Naani Aruy: faenas comunales para conservar el Inka Naani en el valle de Tambillos, Ancash, Perú
El Qhapaq Ñan, Sistema Vial Andino, es un camino vivo declarado Patrimonio Mundial en 2014, que mantiene su vínculo original con las comunidades andinas, vulnerables a fenómenos climáticos y geodinámicos. No Valle de Tambillos, em Ancash, as comunidades quechuas preservam esse legado por meio de feiras comunitárias, como a Naani Aruy, uma celebração anual de limpeza e manutenção dos campos incas. Esses trabalhos ancestrais, transmitidos desde épocas pré-coloniais, fortalecem a resiliência à mudança climática, combinando conhecimentos hereditários e científicos, e refletem uma cosmovisão que fomenta a reciprocidade e o convívio com o meio ambiente. Essa prática destaca como a conexão entre natureza e cultura responde aos desafios ambientais atuais e como a gestão colaborativa pode descolonizar as categorias de patrimônio para abordar melhor a mudança climática.
Contexto
Desafios enfrentados
A atividade de mineração afetou as organizações comunitárias e seus costumes ancestrais, como o Naani Aruy. Com o aumento da receita local pelo cânone mineiro, os governos impulsionaram projetos de investimento público que elevaram o custo da mão de obra. A remuneração atrativa no setor de mineração gerou a ideia de que todo trabalho deve ser pago. Isso afetou atividades tradicionais de trabalho comunitário, como o ayni, o Cequia Aruy (limpeza de canais) e o Naani Aruy (limpeza de caminhos), em que cada comunitário contribui voluntariamente. Atualmente, muitos comunitários, sobretudo jovens, preferem o trabalho remunerado e abandonam os trabalhos agrícolas e comunitários.
Localização
Processar
Resumo do processo
Os componentes-chave da solução interagem de forma complementar para abordar os desafios de conservação do Inka Naani. O trabalho comunitário indígena é o elemento central. As comunidades locais, incluindo anciãos, mulheres e crianças, coordenam a manutenção dos campos incas, o que garante a preservação física dos senderos. Esse processo não apenas fortalece o tejido social, mas também permite a transmissão intergeracional de conhecimentos tradicionais, no contexto ambiental - climático, construtivo da rede vial inca e da gestão de recursos naturais.
As cerimônias tradicionais, como as oferendas aos hirkas antes de iniciar os trabalhos, reforçam a conexão espiritual e cultural com a natureza. Esses rituais asseguram que os trabalhos de conservação sejam realizados em harmonia com o meio ambiente, promovendo uma solução holística que integra o cultural, o social e o ambiental.
Blocos de construção
2. Cerimônias e rituais tradicionais
A participação em cerimônias como as rendições às divindades da montanha (hirkas) antes dos trabalhos de manutenção ajuda a manter o equilíbrio cultural e ecológico da região.
Segundo os moradores, alguns elementos naturais (piedras, agua, tierra, troncos), que são matéria-prima para a arquitetura tradicional, têm comportamentos não convencionais diante de certas condições temporais ou estacionais. Por exemplo, o uso da água na elaboração de estruturas se encontra vinculado às fases da lua: garante-se uma maior resistência e processo de compactação na elaboração da tapia ou tapial durante a fase da lua cheia. Nessa esfera de aprendizagem recíproca com o meio natural, estabelece-se também uma relação com entidades hieráticas ou espirituais que fazem parte ou habitam esses meios, daí a necessidade de desenvolver diversos rituais comemorativos para manter a ordem e a harmonia com a natureza, os quais fazem parte de um amplo repertório simbólico.
3. Perspectiva indígena sobre a natureza
A visão indígena da natureza como um legado prestado às gerações futuras fomenta a sustentabilidade e o respeito pelos recursos naturais.
Impactos
A solução apresentada em relação ao Qhapaq Ñan demonstrou impactos positivos em vários aspectos.
Ambientalmente, as comunidades locais, além disso, incorporaram sua visão indígena da natureza como um legado que deve ser protegido para as gerações futuras, promovendo um uso sustentável dos recursos naturais.
Socialmente, a participação da comunidade na manutenção dos campos incaicos fortaleceu a coesão social, integrando todos os membros da comunidade, inclusive idosos, mulheres e crianças, em atividades tradicionais e cerimoniais. Esse processo assegura a transmissão intergeracional de conhecimentos sobre sistemas de drenagem e previsão do clima com base em sinais ambientais.
Economicamente, a manutenção dos caminhos em uso contribui para o desenvolvimento local, facilitando a conectividade e o turismo, gerando renda e oportunidades econômicas para as comunidades indígenas.
Beneficiários
- Comunidades indígenas (quechuas no Valle de Tambillos e ao longo do Qhapaq Ñan)
- Meio ambiente local
- Gerações futuras
- Turistas e visitantes
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
História
A organização do Naani Aruy se baseia nas autoridades da comunidade, onde se define a data, as comissões, a duração do trabalho e a dimensão da intervenção, bem como as responsabilidades por grupos, gênero e funções dos participantes. Em geral, as mulheres se encarregam de preparar a comida e a chicha, ao passo que os homens são responsáveis por agenciar os instrumentos como pico, lampa, hoz e pala. Cabe ressaltar que na comunidade de Huachis (atual capital do distrito), ainda se mantém o papel do alcaide pedâneo. Essa autoridade substitui atualmente a figura dos antigos varayocs, assumindo o papel da organização dos trabalhos comunitários.
O ponto de concentração se realiza na porta da casa comunal de Soledad de Tambo, onde se adora o urpu (vasija de barro para chicha) com panes, flores, rocoto e hojas de maíz. Em seguida, transporta-se o urpu até o ushnu, acompanhado de música (caja y pincullo).Arespeito disso, os comunitários disseram: "A música é boa, o som da caixa e do pino nos motiva, nos dá força para fazer um bom trabalho... assim também trabalhavam nossos ancestrais...". Ao chegar ao ushnu de Soledad de Tambo, as últimas recomendações são desenvolvidas e é dada especial atenção à garantia da distribuição de chicha para todos os participantes da feira. Ao mesmo tempo, as mulheres, uma vez que terminam de preparar a comida, se reúnem em grupos e se concentram na parte superior do ushnu, esperando que termine a jornada para compartilhar os alimentos.
Antes de começar a trabalhar, o agente municipal de Soledad de Tambo agradece a assistência dos moradores e realiza uma pequena cerimônia. Se pide permiso a las hirkas, se bebe chicha, se chaqcha la coca y se realiza la shogapada. Posteriormente, inicia-se a limpeza do caminho desde a parte alta até as zonas baixas. As atividades são acompanhadas pelo consumo de chicha nos momentos de descanso. É comum que, ao culminar o trabalho, todos os participantes se concentrem no topo do ushnu, compartilhando as diversas panelas e bebendo chicha. Para encerrar a jornada, bailan ao ritmo da caja y pincullo, agradecendo aos concorrentes.