique-se de que o Ponto Focal Nacional responsável pela co-organização das atividades esteja se comunicando com as instituições parceiras para garantir seu envolvimento.
- Partes interessadas privadas: Em geral, eles estão menos dispostos e disponíveis para participar de cursos de treinamento, especialmente se forem organizados durante o horário de trabalho
Recursos
Análise das condições atuais do ambiente marinho e dos usos marítimos
Esse Building Block teve como objetivo analisar as condições atuais do Golfo de Guayaquil (baía histórica compartilhada pelo Equador e pelo Peru) como um exemplo que poderia ser replicado em outras áreas transfronteiriças. Políticas, dados e informações sobre o ambiente marinho e os principais usos marítimos foram analisados para identificar conflitos e compatibilidades entre uso e natureza, resultando no desenvolvimento de um relatório técnico disponível ao público.
Os dados espaciais foram compilados com o apoio do Ponto Focal Nacional de cada país, que contatou e solicitou os dados às autoridades governamentais competentes. Foi criado um banco de dados geográfico com metadados e desenvolvidos mapas. Foram organizadas atividades de consulta (locais e binacionais) com as partes interessadas para revisar os mapas e fornecer mais informações sobre conservação e questões setoriais.
Fatores facilitadores
- Acesso a fontes de dados públicas nacionais, regionais e internacionais
- Dados de projetos anteriores desenvolvidos na região
- Parceiros governamentais importantes para apoiar a compilação de dados
- Aumento da disposição dos provedores de dados em compartilhar os dados devido às atividades de engajamento
- Pelo menos um membro da equipe com experiência em dados espaciais disponível durante toda a iniciativa, caso seja necessária uma análise adicional
Lição aprendida
- Políticas: Analise-as como um pacote para entender suas conexões, sobreposições e lacunas, bem como a estrutura de governança. Algumas políticas fornecem informações relevantes sobre zonas já estabelecidas para diferentes setores, embora esse tipo de dados espaciais nem sempre esteja disponível publicamente
- Provedores de dados: Mapeie os possíveis provedores de dados e, em seguida, solicite-os por meio de um parceiro governamental importante para aumentar a chance de uma resposta positiva.
- Falta de dados: Algumas instituições podem não estar dispostas a compartilhar dados, por isso é importante ser transparente e reconhecer as lacunas de dados
- Qualidade dos dados: Valide com especialistas a confiabilidade dos dados compilados de uma fonte externa às instituições nacionais ou internacionais e, se necessário, remova-os da análise.
Criação de cenários para o MSP e a economia azul sustentável
Esse Building Block teve como objetivo analisar as possíveis condições futuras do Golfo de Guayaquil a fim de construir três cenários até 2030: cenário de tendência; cenário conservacionista; e cenário integrado. Os cenários desenvolvidos NÃO representam propostas oficiais para a área; em vez disso, são um ponto de partida para um diálogo multissetorial e transfronteiriço sobre o futuro desejado. Um relatório técnico foi desenvolvido e disponibilizado ao público.
Fatores facilitadores
- Planos setoriais com objetivos e áreas potenciais de desenvolvimento já identificados
- Políticas nacionais com pelo menos algumas metas para o sistema socioecológico costeiro e marinho já identificadas
Lição aprendida
- Áreas potenciais de desenvolvimento: É importante confirmar com as autoridades competentes se as áreas identificadas em políticas anteriores ainda são válidas.
- Transparência: Justifique os objetivos e as premissas de cada cenário, bem como a forma como foram desenvolvidos. Se não forem propostas oficiais, deixe isso claro ao apresentar os cenários para evitar qualquer problema, como o fato de uma parte interessada do governo ficar chateada por não ter participado do processo
- Como usar: Desenvolva algumas diretrizes com sugestões sobre como usar e adaptar os cenários durante o diálogo e a negociação com as partes interessadas em nível nacional e regional.
Apresentação dos principais resultados por meio de uma ferramenta de narração simplificada e interativa
Esse Building Block teve como objetivo desenvolver uma ferramenta de narração multilíngue para mostrar as condições e os cenários existentes para o piloto no Golfo de Guayaquil. O objetivo era apresentar os dados e as informações de forma simplificada e interativa e, assim, transformar conceitos complexos em noções facilmente compreendidas por todas as partes interessadas.
Fatores facilitadores
- Profissionais com experiência anterior no desenvolvimento de uma ferramenta de narrativa on-line com visualização de dados espaciais
- Relatórios técnicos com os dados e informações necessários publicados com antecedência
- Dados espaciais organizados em um geodatabase com metadados
Lição aprendida
- Trabalho em equipe: Os envolvidos no desenvolvimento dos relatórios precisam trabalhar em estreita colaboração com os responsáveis pelo desenvolvimento da ferramenta para garantir que os principais resultados sejam adequadamente selecionados e exibidos.
- Estrutura: Organize a história por meio de diferentes temas, títulos, slogans e seções
- Seja conciso: Limite o tamanho dos textos às mensagens principais. Se o usuário estiver interessado em saber mais, os relatórios com as informações completas devem estar disponíveis
- Termos técnicos: Sempre que possível, evite usar linguagem difícil e/ou técnica (inclusive acrônimos) que possa ser incompreensível para um público mais amplo. Se não puder ser evitado, é melhor acrescentar o significado
- Ferramenta responsiva da Web: Dependendo do tipo e do formato do conteúdo, pode ser difícil garantir que a ferramenta seja suficientemente responsiva em diferentes navegadores de Internet, resoluções e dispositivos eletrônicos.
- Versão beta: Recomenda-se desenvolver uma versão beta (pré-lançamento) e depois pedir a alguns usuários que a utilizem antes do lançamento
Apoiar a formulação de recomendações institucionais em escala regional
Esse Building Block teve como objetivo desenvolver um roteiro regional sobre MSP e economia azul sustentável acordado pelos quatro países beneficiários: Colômbia, Equador, Panamá e Peru. Durante as atividades nacionais, as autoridades governamentais e as partes interessadas relevantes forneceram recomendações, que foram compiladas em uma tabela resumida por foco temático e, em seguida, priorizadas pelos Pontos Focais Nacionais. As recomendações mais votadas foram selecionadas e reformuladas (quando necessário) para compor o roteiro regional.
Fatores facilitadores
- Aumento da relevância do MSP e da economia azul sustentável nas agendas nacionais e internacionais
- Colaboração pré-existente entre instituições governamentais em nível nacional e regional
Lição aprendida
- Desenvolvimento de capacidade: Antes de propor reuniões regionais, é importante oferecer capacitação em nível nacional para que os representantes nacionais estejam mais bem preparados para as discussões regionais
- Desenvolvimento da cooperação: Antes de propor uma atividade para desenvolver recomendações regionais, é importante organizar reuniões prévias em nível regional para que os representantes nacionais possam se encontrar e se acostumar a trabalhar uns com os outros.
Impactos
- Aumento da conscientização entre as diferentes partes interessadas sobre a relevância das políticas marinhas, como o MSP e a economia azul sustentável
- Aumento da capacidade das partes interessadas de desenvolver e implementar planos de MSP e estratégias de economia azul sustentável em nível nacional
- Diálogo transfronteiriço baseado em conhecimento e construído com base em ferramentas técnicas (relatórios e ferramenta de narrativa de fácil utilização)
- Recomendações regionais acordadas sobre MSP e economia azul sustentável
Beneficiários
- Representantes de instituições governamentais envolvidos em discussões institucionais sobre MSP dos 4 países beneficiários
- Outras partes interessadas (por exemplo, usuários marítimos e pesquisadores) que tiveram a oportunidade de participar dos treinamentos e/ou do exercício de mapeamento