
Criação do Fundo de Investimento Sustentável para a Reserva Marinha de Galápagos

O GNPS atualizou o valor da Patente de Operação Turística (permissão anual para operar no GMR, que não era atualizada há mais de 20 anos). Esse valor é atualizado todos os anos com base no salário básico unificado SBU em vigor no Equador, a fórmula multiplica a Tonelagem Líquida de Registro da embarcação por 80% do SBU. O Estado cobrou US$ 492.000 por 162 embarcações de turismo, com o aumento a cobrança será progressiva, em 2018 serão cobrados US$ 1.902.847; em 2019, US$ 2.885.540; e a partir de 2020, US$ 3.915.312. O trust diminuirá a dependência financeira do Estado para o controle do GMR, com a capitalização gerando sustentabilidade financeira. Esse capital inicial será coberto em 50% pelo Estado e será financiado por patentes. O trust terá um fundo capitalizável de US$ 20.000.000, que gerará uma média de juros de US$ 1.400.000 por ano, permitindo assim o financiamento das atividades do GMR.
Contexto
Desafios enfrentados
Os principais desafios da solução apresentada são:
Capitalizar pelo menos US$ 20 milhões;
Contribuir para o cumprimento dos objetivos do Plano de Gestão da Reserva Marinha;
Manter a sustentabilidade financeira para cobrir as necessidades da GMR (Reserva Marinha de Galápagos);
Manter o reconhecimento do bom gerenciamento da reserva marinha em todo o mundo;
Ampliar a reserva marinha de 40 milhas.
Localização
Processar
Resumo do processo
A criação desse fundo tem como objetivo proteger o valor de seu capital ao longo do tempo por meio de investimentos. Portanto, o capital inicial desse fundo será coberto pelo Estado equatoriano em 50%, e sua fonte será o aumento da arrecadação das patentes mencionadas acima. O ato foi solenizado com a assinatura do Acordo Ministerial que foi assinado durante o mês de agosto de 2018 pelo Ministro do Meio Ambiente. Os 50% restantes serão cobertos pela cooperação nacional e internacional.
Com esse pano de fundo, a GNPD (Direção do Parque Nacional de Galápagos) está no processo legal e financeiro para a criação e o estabelecimento desse fundo, graças a esse aumento significativo na receita, que representa uma renda importante para o tesouro.
Após a socialização desse fundo com diferentes organizações não governamentais, elas demonstraram interesse em contribuir para seu capital inicial.
Blocos de construção
Aumento na cobrança de licenças de operação turística
Os motivos por trás do processo de atualização da tarifa foram:
- 20 anos sem atualizar o valor da taxa de licença de operação turística:
- Era irrisória em comparação com a renda que as operadoras de turismo recebem;
- O custo da administração e do gerenciamento da reserva, onde os usuários se beneficiam de seu serviço ambiental;
Aspectos relevantes do acordo alcançado para atualizar a tarifa:
- Socialização com o setor de turismo para acordos de pagamento;
- Processo de 4 anos de negociações
- Diferentes tipos de negociações (maiores e menores, dependendo do tipo de turismo);
- O valor é atualizado a cada ano com base no salário básico unificado SBU em vigor no Equador; a fórmula multiplica a tonelagem líquida de registro da embarcação por 80% do SBU;
- Facilidades de pagamento para o operador, ou seja, o valor pode ser pago em três parcelas.
- A Reserva otimizou seus sistemas para poder fazer a ordem de cobrança on-line e o pagamento por meio de transferências bancárias.
- Embarcações menores pagam menos
- O estado costumava cobrar US$ 492.000 por 162 barcos de turismo, com o aumento a cobrança será progressiva, em 2018 será de US$ 1.902.847; em 2019 de US$ 2.885.540; e a partir de 2020 de US$ 3.915.312.
Fatores facilitadores
- Socialização com o setor de turismo e outras partes interessadas;
- Vontade política;
- Relatório técnico de qualidade;
- Divulgação das questões e necessidades de gerenciamento da reserva, da comunidade e das partes interessadas;
- Processo de zoneamento da reserva que foi criado e socializado com os diferentes usuários;
- Foi aceito pelas operadoras de turismo porque elas próprias estavam cientes de que o aumento era necessário para o bom gerenciamento da reserva, o que significa a conservação e a preservação das zonas em que operam.
Lição aprendida
- Que os processos que são socializados e negociados com os principais atores desde o início levam a menos problemas em sua implementação;
- Que a tomada de decisões com relatórios técnicos de qualidade apóia as decisões tomadas;
- Apesar da alta rotatividade das autoridades mais altas, o projeto teve de ser apresentado em várias ocasiões para ser aprovado pela autoridade atual;
- Apesar da vontade política, o processo deve ser realizado de forma técnica e não se envolver na esfera política;
- O próprio governo percebeu que esse é um processo que pode ser replicado em outras áreas.
Criação do Fundo de Investimento Ambiental para a Reserva Marinha de Galápagos
O objetivo é constituir e capitalizar um fundo fiduciário, ancorado no Fundo de Investimento Ambiental Sustentável (FIAS), com o objetivo de proteger, preservar e conservar a Reserva Marinha de Galápagos (GMR), garantindo sua sustentabilidade financeira.
O principal marco de longo prazo a ser alcançado com esse fundo é aumentar as 40 milhas da GMR. Além disso, esse fundo visa desenvolver e implementar um plano para a prevenção, conservação e preservação da RMG. Para atingir esses marcos, foram definidos três programas principais. No entanto, dois temas transversais foram identificados como cruciais para a boa preservação e conservação da GMR, a saber, Mudanças Climáticas e Comunicação e Educação Ambiental.
Os três programas são:
- Manter e fortalecer o programa de monitoramento e vigilância do GMR para proteger o patrimônio marinho;
- Garantir a conservação do GMR e sua integridade ecológica, por meio de monitoramento e pesquisa para o uso racional de seus bens e serviços ambientais;
- Contribuir para o desenvolvimento e a implementação do Plano de Emergência do GMR.
Fatores facilitadores
- A atualização do valor das patentes de operações turísticas;
- No Equador, há um Fundo de Investimento Ambiental Sustentável (FIAS) que nos permitirá criar esse fundo GMR sob seu guarda-chuva;
- A existência de um Fundo de Espécies Invasoras de Galápagos, ancorado no FIAS, é um exemplo de sucesso para a criação do fundo de reserva marinha, proporcionando confiança aos investidores.
Lição aprendida
- A criação desse tipo de fundo ajuda a mitigar a instabilidade do financiamento pelo Estado e pela cooperação externa;
- Nas negociações com agências de cooperação externa para buscar sua disposição de investir nesse fundo, ou ajudar na busca de doadores para ele, ele foi bem recebido nesse ambiente devido ao fator de sustentabilidade ao longo do tempo;
- O Estado, por meio de seu Ministério da Fazenda, recebeu positivamente a iniciativa da GNPD para a implementação do fundo;
- Uma das principais barreiras que precisou ser superada foi a instabilidade política. No entanto, conforme explicado no bloco de construção anterior, a natureza técnica desse projeto superou a política.
Impactos
O aumento no valor das licenças de operação de turismo permite que a GNPD (Direção do Parque Nacional de Galápagos) tenha maior autonomia financeira e, portanto, maior capacidade operacional.
No entanto, essa fonte de recursos, quando investida em um fundo fiduciário, reduz a dependência do Estado e da cooperação externa e garante estabilidade financeira para os programas de controle e vigilância da GMR (Reserva Marinha de Galápagos), permitindo assim a sustentabilidade em longo prazo e a possibilidade de expansão da GMR em um futuro próximo.
Atualmente, com os fundos arrecadados das patentes de operação turística, está sendo desenvolvido um plano para a prevenção, conservação e preservação da RMG, com o tema transversal de Participação Social, Comunicação e Educação Ambiental, que inclui os seguintes programas:
Manter e fortalecer o programa de controle e vigilância do GMR para proteger o patrimônio marinho;
Garantir a conservação da RMG e sua integridade ecológica, por meio de monitoramento e pesquisa para o uso racional de seus bens e serviços ambientais;
Contribuir para o desenvolvimento e a implementação do Plano de Emergência do GMR;
Integrar as atividades de mudança climática no GMR.
Beneficiários
Os usuários dos serviços ambientais da reserva marinha (população local, setor pesqueiro, turismo, cientistas, entre outros).
Diferentes ecossistemas do arquipélago (flora e fauna endêmicas e nativas).
Gerações presentes e futuras.
Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
História
A Direção do Parque Nacional de Galápagos (GNPD), que é o órgão que governa a política ambiental nas ilhas e, ao mesmo tempo, uma instituição pública, decidiu criar esse fundo porque esteve em crise financeira várias vezes devido à falta de orçamento para atender às necessidades da Reserva Marinha.
Essas necessidades são especialmente graves quando ocorrem problemas ou acidentes inesperados, como o naufrágio de navios. Os casos mais notórios foram o naufrágio do Jessica, em 2001, que derramou 150.000 galões de combustível; e o naufrágio do Galapaface, em 2015, que causou despesas superiores a US$ 10 milhões em cada caso e um impacto ambiental significativo nos ecossistemas marinhos, bem como na economia local. Outro problema é a invasão de navios pesqueiros, como foi o caso do FU YUAN YU LENG 999, um navio de bandeira chinesa, que tinha mais de 600 toneladas de tubarões e outras espécies classificadas na lista vermelha de espécies ameaçadas da IUCN.
Para ambos os casos, esse fundo fiduciário mitigará, em grande parte, as despesas que o GNPS teria de cobrir caso isso acontecesse novamente e ajudará a preservar e conservar o valor único e excepcional que a reserva marinha possui, reconhecido pela UNESCO.
Outra das premissas que motivaram a criação desse fundo foi o fato de Galápagos, há cerca de 8 anos, estar recebendo financiamento de um doador para as necessidades não cobertas pelo Estado. Esse doador contribuirá até 2019 e não contribuirá mais para Galápagos. Isso ocorre porque seu campo de cooperação mudará sua missão para outra parte do mundo, deixando vários processos em andamento, mas sem a sustentabilidade financeira para mantê-los ao longo do tempo. Esse é o caso dos sistemas de vigilância VMS e AIS, que são sistemas de monitoramento por rádio e satélite que permitem o monitoramento e a vigilância de atividades ilegais, como a caça ilegal, o tráfico de espécies exóticas, entre outras.
Outra das prioridades desse fundo será o monitoramento da fauna, dos sistemas ecológicos e oceanográficos e a pesquisa de recursos extrativistas, bem como o fortalecimento do sistema produtivo pesqueiro e a melhoria e promoção de projetos de qualidade da água. Além disso, o objetivo é proteger a saúde e a vida de nossos guarda-parques mergulhadores, já que, no momento, eles são uma instituição pública sem seguro de saúde e de vida.