Desenvolvimento de uma política-quadro pioneira em agroecologia
A Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica (PNAPO) é uma política pública nacional pioneira em agroecologia no Brasil. Ela foi promulgada por meio de um processo participativo, no qual a sociedade civil desempenhou um papel fundamental e de liderança na promoção da agenda e na garantia de que algumas demandas relevantes fossem efetivamente incluídas no texto final da política.
Em 20 de agosto de 2012, a PNAPO foi adotada pela Presidente Dilma Rousseff, por meio do Decreto Federal nº 7.794. É relevante ressaltar que, no âmbito do Conselho Técnico de Orgânicos (CT-ORG), houve no início da década de 2010 uma proposta de criação de uma política nacional de agricultura orgânica. No entanto, com a decisão do Presidente de estabelecer uma política sobre agroecologia, ambas as questões foram incorporadas na mesma agenda.
Durante o processo de promulgação da política, os espaços mais relevantes para o diálogo entre o governo e a sociedade civil foram os cinco Seminários Regionais (de fevereiro a abril de 2012) e o Seminário Nacional (maio de 2012) intitulado "Por uma Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica", organizado conjuntamente pela ANA e pela ABA com o apoio do Ministério do Meio Ambiente (MMA).
Como resultado, a sociedade civil (agricultores, organizações da sociedade civil etc.) foi se articulando cada vez mais ao longo dos anos, graças aos Encontros Nacionais e ao Congresso Brasileiro de Agroecologia, e, finalmente, a ANA formulou o documento "Propostas da Articulação Nacional de Agroecologia para a Política Nacional de Agroecologia e Produção Orgânica".
Em 2012, o Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (CONSEA)* encaminhou à Presidência da República a Exposição de Motivos nº 005-2012, apoiando a aprovação e a efetiva implementação da PNAPO. Diante de tudo isso, em maio de 2012, a reunião "Diálogos entre Governo e Sociedade Civil" foi realizada pelo Governo Federal para envolver a sociedade civil na elaboração da última versão do texto da PNAPO. É importante ressaltar que nem todas as prioridades e demandas da sociedade civil foram de fato incorporadas ao texto definitivo do Decreto nº 7.794. No entanto, a PNAPO ainda representou um marco nas políticas brasileiras de desenvolvimento rural e uma conquista dos movimentos sociais agroecológicos brasileiros. Em suma, a PNAPO estabeleceu, em nível nacional, um conjunto de disposições e diretrizes relativas à promoção da agroecologia, delineando um caminho jurídico e político para a promoção de sistemas de produção de alimentos mais sustentáveis, socialmente inclusivos e ambientalmente corretos no país.
* Infelizmente, o novo governo aboliu o CONSEA no início de 2019