
Avaliação dos impactos econômicos do turismo em áreas protegidas do Brasil

A avaliação dos impactos econômicos do turismo em áreas protegidas (APs) é uma forma de os administradores de parques de países em desenvolvimento informarem as partes interessadas sobre o valor das APs, que servem não apenas para fins de conservação, mas também como motores de crescimento econômico de alto valor agregado e impacto relativamente baixo.
Uma análise do impacto econômico do turismo foi desenvolvida para medir os gastos dos visitantes em torno das APs no Brasil. O estudo revelou a magnitude econômica de um importante serviço de ecossistema fornecido pelas APs - o turismo e a recreação ao ar livre. A visitação nas APs demonstrou ser um mecanismo impactante para desenvolver as economias locais e o setor de turismo no Brasil, pois cada dólar investido em gestão gera US$ 7 para a economia. A iniciativa reforçou que os impactos econômicos do turismo influenciam diretamente as APs, bem como indiretamente outros negócios e as comunidades locais, gerando maiores benefícios econômicos para as comunidades locais que têm uma maior dependência familiar dos recursos naturais do entorno.
Contexto
Desafios enfrentados
As áreas protegidas (APs) podem contribuir significativamente para as economias locais por meio dos gastos dos visitantes com bens e serviços relacionados à viagem, gastos indiretos da cadeia de suprimentos, atividade econômica induzida pela presença da AP e operações do parque. No entanto, em geral, os órgãos das APs estão mais acostumados a relatórios financeiros que tratam apenas da renda direta (de taxas de entrada, concessões, royalties de recursos etc.) e dos custos, deixando de considerar o escopo mais amplo do valor monetário gerado pelas APs para as economias locais, provinciais e nacionais. Apesar de a visitação ser uma importante fonte de renda para as APs, ao ignorar a contribuição maior para a economia regional, as análises financeiras podem induzir ao erro os tomadores de decisão e o público em geral.
Localização
Processar
Resumo do processo
O bloco de construção mostra o processo para desenvolver uma análise dos impactos econômicos dos gastos dos visitantes em áreas protegidas.
O primeiro bloco explica que os órgãos que administram áreas protegidas estão acostumados a produzir relatórios financeiros que tratam de receitas e custos diretos. É necessário identificar o problema de que as análises financeiras restritas subvalorizam significativamente as áreas aos olhos dos tomadores de decisão e do público em geral, em comparação com os efeitos econômicos mais amplos para as economias regionais, que muitas vezes equivalem a muitas vezes os custos diretos da administração das áreas protegidas.
Para resolver esse problema, o segundo bloco de construção oferece uma ferramenta de avaliação chamada Modelo Econômico de Turismo em Áreas Protegidas (TEMPA), que ajuda a orientar os gerentes de projeto e outros a desenvolver a Análise Econômica por meio da coleta, análise e exibição de dados de gastos com turismo em nível local e nacional.
O terceiro bloco de construção descreve como usar os dados econômicos do turismo para gerar relatórios e influenciar a tomada de decisões. O principal objetivo dos relatórios econômicos de turismo e recreação é o relacionamento com o público, aumentando o apoio da sociedade, elevando os orçamentos da AP, criando parcerias e influenciando as políticas locais e as decisões de planejamento.
Blocos de construção
Identificação do problema: realização de análise econômica em vez de financeira
As agências que administram parques nacionais estão acostumadas a produzir relatórios financeiros que tratam da renda e dos custos diretos (incluindo taxas de entrada, concessões, royalties de recursos etc.). No entanto, essa perspectiva deixa de considerar os efeitos econômicos mais amplos das áreas protegidas (APs), inclusive seu valor monetário e o emprego que geram para as economias regionais, o que muitas vezes equivale a muitas vezes os custos diretos de administração do parque.
O Brasil administra um sistema de 334 APs federais em um total de 170 milhões de hectares. Apesar do enorme tamanho do sistema de APs e de sua importante biodiversidade, o orçamento associado não foi totalmente fundamentado no Brasil. Além disso, ainda era ambíguo o impacto e o valor agregado do turismo por meio dos gastos dos visitantes devido à falta de pesquisas empíricas. Portanto, o objetivo foi estimar os impactos econômicos do turismo no sistema federal de APs do Brasil.
Fatores facilitadores
A análise do impacto econômico descreve as inter-relações entre os setores econômicos. Por exemplo, os visitantes gastam dinheiro nas APs e nas comunidades de passagem, e seus gastos criam e apoiam a atividade econômica local.
A análise econômica demonstra a contribuição das APs para as economias nacionais e locais por meio dos gastos dos visitantes com acomodação, transporte, bens e serviços durante a visita, gastos indiretos da cadeia de suprimentos, atividade econômica induzida pela presença do parque e as próprias operações do parque.
Lição aprendida
As APs agregam valor de várias formas, inclusive por meio de serviços ecossistêmicos, conservação da biodiversidade, prazer humano e atividade convencional. Essa ferramenta mede a contribuição dos parques para as economias nacionais e locais por meio dos gastos dos visitantes com acomodação, transporte, bens e serviços durante a visita, gastos indiretos da cadeia de suprimentos, atividade econômica induzida pela presença do parque e as próprias operações do parque.
Análises financeiras restritas subvalorizam significativamente os parques aos olhos dos tomadores de decisão, das empresas, da mídia e do público em geral, em comparação com a economia mais ampla estimulada pelos gastos com turismo.
Para estimar o valor total dos parques e obter maior apoio público, vários países começaram a realizar análises econômicas de gastos mais amplos relacionados aos parques. Entre eles estão, por exemplo, os EUA, o Canadá, a Austrália, a Finlândia, a Namíbia, a África do Sul e o Brasil, que é o caso deste estudo.
Ferramenta de avaliação do Modelo Econômico de Turismo em Áreas Protegidas (TEMPA)
Como parte de um esforço maior para avaliar os impactos socioeconômicos das Áreas Protegidas financiadas pelo GEF, o Modelo Econômico de Turismo para Áreas Protegidas (TEMPA) foi desenvolvido para ajudar a orientar os gerentes de projeto e outros na coleta, análise e exibição de dados de gastos com turismo usando uma ferramenta baseada em planilha fácil de usar, que também é fornecida. Apesar de a análise de impacto econômico ter sido aplicada em muitos países, como EUA, Canadá, Austrália, Finlândia, Namíbia e África do Sul, esta versão preliminar da ferramenta e da planilha que a acompanha representa uma etapa inicial de um processo mais longo de teste e refinamento da TEMPA em uma ampla gama de categorias de áreas protegidas em todo o mundo. No momento, o TEMPA foi testado apenas em um parque selecionado no sul da África e nacionalmente no Brasil. Os resultados mostram ganhos econômicos diretos e indiretos significativos dos parques em nível local e nacional. Espera-se que o uso generalizado de ferramentas como o TEMPA possa continuar a se desenvolver a partir desse esforço para destacar o importante papel multifacetado que as áreas protegidas desempenham no apoio à natureza e aos meios de subsistência.
Fatores facilitadores
Estimativa dos efeitos econômicos das despesas dos visitantes
Efeitos econômicos = Número de visitantes * Gasto médio por visitante * Multiplicadores econômicos
Para concluir a análise, o gerente que está realizando um estudo de parque precisa coletar ou estimar o seguinte:
- o número de visitantes que visitam os parques e a área ao redor;
- o gasto médio por visitante na região, e
- aplicar multiplicadores econômicos para medir os efeitos em cascata dos gastos na região (TEMPA).
Lição aprendida
O modelo TEMPA auxilia o gerente a inserir dados e calcular o impacto econômico de um parque. A configuração dos cálculos para estimar os efeitos econômicos dos gastos com turismo pode parecer um tanto assustadora, especialmente para pessoas com pouca experiência em economia e análise de dados econômicos. Portanto, o modelo que fará a maior parte do trabalho e provavelmente surpreenderá pela facilidade de uso.
Recursos
Uso de dados econômicos do turismo para análise, geração de relatórios e influência na tomada de decisões
O principal objetivo da análise econômica do turismo e da recreação tem sido usado para objetivos de relações públicas. Os objetivos comuns das análises econômicas do turismo têm sido aumentar o apoio para aumentar os orçamentos da AP, para criar parcerias e para influenciar as políticas locais e as decisões de planejamento.
Esses tipos de uso exigem níveis mais baixos de detalhes ou precisão em comparação com outros estudos voltados para a avaliação de alternativas de gestão para questões específicas da AP, como decisões sobre novos investimentos, instalações ou serviços. Por exemplo, os administradores de parques podem querer usar essa ferramenta para fins de gestão adaptativa e/ou integrar a avaliação do impacto econômico a uma análise social ou de meios de subsistência da AP que revele benefícios e custos não monetários. Nesses casos, o estudo deve ser elaborado para permitir a estimativa dos impactos em nível local.
Ao mesmo tempo, os administradores do governo podem querer comparar o valor de um parque em nível nacional com outros usos da terra ou parques em regiões semelhantes. O importante é que as principais partes interessadas sejam consultadas antes da fase de projeto para que as medidas escolhidas e sua relação com o parque reflitam o que se deseja que o público-alvo saiba.
Fatores facilitadores
A apresentação dos resultados deve se concentrar no objetivo do relatório e no público-alvo. As figuras e os exemplos facilitam a compreensão do público. Para apoiar as apresentações,
Lição aprendida
Os administradores de APs devem comunicar os resultados do TEMPA para aumentar a conscientização entre os formuladores de políticas, as partes interessadas na conservação e no comércio, as comunidades locais e o público em geral sobre o valor das APs, não apenas para a conservação, mas também como mecanismos de compartilhamento de benefícios.
Os resultados devem ser comunicados em termos que sejam compreensíveis para o público-alvo. Normalmente, um resumo e um glossário de termos econômicos são úteis para a maioria dos públicos. As medidas mais comuns são vendas, renda, empregos, PIB e impostos; também são necessárias definições formais das medidas para esclarecer esses termos e as unidades de medida.
Impactos
O Economic Impacts of Tourism (Impactos econômicos do turismo) ajuda os gerentes a informar os formuladores de políticas, as partes interessadas, as comunidades locais e o público em geral sobre os valores das APs para a conservação e para o compartilhamento de benefícios.
Os resultados no Brasil, por exemplo, identificaram que cada dólar que o país investiu no sistema de APs produziu US$ 7 em benefícios econômicos. Em 2017, os 10,7 milhões de visitantes gastaram cerca de US$ 530 milhões nas comunidades locais em torno das APs. A contribuição total desses gastos para a economia nacional foi de cerca de 80 mil empregos, U$ 583 milhões em renda, U$ 822 milhões em valor agregado ao PIB e U$ 2,2 bilhões em vendas. Em relação aos impostos, foi gerado um total de U$ 38 milhões em nível municipal; em nível estadual, U$ 130 milhões e em nível federal, U$ 71 milhões; totalizando U$ 240 milhões em impostos.
Os resultados estão ajudando os formuladores de políticas, as partes interessadas comerciais e de conservação, as comunidades locais e o público em geral sobre o valor que as APs têm para a conservação, bem como os mecanismos de compartilhamento de benefícios. Os resultados foram usados, por exemplo, para aprovar a Lei nº 13.668/2018, que aprimorou a legislação para a concessão de serviços de recreação em áreas protegidas federais no Brasil.
Beneficiários
O Economic Impacts of Tourism in Protected Areas (Impactos econômicos do turismo em áreas protegidas) oferece uma maneira de informar as partes interessadas sobre o valor das APs, servindo não apenas para fins de conservação, mas como motores para um crescimento econômico de alto valor agregado e impacto relativamente baixo.
Estrutura Global de Biodiversidade (GBF)
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
História

O Brasil fez seu primeiro relatório de contribuições econômicas de gastos de visitantes em áreas protegidas federais em 2017. Os administradores de parques estão ficando muito animados com esse tipo de dados. Eles entendem que a análise econômica é uma ferramenta importante para demonstrar os valores das áreas protegidas para o público em geral que não está interessado em conservação.
Em um momento em que o país enfrenta uma recessão econômica, a análise econômica do turismo é uma forma de informar as partes interessadas sobre o valor das APs não apenas para fins de conservação, mas também como motores de crescimento econômico de alto valor agregado e impacto relativamente baixo, apresentando quantos empregos, renda e PIB são gerados.
Os resultados agora estão sendo usados em apresentações de gerentes e diretores de parques, por jornalistas e outras partes interessadas que defendem a conservação. A afirmação de que cada dólar investido no sistema de áreas protegidas produziu US$ 7 em benefícios econômicos tornou-se um mantra para a equipe da agência.